terça-feira, 14 de julho de 2015

Aquela segunda vez em que eu retornei...

Vou contar uma história frustrante. Existia uma menina que não sabia o que fazer da vida, prestou biologia mas já sabia que não queria, depois de um ano prestou arquitetura e descobriu depois de um tempo que também não queria, então ela se descobriu em estudos literários, curso maravilhoso. Mas na primeira festa em que vai, no novo curso, ela conhece um veterano da primeira turma formada que lhe pergunta: "Ganhar mil reais por mês tá bom pra você?". Bem, não tá não. Durante o curso, ela tentou encontrar um estágio na área que ela queria trabalhar, editoração de texto, mas nada, o mercado de trabalho estava em outra cidade. Formada ela também não conseguiu trabalhar. Ela precisa de dinheiro, então eis uma opção, prestar concursos públicos, entrar em um ter, ter dinheiro e continuar a vida acadêmica, ou só ter dinheiro e tempo para fazer o que gosta. E sinceramente ela gosta de estudar, estudar para concursos públicos pra ela é fácil, tem a disciplina necessária. Mas então vem a tragédia: um dia antes do próximo concurso público, aquele para o qual ela mais estudou na vida, no sábado, já quase domingo, o gatinho novo que sua mãe arranjou, derruba uma garrafa de água em cima de seu computador. É, ele pifou... Não basta pifar, a segunda fase do concurso é prova de digitação e o computador continua com o técnico depois de dois meses... E aqui está ela escrevendo em um computador emprestado!
E sinceramente, eu to tão tensa com esses estudos que talvez não me lembre de todos os livros que eu li durante esses meses.

O primeiro é claro foi Convergente, o último da saga. Eu não gostei, talvez eu tenha achado péssimo. Quero dizer, o primeiro foi bom, deixando só no ar que talvez eles estivessem trancados e não trancando algo para fora. No segundo eles revelam que de fato eles estão presos e fazem parte de uma experiência pós uma guerra causada por modificações genéticas. No terceiro, eles vão para o mundo de fora que também está um caos, e eles tem que salvar a sua cidade de ter sua memória apagada. Mas, ficou meio tosco, vem a explicação para divergente, e na verdade divergente é curado... CHATO. A Tris e o Três só brigam.. Mas o pior de tudo é que o livro foi dividido, ele é narrado cada hora por um deles, e às vezes o Três é feminino demais... Eu não gostei e pronto.

Depois eu comprei o primeiro volume das Obras Completas de Adolfo Bioy Casares. Com livros como A invenção de Morel, Plano de fuga e outros de contos, todos fantásticos para minha alegria e diversão. Terminei o último conto hoje! Lindo! Maravilhoso! Comprem!!!!!

Li também todos os grandes livros da Jane Austen, em ordem cronológica de publicação. Começando por Razão e Sensibilidade, livro que ganhou muito no meu conceito desde a primeira leitura, a questão que me incomoda nele é que a narração é diferente dos demais, ainda que muito próxima, acho que é meio que o ponto de vista, como se os personagens só fossem retratados por um único ângulo, enquanto nos outros livros eles são muito mais complexos, mas ainda assim dessa vez eu gostei. Depois veio o mais que venerado Orgulho e Preconceito e acho que não preciso dizer nada, o que dava já foi dito antes. Seguido de Mansfield Park que sempre foi um livro do qual eu gostei muito mas sempre reescreveria o final. Acho que a questão é de contexto histórico: Fanny Price não pode aceitar Henry Crawford porque ele já namorara outras, mesmo dando diversas provas de que estava sinceramente apaixonado por ela e disposto a fazer tudo por sua felicidade, e também porque estava apaixonada pelo primo (eca!). Esse livro é muito bom, mas se eu fosse a Fanny as coisas seriam muito diferentes! O próximo foi Northanger Abbey que continua sendo tão diferente dos outros que fica difícil  expressar minha opinião. Ainda é uma jovem de origem humilde que se apaixona por um homem, mas antes de ser feliz para sempre recebe a proposta de casamento de outro homem, mas dessa vez não há uma descrição do processo de se apaixonar, ele foca muito mais nas fantasias da heroína, do que no amor, ao ponto de ao chegar no final eu não ter muita certeza se ele a amava ou não. E por fim, o delicioso Persuasão, um livro que vale só pelo ápice do penúltimo capítulo, mas que ainda assim é muito bom na narrativa do cotidiano de jovens e seus amores.

Li também Cidades de Papel do John Green, eu vi o trailer do filme e descobri que a mocinha tem o mesmo nome que o meu gato, ai eu resolvi ler, e também porque minha amiga estava lendo outro livro dele e eu baixei alguns... Eu não gostei do livro. A culpa é das estrelas é muito pior com um tema muito mais clichê. A ideia desse livro é muito boa, mais profunda, sobre quem nós somos, e quem as pessoas pensam que somos, e como nós vemos as pessoas... mas o livro decepciona!

Eu terminei de ler também o muito tenso Precisamos falar sobre Kevin, o que eu mais gostei desse livro é que ele foi muito bem estruturado, em cartas, nas quais a mãe de um adolescente que fez um massacre na sua escola, conversa com seu marido (você logo sabe que eles não estão mais juntos), lembrando desde o início, do seu nascimento, das aversões que ela tinha pelo bebê, enquanto o pai só via as coisas boas... é um livro tenso, e não pelo massacre, mas pela forma fria como a mãe vê e relata tudo. Só me incomodei com o final. Você seria capaz de perdoar seu filho?

Bem, que eu me lembre foi isso...de qualquer forma se alguém tiver dúvida em direito constitucional é só perguntar....

terça-feira, 14 de abril de 2015

Insurgente - Veronica Roth

É incrível o quão rápido é possível ler esse tipo de livro. Eu sinto que estou estudando até a exaustão esses dias, e ainda consigo ler um livro em uma semana. Insurgente já não traz a novidade de Divergente, assim o começo do livro vira uma tentativa frustrada da autora em conseguir trazer profundidade para sua personagem principal, mas a verdade é que seu livro narrado em primeira pessoa não permite isso, por mais que Tris tenha todos os motivos do mundo pra sofrer, ainda é um livro de ação. No entanto é essa ação, que eu pareço reclamar, que salva o livro. Quando as mentiras e os planos paralelos se multiplicam, e a promessa de uma revelação capaz de mudar o mundo fica no ar...


O livro começa de onde Divergente parou. Ou seja, a cidade está um caos depois que Tris e Tobias conseguiram desativar a simulação da Erudição. Parte da sua antiga facção tornou-se traidora e se aliou à Erudição e o resto se refugiou na Franqueza, enquanto Tris, Tobias e alguns membros sobreviventes da Abnegação estão na Amizade.
No entanto, esse último grupo precisa fugir, e na sua fuga eles encontram os sem facção. Que não são tão pobres coitados assim, na verdade eles estão muito bem organizados, e pretendem destruir a Erudição e todo o seu conhecimento, mas para isso eles precisarão da ajuda da Audácia. Ai as intrigas começam, Tris acredita em Marcus, o pai odiado de Tobias, e por isso não acredita que a solução seja destruir a Erudição, pois eles possuem uma informação valiosa, pela qual os pais de Tris estavam dispostos a morrer. Já Tobias parece acreditar e gostar de um mundo sem facções, que a sua mãe, Evelyn, lhe propõe, caso ele consiga um aliança entre a Audácia e os sem-facção. E além disso, os dois ficam guardando seus segredos, enquanto Tris sofre pela morte dos pais e a culpa por ter matado seu melhor amigo...
Enquanto isso a Erudição não está parada, e para tentar conseguir o controle sobre os divergentes, sua chefe, Jeanine, consegue fazer com que Tris se voluntarie a ir em direção a própria morte, momento adequado para que essa descubra que não é isso que ela quer.. Uma fuga inesperada, uma traição e a verdade revelada...

Pra ser sincera o livro vale mais pela verdade, uma dúvida que já dava para ter desde o primeiro livro e que enfim é explicada, não muito bem. Não sei se eu estou lendo muito rápido ou se realmente há muitos erros de nexo no livro, partes mal explicadas, esquecidas... além dos erros de revisão... De qualquer forma não esperem muito do terceiro e último livro, logo na sinopse do livro eu já quis desistir. Mas, agora só falta um, e seu consegui ler toda a saga Crepúsculo, eu termino essa.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Divergente - Veronica Roth

Eu estava aqui pensando o que me faz gostar tanto assim de livros de aventura. Por que chamá-los de aventura? Talvez distopia seja melhor, nesse caso, utopia, em outros... a questão é que esses livros de aventura são fugas da realidade. Podem ser mundos completamente diferentes do nosso, ou então versões dele, em que a sociedade da terra já não vive mais como nós. O mais famoso de todos 1984 de George Orwell, e é considerado um livro ótimo (de fato o é), sério e digno de estudos. Mas a trilogia Divergente ainda não o é. Por enquanto, é mais um livro de uma jovem vulnerável que encontra da sua força para salvar sua vida e se apaixona no meio do caminho, qualquer semelhança com Jogos Vorazes e de uma forma indireta com Crepúsculo e outros tantos em que a mocinha já não é tão frágil e espera pelo beijo do príncipe encantado, como era costume na minha infância.
E eu descobri o que eu gosto tanto neles, se eu mesma tenho completa consciência de sua bobagem, por falta de palavra melhor. Eu gosto da descrição da flerte, não o flerte em si, mas aquele momento antes do primeiro beijo, a tensão. Essas autoras são muito boas em fazer isso. Depois que eles já estão apaixonados eu assumo que perco um pouco a ânsia de ler, mas ai já estou envolvida pela história, e preciso saber o final.


Divergente conta a história de Tris, uma menina de 16 anos que vive em uma Chicago completamente diferente da atual, tanto fisicamente quanto na sua estrutura social. Não há grande explicação quanto ao que aconteceu para eles chegarem nesse ponto, mas aparentemente, foram guerras. Assim a população sobrevivente se dividiu segundo suas crenças no que era necessário para manter a paz. Com isso, surgiram 5 facções Abnegação (acredita no altruísmo), Audácia (acredita na coragem), Erudição (acredita na inteligência), Amizade (bem acredita na amizade e cooperação, eu acho) e a Franqueza (acredita na verdade). Eles têm lá a sua organização, se ajudam para gerir a cidade, mas seus membros não têm muito contato entre as facções, mas isso não significa que se você nasceu na Abnegação você tem que morrer lá.
Aos 16 anos os jovens de Chicago participam de um teste de aptidão em que descobrem a qual das cinco característica eles se alinham. No entanto, o resultado de Tris é Divergente, ou seja ela não é nenhum deles, ou melhor é 3 deles, e isso é um perigo para o governo, assim ela tem que esconder isso de todos. 
No dia em que ela tem que escolher a que facção ela irá pertencer pelo resto de sua vida, ela decide pela Audácia, mesmo sua família sendo da Abnegação. A iniciação na Audácia começa antes mesmo de chegar no seu complexo. Ela pula em e de um trem em movimento. Salta do topo do teto de um prédio sem saber o que tem lá embaixo, para descobrir que nem todos os iniciandos irão passar pela iniciação. Tris tem que se esforçar muito, mas pela primeira vez tem amigos, liberdade para fazer perguntas, se tatuar, comer qualquer coisa... Apesar de todas as dores ela sente que lá é o seu lugar, ainda mais quando começa a se interessar pelo seu treinador Quatro. 
No dia seguinte em que ela realmente passa a fazer parte da Audácia, em primeiro lugar. ela acorda no dormitório com todos os seus amigos agindo como sonâmbulos, ela tenta imitá-los, pois já suspeitava do que estava acontecendo. A Erudição junto com alguns chefes da Audácia. através de um soro da simulação, transformaram toda a Audácia em um exército de sonâmbulos para destruir a Abnegação e dar um golpe de Estado.
Mas, como Tris é Divergente o soro não surte efeito nela, e por isso, ela tem consciência do que está acontecendo e tem que salvar seus pais e antigos vizinhos. É claro, que Quatro também é divergente, e os dois namoradinhos precisam fazer algo. Mas são capturados. Quatro serve de cobaia para um novo soro, e levado para a sala de controle. Tris é colocada em uma caixa de vidro para morrer afogada enquanto a água sobe, um de seus maiores medos. No entanto, sua mãe aparece para salvá-la. E com algumas perdas pelo caminho ela consegue salvar Quatro, desligar a simulação e fugir para o complexo da Amizade junto com alguns sobreviventes da Abnegação...

E ai começa o segundo livro Insurgente! Vou ler e depois te conto aqui... Desse jeito vago e despreocupado, para que ninguém aqui fique sabendo antes de tudo, este é um daqueles livros tipo Dan Brown que não dá muito para parar de ler, você quer saber logo o que acontece...


terça-feira, 31 de março de 2015

Anna Karenina - Tolstoi

São poucas as pessoas que gostam de ler e que gostam das versões cinematográficas que fazem dos filmes. Eu não me distou delas. Mas tem uma coisa nos roteiros adaptados que me encanta. Você pode assistir a um filme novo sem nada saber sobre ele, e então lá está nos créditos iniciais: baseado no romance de... Eu assisti um ontem assim. Mas o caso com Anna Karenina é que todo mundo sabe que é um livro russo sobre uma dama da alta sociedade que se apaixona e foge do seu casamento deixando tudo para trás. É um clássico, e por mais que não se conheça os pormenores, todos sabemos que é um livro. Dificilmente eu aceitaria ver o filme antes do livro sabendo da existência deste. Não pelo motivo que me surgiu esses dias, não é porque eu perderia o interesse em ler um livro cujo final eu já soubesse. O que eu amo mesmo é a forma que o autor encontra para nos narrar a sua história, as palavras, os pontos de vista. Uma imagem pode falar mais do que mil palavras, mas não faz lá muita diferença o ângulo de enquadramento do filme, enquanto a história é completamente outra se vista pela Anna ou por Vronski, e o que é mais belo. Tolstoi nos dá todos. O livro é imenso para que não nos falte nada!
Mas... voltando. Filme! Eu assisti, meses, muitos meses atrás, o filme da Sofia Coppola. Quando eu desliguei a TV eu liguei o tablet e comecei a ler. Todo mundo sabe que os filmes são incompletos e eu precisava mais daquele livro. No entanto, em um ponto Coppola foi genial, no baile, bem no início. A leitura foi outra com aquela imagem na minha cabeça, com tudo a rodopiar, com os olhos sempre fixos no mesmo ponto, em Anna e Vronski.


Acho, sinceramente, um desperdício de tempo tentar contar a história desse livro, todos os seus pormenores. O que vale fazer é tentar descrever as relações de seus personagens, deixando o principal para a leitura, que é os sentimentos e pensamentos desses personagens, que sempre tentam encontrar o sentido da vida.
Assim, o livro conta a história de Anna Karenina casada com Alexei Karenine, o casal tem um filho Sérgio. O casamento apesar de não ter exatamente amor ou paixão, passou muito tempo bem, pois apesar da diferença de idade entre eles, havia uma certa ternura, enquanto que Anna satisfazia o seu amor através de seu filho. Mas tudo isso muda, quando Anna resolve visitar a cunhada Dolly, a pedido do irmão, uma figura moscovita, muito conhecido pelo seu bom humor e educação, mas um homem que vive em dívidas e que traí a mulher.
Anna ao chegar na estação de trem em Moscou conhece Vronski um jovem conde. Disso podia nada acontecer. Mas Dolly tinha uma irmã Kitty, muito jovem e muito bonita e que estava realmente apaixonada por Vronsky. Ela acreditava que a qualquer momento ele a pediria em casamento, tanto até que recusou o pedido de casamento de Levine, homem que ela conhecia fazia muito tempo, e que se não fosse por Vronski realmente lhe pareceria um bom partido, pois lhe queria bem.
O mundo de Kitty desmorona, quando ela fica sabendo que Vronski partiu para San Petersburgo, deixando-a sozinha. E tudo piora quando ela descobre que ele e Anna tem um caso. Kitty fica doente, passa um tempo no exterior, e quando volta decide aceitar Levine. Estes se casam e vivem felizes.
Já com Anna as coisas são muito diferentes. De início ela tenta resistir a Vronski, mas a verdade é que ela nunca conhecera a paixão, nunca imaginara que pudesse haver uma vida diferente com outros sentimentos, e aos poucos se apaixona loucamente por Vronski. Um dia resolve contar tudo a Karenine. Este primeiro ignora o fato, depois procura perdoá-la. Mas no fim, Anna é que não aceita mais viver com aquele homem e foge com Vronski. De início eles decidem viver no exterior, mas acabam voltando para Rússia, onde a situação de Anna é lastimável, pois ela já não é mais aceita na sociedade, não estando divorciada e vivendo com Vronski, ela é vista com maus olhos por quase todos. Assim, pouco a pouco seu amor se transforma. Vronski ainda tem sua liberdade, ainda é aceito nos lugares, passando várias horas do dia fora, enquanto Anna fica em casa, cada vez mais ciumenta.
Os dois passam a brigar cada vez com mais frequência, Anna passa acreditar que ele tem outras mulheres, e que ele vai abandoná-la para se casar com outra. Então o que seria dela? Aos poucos Anna meio que enlouquece, e ela só vê uma forma de não estar com ele, e ainda vingar-se de modo que ele se arrependeria para sempre.

Muito mal resumido. Falta um monte de coisa. Um monte de personagens. As quinze variações com que cada um é chamado no decorrer do livro. Mas vamos lá, não é possível um bom resumo de um livro de mais de 800 páginas. Se Tolstoi julgou necessário escrever tanto é porque não havia forma de escrever menos.
Eu gostei muito do livro, como já disse um milhão de vezes há um motivo para os clássicos serem clássicos e terem se mantido famosos durante gerações. Minha única reclamação é que eu li em uma versão digitalizada, de alguma edição muito antiga, assim além de alguns erros, um livro tão grande em um meio eletrônico, acabei demorando demais para ler, e Anna do começo não se relaciona tanto com a Anna do final. Mas o Levine é chato o tempo todo. Não a parte dele, mas ele. Preocupa-se demais com as questões morais e filosóficas, acha o tempo todo que está incomodando... sei lá, não seria amiga dele. 

sábado, 28 de março de 2015

A má hora (o veneno da madrugada) - Gabriel García Márquez

Eis um livro que eu não consigo achar explicação. Um dia decidi arrumar meus livros e papéis do colégio (faz muito tempo isso) e achei esse livro lá. Peguei e coloquei na pilha de livros para ler, assumo que só pelo autor, não me lembrava do livro.
Abri o livro um dia desses e lá estava meu nome e a 7°D. Na capa tem uns adesivos de ratinhos super agasalhados, bem pequenininhos e brilhantes, eu lembro de amá-los, considerá-los os mais lindos de todos. Dentro do livro não tem uma única anotação, nem mesmo de palavras que ainda hoje eu tenho que olhar no dicionário, não tinha uma folha amassada, e os desenhos internos, bem um tanto indecentes para adolescentes da minha época, além dos palavrões no texto. Tenho certeza que se eu tivesse lido o livro eu me lembraria deles.
Mas ai é que me falta a explicação. Como eu, leitora compulsiva, aluna exemplar, não li um livro no ensino fundamental? Prometo que minha memória é incrivelmente boa para livros. Os pais proibiram o livro? Sério, eu considero essa uma das opções. Minha escola era cheia de frescuras.


O melhor do livro é o seu estilo. Eu ainda não tenho certeza do que aconteceu, mas acredito que essa era a intenção do autor. Criar um clima de suspeita, de incerteza e de insegurança.
O livro começa com a descrição dos primeiros movimentos de habitantes de uma pequena aldeia. Na noite anterior alguém fizera uma serenata, esse era o comentário geral. Então um homem após sair de casa pronto para passar dias fora, encontra um papel em sua porta. O lê. O rasga. Pega sua arma e mata o homem que fizera a serenata. Depois descobre-se que o pasquim, mais um de muitos que atormentavam a aldeia, dizia que a mulher desse homem tinha um caso com o homem da serenata.
Depois disso, o livro continua a narrativa descontinua do que se passa na aldeia. Vislumbres dos seus habitantes, suas famílias e seus medos. O país, dizia-se que fazia pouco tempo saíra de uma situação política muito tensa onde as pessoas eram mortas por suas crenças, e o governo imposto à força. No entanto, aparentemente as coisas não tinham mudado tanto.
E as coisas na aldeia vão de mal a pior. A viúva Montiel enlouquece, o alcaide impõe sua vontade com a força e com isso enriquece, o barbeiro vive com medo de morrer, o juiz Arcadio foge da cidade deixando sua mulher grávida... aos poucos a cidade vai ficando abandonada e os que ficam estão apreensivos.

Não ficou um bom resumo, mas eu acho que isso é por causa da narrativa. O lugar pode ser uma aldeia qualquer. A situação política não é explicada. São muitos personagens, nenhum é aprofundado, mas todos são complicados e têm seus papéis na aldeia e na história. Nenhum pasquim é transcrito. Nenhum autor é de fato encontrado. Alguns mistérios continuam mistérios. Só lendo para se envolver com a trama e conformar-se com o final.

quinta-feira, 19 de março de 2015

A consciência de Zeno - Italo Svevo

Eu não sei em que momento da minha graduação me recomendaram esse livro, não me lembro o professor ou o motivo. Só sei que este livro esteve durante muito tempo na minha lista de livros para ler antes de morrer. Estava lá sem eu nada saber dele, não sabia quem era Italo Svevo, sabia que era italiano... Um dia eu fui na livraria e lá estava ele em versão de bolso (adoro versão de bolso!), comprei, junto com a Ilíada, e ficou na prateleira, e ficou... comecei a ler, ai vieram os livros da Diana Wynne Jones, e ele ficou lá me esperando com seus capítulos enormes. Praticamente o último da pilha dos não lidos em papel, falta tipo uns 5...
É! É isso mesmo eu o reneguei! E ainda agora, depois de ter terminado de ler eu não sei!


O livro é a narração das memórias de Zeno, um senhor (apesar de eu duvidar que eles esteja assim tão velho, o tempo é uma questão muito confusa nesse livro, às vezes em meio a uma narração eu acreditava terem se passado dias, mas ainda era só a hora do almoço, literalmente!) que tem algo que poderia ser chamado de doença, ou melhor ele acredita que tem uma doença. A questão é que ele sempre foi fixado pela ideia de parar de fumar. Ele se lembra de fumar os charutos do pai quando criança, e continua a fumar quando adulto, com a diferença que a sensação de culpa e doença com relação ao cigarro aumentaram, e ele vive com o propósito de parar de fumar. Tenta todos os métodos possíveis, médicos variados, até que um psicanalista recomenda que ele escreva esse diário para forçá-lo a pensar sobre o seu relacionamento com o cigarro.
Assim, Zeno narra sua infância, sua relação com sua mãe que morreu cedo, seu pai com quem tinha uma relação perturbada, mas que no final da vida dele Zeno tentou se reaproximar, mas ainda assim a última tentativa do pai foi tentar lhe dar um tapa...
Narra também a história de seu casamento. Zeno herdara a fortuna de seu pai, mas não a direção dos seus negócios, assim ele tinha tempo de sobra, e em um dado momento ele resolveu passar um tempo na Bolsa de Trieste, onde conhece o senhor Malfenti, com quem trava amizade. O senhor Malfenti possui quatro filhas famosas por sua beleza. Zeno vai conhecê-las e se enamora por Ada a mais bonita, Augusta é vesga, Alberta só se interessa pelos estudos e Ana é apenas uma criança. Zeno faz de tudo para chamar a atenção de Ada, mas só consegue sua indiferença. Um dia a senhora Malfenti pede para que Zeno se comprometa com Augusta ou deixe de frequentar-lhe a casa pois comprometia a jovem. Zeno surta, incapaz de entender como suas intenções foram tão mal interpretadas. Passa um tempo distante da família, e quando volta, decidido a se declarar se depara com Guido um jovem, bonito e desenvolto rapaz por quem Ada deixa claro seu afeto. Ainda assim, Zeno se declara, recebe um não. Então vai lá e se declara para Alberta que, de forma mais agradável, também lhe recusa a proposta, só então pede Augusta em casamento deixando claro que ela é a sua terceira opção e que por ela não tem amor. E Augusta aceita.
Casado Zeno acaba por amar sua mulher, tem dois filhos, inúmeras amantes, é enganado pelo sogro, sofre de sua doença, e tenta se convencer, e convencer a nós que ele superou Ada e até se tornou amigo de Guido, mesmo depois de ter a clara intenção de matá-lo. Guido é um péssimo marido e péssimo comerciante, assim Zeno que também não é nada bom passa pelo melhor marido do mundo, ainda que sempre esperando pela chance de ter algo com Ada.

O último capítulo é o melhor! Ele assume que boa parte do que foi dito anteriormente pode ser mentira pois sendo ele de Trieste sabia muito bem falar Italiano, mas escrever já era outra coisa, já que lá eles usavam muito mais o dialeto local. Assim, ele usava apenas as palavras que conhecia e não as corretas.
E a melhor parte e a narração de sua experiência com a guerra. O seu primeiro contato com ela. Zeno e sua família está passando uns dias no campo, e ele resolve sair bem sedo, sem tomar café, para dar uma volta. E quando está retornando ele vê uma tropa de soldados passando, mais adiante ele tem seu caminho barrado, ele é impossibilitado de ir para casa, e forçado a voltar para Trieste sem saber da sua família. Passa por um tempo sem saber deles, mas depois descobre que estão todos bem. Então ele escreve ao médico dizendo que enfim está curado, e não por causa da psicanálise, mas porque ele acreditava estar vivendo a sua vida, aquilo para que ele havia nascido, até então era apenas um prelúdio.

As páginas finais ele descreve o fim da humanidade causado por ela própria, com uma bomba potentíssima... isso tudo muito antes da criação da bomba atômica. Interessante.

Ainda não sei, como já disse, o que achei desse livro, é bom, é bem escrito, algumas partes prendem a atenção, mas acho que eu fiquei confuso, tudo é tão visivelmente mentira. Ele insiste que é amigo de Guido e que superou Ada mas nada faz com que acreditemos nisso, o mesmo é válido por seu amor por Augusta, ele apenas segue as regras dela, satisfaz suas vontades... Mas talvez fosse essa a intenção do autor. Ou então um resultado da sua doença. Sei lá.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A Casa dos muitos Caminhos - Diana Wynne Jones

E eis nossa despedida, pelo menos por um tempo, da Diana. Não sei se em resumos de seus livros eu consegui passar toda a riqueza e exuberância do seu trabalho. Livros ditos infantis, com um conteúdo muito complexo e interessante. Livros para crianças curiosas. Eu e minha síndrome de Peter Pan (eu sei que eu não tenho...) a amamos. E é triste voltar agora para os clássicos, muito mais sérios e densos. Mas também muito amados.

(Vai, olha bem pra essa capa e me diz que não é muito auto controle conseguir ler 7 livros para poder começar esse daqui. Esse livro gritou pelo meu nome desde o dia em que chegou em casa!)

O livro conta a história de Charmain Baker uma menina superprotegida que a pedido de sua tia-avó é mandada pelos pais à casa de seu-tio avô William, o mago da Alta Norlanda que está muito doente e por isso será levado para tratamento.
Quando Charmain chega à casa, o tio-avô ainda está lá, mas não dá tempo de eles conversarem, pois logo os elfos chegam para levá-lo. Assim, Charmain encontra-se pela primeira vez na vida sozinha, em uma casa desconhecida. Só que essa casa não é uma casa qualquer, é a casa de um mago. A primeira impressão que Charmain tem é que a casa, muito suja e bagunçada, tem apenas dois cômodos, a sala de estar e a cozinha. Mas logo ela vai descobrindo como se virar por ali.
Ainda no primeiro dia ela descobre um cachorrinho na cozinha Desamparado (que depois vira Desamparada), e também uma forma de chegar ao outros cômodos, e principalmente à biblioteca (uma amante dos livros, é claro!), isso com a ajuda da voz do tio-avô que sempre lhe responde quando ela pergunta coisas acerca da casa.
Em pouco tempo Charmain tenta realizar pela primeira vez na vida um feitiço, encontra um luboque (o vilão desse livro, um ser parecido com um inseto, mas muito maior), assim como Rollo um kobold (seres azuis que trabalham muito e são azuis, pra mim os Smurfs), e também Peter, um jovem aprendiz que chega à casa sem saber que o Mago William não estará lá.
Charmain e Peter passam a morar juntos de uma maneira bem estranha, já que Charmain não sabe fazer nada, e ainda passa a maior parte do tempo fora, ajudando o rei e a princesa a catalogarem sua biblioteca, e Peter é muito desastrado e não consegue deixar passar uma chance de fazer magia, mesmo que nenhuma dê certo.
Enquanto isso, Charmain descobre que a catalogação real na verdade é uma procura pelo "dom de elfo" que ninguém sabe ao certo o que é, mas que deveria proteger o reino e a família real. O que não está ocorrendo, pois não há mais dinheiro, e o que é arrecadado some. Além disso a princesa já está muito velha, não tem descendentes, e o herdeiro da coroa é um homem suspeito.
A princesa Hilda, também foi sequestrada pelo djim de O castelo no ar, portanto conhece a Sophie e pede ajuda dela para desvendar esse mistério...

Nesse livro a Sophie já não é tão mais a Sophie, continua dando broncas em Howl, mas já não tem um papel em que possa demonstrar seu jeito. Mas o Holw continua exatamente o mesmo.

O mistério é desvendado. O herdeiro suspeito é posto de lado. O legítimo herdeiro aparece e é colocado sob os cuidados reais. Charmain descobre um dom para magia, o tio-avô William volta para casa curado, e todos vivem felizes para sempre.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Castelo no Ar - Diana Wynne Jones

Gostaria de começar dizendo que continuam todos bem, Sophie continua acreditando que seu destino é fracassar por ser a mais velha de três irmãs, Howl continua o mesmo fanfarrão escorregadio, Calcifer o mesmo demônio que nada tem de mal... Eles estão todos lá no Castelo Animado. E se você ainda não os conhece, vá conhecer. Não só por ser um ótimo livro, mas porque o Castelo no Ar é uma continuação dele. Não exatamente uma continuação. Mas trata-se do mesmo castelo, alguns personagens retornam. E dessa vez Diana manteve tudo direito, talvez feliz de mais. Mesmo assim Sophie continua agindo instintivamente e Howl continua não sendo nada confiável...
Castelo no Ar foi um livro que eu li o primeiro capítulo, logo após de O castelo animado, uma péssima ideia, não tente ler um livro do mesmo tipo logo depois que você leu AQUELE livro. De qualquer forma, comecei a ler e passei quase um ano sem sair do primeiro capítulo, mas o terceiro e último livro dessa coleção chegou e ele era tão bonito que eu resolvi ler Castelo no ar de novo logo após O livro, só que dessa vez com uma meta, e não é que o livro é bom! Acabei perdendo a noção do tempo com o único intuito de chegar no fim e desvendar alguns mistérios.


O livro conta a história de Abdullah um jovem mercador de tapetes de um país bem ao sul de Ingary (país em que se passam as aventuras de O castelo animado) que muito insatisfeito com sua vida desde muito novo começa a sonhar com uma vida muito diferente, com o passar do ano mais detalhada. Em seu sonho ele era um jovem príncipe raptado de seu reino por um terrível bandido que o entregou para seu pai, mas ele tem que voltar para casa pois está noivo da mais linda de todas as princesas. E um dia seus sonhos começam a virar realidade.
Estava Abdullah em sua tenda quando um homem aparece querendo lhe vender um tapete mágico. Ainda que desconfiado Abdullah não resiste e gasta grande parte de suas economias para comprá-lo. Nessa noite, para garantir que o tapete não voltaria para seu dono, Abdullah dorme sobre o tapete, e acorda em um jardim maravilhoso, exatamente como aquele que imaginara. E lá está sua princesa, Flor da Noite, ainda mais bela do que sua imaginação conseguira criar. Ela o confunde com uma mulher, isso porque o único homem que ela já vira fora seu pai. Por quê? Porque quando ela nasceu foi feita uma profecia de que o primeiro homem que ela visse, além de seu pai, é claro, seria o homem com quem ela se casaria. Seu pai, ansioso por aumentar seu poder, pretendia casá-la com o príncipe de Ingary. E Abdullah surgiu para estragar tudo.
Mas mesmo antes que os dois conseguissem fugir para se casarem Flor da Noite é raptada por um djim (eu não entendi muito bem o que ele é, mas é um ser mágico muito poderoso, parecido com uma ave, existem bons e maus djins). A princesa desaparece, Abdullah se desespera, e o pai manda prender e matar o culpado, que só pode ser Abdullah. Isso só não acontece pois ele consegue ajuda de seu tapete mágico que o leva pelo deserto para o norte. No caminho, ele encontra ninguém mais ninguém menos que o seu raptor (o raptor sonhado, ele nunca foi raptado, é filho de seu pai mesmo!), um temível ladrão que acaba de encontrar um gênio em uma lampada. Abdullah dá um jeito de roubar o gênio e fugir, sem o tapete, essa era a vez do ladrão dormir sobre ele.
Abdullah então pede ao gênio que mostre alguém para ajudá-lo a salvar sua princesa. Ele indica um velho soldado de caráter dúbio, com quem ele viaja por Ingary atrás de um mago que possa ajudá-los, metem-se em mil encrencas, na maior parte por causa do gênio que prometeu que todo desejo cumprido causaria um dano, e também pela paixão do soldado por dois gatos (mãe e filhote) encontrados pelo caminho.
Nessa andança eles pedem ao gênio que traga o tapete de volta. Ele traz, e junto vem o ladrão, que na verdade era o djim transformado, que explica que seu irmão o estava forçando a sequestrar todas as princesas do mundo para se casar com elas, que o único jeito de salvá-las era fazer com que o irmão dele perdesse o seu domínio sobre o djim raptor, que na verdade tem um coração bom, por mais que ele assuma que está se divertindo transformando os sonhos de Abdullah em realidade (tá tirando uma com a cara dele!). É aqui que ficamos sabendo que o castelo animado foi roubado e levado para o céu para guardar as princesas.
Não dá para parar de ler. Onde estão Sophie, Howl e Calcifer? Quem dos personagens que nos foram apresentados pode ser cada um?
Eles finalmente chegam a Kingsbury e vão falar com um dos magos reais, Ben Sulliman que se casou com Lettie, irmã de Sophie, que está grávida... Acho que já está bom de narrar a história, vai perder toda a graça, mas o caso é que Abdullah e Sophie conseguem chegar ao Castelo viajando no tapete, e lá junto com as princesas tramam um modo se salvarem. E todos vivem felizes para sempre.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Mil Mágicas - Diana Wynne Jones

Me corrigi muito cedo quanto a impossibilidade de Diana escrever um livro ruim. Mil Mágicas está entre os dois livros que eu me dei de aniversário e me enfiaram nessa leitura frenética dos oito livros dela publicados no Brasil. E esse me deixou confusa.
São quatro contos (um livro fininho), o primeiro só tem uma leve referência ao Crestomanci, nos outros 3 Crestomanci aparece de carne osso, muito elegante em suas roupas bizarras, no entanto nos dois do meio ao tentar nos colocar de novo em contato com personagens antigos ela faz uma bagunça, esquecendo de Angélica Petrocchi e se confundindo quanto a qualidade do inglês de Tonino Montana, que primeiro quase inveja em Gato, e depois deixa a personagem principal do terceiro conto confusa, de tanto sotaque que tem.
Acredito que ela teria sido muito mais bem sucedida se tivesse se empenhado e escrito 4 lindos livros. Pois a história de pelo menos 3 são muito muito boas mesmo


O primeiro conto Um feiticeiro ao volante, conta a história do Feiticeiro Feliz que teve sua magia retirada por Crestomanci por não ser um bom bruxo, então para se virar ele resolve cometer roubos, mas quando ele vai roubar um carro ele é visto pela polícia e se mete numa encrenca, para se livrar recorre a outro feiticeiro que o envia para um outro mundo onde ele voltaria a possuir sua mágica. Chegando lá, depois de conferir seus poderes, ele decide fazer um roubo ainda maior, e tenta assaltar um banco, mas também este dá errado, na fuga ele entra em um carro, que depois ele descobre estar ocupado por uma menininha mandona e um cachorro enorme e esperto. Por causa desses dois o Feiticeiro Feliz passa por maus bocados, tentando se livrar dos dois. No momento em que a polícia os encontra o Feiticeiro Feliz está pronto para se entregar, quando o pai da menina o informa de que ele é um agente de Crestomanci que estava ali para ajudá-lo desde o começo, e que ele tem duas opções, ir para a cadeia ou ficar e cuidar de sua filha e de seu cachorro. O Feiticeiro Feliz não tem tempo  de dizer que prefere a cadeia e a menininha escolhe por ele...
O segundo é o Ladrão de Almas, história em que Diana resolve juntar todo mundo. Quando Tonino chega ao castelo de Crestomanci, Gato não consegue gostar dele, mas é obrigado a viajar com ele até a casa de Gabriel de Witt que está muito doente mas quer antes conhecer Tonino e seu poder diferente. Na volta os dois são sequestrados por um bruxo que vivera cerca de dois séculos atrás. Então eles voltam no tempo, perdem a memória e precisam se unir para conseguir fugir das garras desse vilão que durante séculos se manteve vivo para recolher a alma de Crestomancis mortos e assim ser o mago mais poderoso do mundo, com 10 almas...
O terceiro, e mais chatinho, é o Centésimo sonho de Carol Oiner, Carol é uma menininha que consegue controlar seus sonhos e é muito famosa por ter feito 99 sonhos e vendido todos eles, para que outras pessoas pudessem ter seus sonhos animados também, e quando ela deveria ter feito o seu centésimo sonho nada aconteceu. Sua mãe a levou para vários médicos e nenhum resolveu o problema, então seu pai, antigo amigo de escola de Crestomanci, resolve levá-la a ele. Lá ele consegue descobrir segredos dos sonhos de Carol, até chegar ao ponto os personagens dos sonhos estavam de greve por causa das condições de trabalho... bem ruinzinho!
O último é o Filósofo de Theare, conto que se passa em um outro mundo, a impressão que dá é que é de um mundo muito primitivo, onde os deuses (parecem os deuses gregos) são muito organizados e controlam cada movimento da humanidade. No entanto, essa organização está ameaçada por uma profecia que está para se realizar: o Filósofo de Dissolução nasceu! Os deuses então resolvem cuidar disso, e levam o menino para um outro mundo, para que ele quase a dissolução por lá. Quem o encontra é Crestomanci, que o leva de volta para seu mundo. O jovem pouco a pouco se desenvolve, primeiro se apaixonando pelas regras e ordens, depois descobrindo a existência do Filósofo (um pequeno erro causado pelos deuses ao levá-lo de lá), até a dúvida da existência dos deuses. Ele passa a procurar freneticamente por esse Filósofo e teria morrido se não fosse por Crestomanci, que o leva na presença dos deuses para explicar que eles não podem fugir da profecia, que isso causaria a destruição do seu mundo, que a se deixassem ele seguir dessa maneira o mundo se dividiria em dois da forma natural, coisa que os deuses vinham impedindo. Assim, o Filósofo está livre para ir pregar a Dissolução através de questionamentos quanto a existência dos deuses e sua organização. Mas como fazer isso agora que ele tem certeza da existência deles? Também o Filósofo não pode fugir da profecia... 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

A Semana dos Bruxos - Diana Wynne Jones

Primeiro eu quero me redimir, quando eu fiz um resumo rápido dos livros que eu tinha lido sem fazer um resumo aqui, A semana dos bruxos estava entre eles, e eu disse que infelizmente ele não era tão bom quanto os outros. É mentira. É bom sim. Ele foge do padrão, assim como Os magos de Caprona. Ele não foi lido por uma criança, e não seria justo compará-lo ao Castelo Animado, esse eu já coloquei no topo da lista dos melhores.


A história desse livro não se passa no mesmo mundo de Crestomanci, mas sim em um outro mundo onde a magia existe mas é totalmente proibida, existindo inquisidores e fogueiras para coibir qualquer uso da magia.
Isso explica a reação causada pelo aparecimento de um bilhete na mesa do professor Croosley, dizendo que alguém dentre os alunos da 2Y era  um bruxo. De início o professor não sabe o que fazer, contando depois para uma de suas colegas por quem ele é apaixonada. Esta por sua vez resolve contar para o vice-diretor do internato, com quem ela pretende se casar. Já ele, aparentemente dá pouca atenção para isso, dizendo que deve ser apenas uma brincadeira.
No entanto, não era. No decorrer de poucos dias várias magias são praticadas na escola: uma revoada de passarinhos invade a sala de música, o menino torna-se invisível para não apanhar dos veteranos, todos os sapatos de todos os alunos, professores e funcionários são levados para a sala de música, uma aluna dá um passeio em uma vassoura,alguém solta um feitiço de "o mestre mandou" em um colega... tudo isso poderia passar despercebido ou apenas como uma brincadeira de criança, se um dos alunos não tivesse sumido e deixado milhares de bilhetes informando que ele fora sequestrado por um bruxo.
Com isso, a polícia é chamada, e boatos correm de que um inquisidor também irá até a escola. O que é suficiente para desesperar alguns alunos que de fato são bruxos. Estes, quatro, fogem da escola, primeiro duas meninas que procuram ajuda e acabam recebendo instruções de como invocar Crestomanci, e depois dois meninos que encontram aquele primeiro (o que causou toda a confusão). Todos os cinco presenciam a aparição de Crestomanci em todo a sua glória e luxo. Ele não sabe qual mundo está nem o que fazer para ajudar aquelas crianças.
Ele leva todos invisíveis de volta à escola, onde ele se passa pelo inquisidor regional, na intenção de descobrir o motivo pelo qual aquele mundo tão cheio de magia proíbe sua existência. E depois de entrevistar todos os alunos da 2Y, ele descobre que um fato fez com que o seu mundo não se dividisse corretamente, assim existia um outro mundo igualzinho àquele, só que sem bruxaria, e a coisa certa a fazer era unir esses dois mundos, mas para isso ele precisaria da ajuda de todos.
Tudo dá certo, os mundos se unem, e no mundo atual não existe mais magia, mas as crianças estão felizes, é um lugar melhor.

Acho que o que me fez não gostar tanto na primeira leitura foi a diferença do mundo, e a repetição da história: algumas crianças se metem em uma confusão cabulosa por não contarem a verdade, mas nesse caso eles realmente não podiam fazê-lo. Além disso, Diana coloca um anti-herói. Charles Morgan um dos personagens principal não é um bom menino, não quer ajudar Crestomanci, não quer abrir mão de sua magia, que apesar de forte só é usada para fazer mal. É claro que ele se redime, mas eu preciso continuar repetindo, é um livro infantil!
E sobre o título, na semana dos bruxos a magia é mais forte o que permitiu que séculos atrás o mundo se separasse indevidamente, e que depois permitiu que eles o unissem novamente.

Os Magos de Caprona - Diana Wynne Jones

Não sei mais nem como introduzir esses livros. Quero dizer, já falei sobre a minha paixão, sobre o meu vício e a minha decisão de reler todos em ordem, já que agora eu tenho os 8 livros publicados em português.
Os magos de Caprona fazem parte da minha infância, o último deles, todos os outros foram lidos, ou serão lidos agora bem depois dos meus 20 anos. O que também confirma a minha teoria de que estes livros não são somente para crianças.


Esse livro apesar de fazer parte da série Os mundos de Crestomanci não segue a mesma linha dos outros dois. A história narrada acontece na Itália, não a Itália que conhecemos, mas uma ainda dividida em pequenos estados com seus duques. Tudo acontece na cidade de Caprona a mais mágica de todas as cidades italianas, famosa por seus produtores de feitiços, duas famílias muito tradicionais os Montana e os Petrocchi.
Essas duas famílias se odeiam (é duas famílias italianas que se odeiam, não lembra em nada Romeu e Julieta), os mais novos nem sequer sabem o motivo, apenas desprezam uns aos outros, imaginando as coisas mais bizarras e selvagens vindo uns dos outros. No entanto, eles viviam totalmente separados, isso até o momento em que elas tiveram que trabalhar juntas para reconstruir a ponte velha.
O primeiro sinal de fraqueza da cidade, que segundo a lenda era protegida pelo anjo de Caprona que descera à cidade carregando uma música que expulsou o demônio branco da cidade, restabelecendo a paz e a força. Mas não foi só a ponte que ruiu, a cidade passou a ser ameaçada de invasão por outras cidades, ficando na eminência da guerra. É ai que Crestomanci aparece para ajudar a cidade, insistindo para que eles encontrem a letra original do Anjo de Caprona, enquanto ele iria a Roma tentar ajudar (não dá para saber se é o Eric ou o Christopher, ou se ao menos é um deles).
E é isso que as famílias fazem com afinco enquanto se preparam para a guerra. Tonino. um menino da família Montana, recebe um livro, que ele acredita ser do seu tio Umberto. que conta a história de um menino que conseguiu salvar a sua cidade sem o uso da magia. Depois de ler esse livro ele some.
O seu sumiço é prontamente culpa dos Petrocchi, não havendo outra opção. Assim toda a família sai em peso de casa em direção a casa dos seus inimigos prontos para uma guerra e recuperar o seu menino. No meio do caminho eles encontram a outra família com a mesma disposição, e a batalha acontece ali mesmo, Ninguém saiu morto por causa de uma nuvem que espalhou a todos. Paolo, o irmão de Tonino, ao desfazer-se a neblina, encontra-se ao lado de uma Petrocchi, Renata, irmã de Angélica, que também tinha desaparecido após ler um livro. Ambos combinam de tentar convencer a família de que foi um outro inimigo (o demônio branco) quem os raptou, mas obviamente não obtém nenhum sucesso, já que o ódio está enraizado.
Enquanto isso, Tonino e Angélica encontram-se no Castelo do Duque, reduzidos ao tamanho de um fantoche, presos pela duquesa (o demônio branco), para garantir que as famílias não produziriam mais feitiços para salvar a cidade. Os dois, apesar de seus preconceitos unem-se para fugir e avisar suas famílias de quem é o inimigo, para isso contam com a ajuda do Duque, que apesar de um tanto bobo não é nada mau. O plano inicial dá errado, e toda a família é transformada em fantoches, menos Paolo e Renata que fugiram das suas casas para procurar seus irmãos, e Rosa Montana e Marco Petrocchi (Romeu e Julieta) que enganaram suas famílias e se casaram, e por isso não podem aparecer onde as duas famílias estiverem.
Com isso o destino da cidade está nas mãos desses seis. Tonino e Angélica descobrem onde está a letra original e tentam mandar um recado a suas famílias, Paolo e Renata não o interpretam direito, mas dá certo, Rosa e Marco estão seguindo os outros dois. Assim, as duas famílias juntas, unidas pela amizade e pelo amor, cantam juntas a música e salvam a cidade, com uma pequena ajuda de Crestomanci, que se livra do demônio branco, tudo volta ao normal, e as duas famílias tornam-se amigas novamente. E Tonino e Angélica são convidados a passar um tempo no Castelo Crestomanci, pois suas habilidades mágicas apesar de não serem tradicionais são louváveis.

Assumo que teria gostado muito mais desse livro se não tivesse essa coisa de amor e amizade entre as famílias para poder dar tudo certo, mas vamos lá, é um livro infantil. Tirando isso é um livro cheio de aventuras e muito divertido.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

As vidas de Christopher Chant - Diana Wynne Jones

Não. Não, eu não li o livro em um dia. Deu quase uma semana. Na verdade eu terminei A brincadeira na quinta, comecei imediatamente a ler esse, e como eu fui viajar depois do almoço na sexta e só voltei segunda à tarde não deu tempo de resumir o livro do Kundera antes. Mas esse eu terminei ontem mesmo.
Eu não sei qual dos livros de Os mundos de Crestomanci eu gosto mais Vida encantada  ou As vidas de CC. Eu sei que não é A semana dos bruxos  nem de Os magos de Caprona nada contra, é só uma questão de gostos. E logo mais eu vou poder opinar sobre o último da coleção. Chegou em casa, Mil Mágicas é bem fininho, acho que são quatro contos que envolve personagens dos outros livros. Estou ansiosa para ler, mas tudo a seu tempo...


No início desse livro Diana nos informa que tudo o que acontece nessa história foi há mais de 20 anos, quando o Crestomanci de Vida encantada era uma criança da idade de gato. Quando ele descobre que possui 9 vidas e é levado para viver no castelo Crestomanci. E assim como gato odeia o lugar, não consegue fazer amigos, e logo enfia-se em mil confusões, muito mais sérias que a de gato.
Christopher é um garoto que foi desde pequeno criado em casa sem muitos contatos com os pais e outras crianças por isso não sabia que os seus sonhos não eram comuns. Christopher viajava em sonho pelos mundos vinculados, entrando em contato com os seus habitantes e podendo trazer coisas para o seu mundo (o mesmo de gato!). Um dia sua governanta descobre sobre estes sonhos e chama o tio de Christopher, que ao invés de ficar bravo ou chocado convida o sobrinho para participar de experiências, onde junto com um ajudante seu, Tacroy, Christopher tentaria trazer coisas de outros mundos (vamos lá, fica claro que isso é um tanto ilegal!).
As experiências vão bem, tirando as diversas vezes em que Christopher morre! A primeira vez é quando tenta levar um gato vivo do templo de Ashet para casa, mesmo tendo feito uma promessa para a Deusa Viva, ele é acertado por uma lança. Como ele morreu em um mundo diferente do seu ele tem que morrer de novo em seu mundo para que tudo se estabilize. Morre também por causa se uma armadilha feita pelo grupo de Crestomanci que tentava parar com o contrabando, e incinerado pelo fogo de um dragão. E algumas outras vezes, ele acaba o livro com apenas duas vidas!
O fato é que depois de alguns acidentes mortais seu pai desconfia de que seu filho tenha 9 vidas, e quer que ele seja treinado para novo Crestomanci, o único problema é que Christopher não tem nenhum dom para mágica (igual gato!). Seu pai persiste e o leva para um tutor, que acaba descobrindo o ponto fraco dele, Christopher não pode entrar em contato com a prata! Depois disso ele é levado para o castelo onde ele se sente só e descobre que seus únicos amigos são Tacroy e a Deusa, e os dois estão com sérios problemas, e vão precisar da ajuda de Christopher. Assim como todos no castelo, depois que toda a equipe perde seus poderes na tentativa de pegar a gangue do Assombração (o tio), além de espalhar as vidas do Crestomanci atual por todos os mundos.

No final tudo dá certo, afinal é um livro infantil!
O mais legal é que não só Christopher é o Crestomanci do primeiro livro, como também Millie sua esposa é a Deusa que fugiu do seu mundo para não ser morta, e tem a fixação de estudar em um colégio igual a personagem da sua série de livros favorita, a da Millie, que Christopher dá para ela em troca do gato.

Sério, qualquer um que tiver um tempo para ler, leia essa série, e depois a outra. Todos os livros são imperdíveis. Livros com linguagem infantil, dirigido para as crianças, mas com um conteúdo muito adulto. Afinal existem mundos paralelos? Eu gosto de acreditar que sim. Gosto das possibilidades. 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A brincadeira - Milan Kundera

Enfim cheguei ao fim do meu box. E é com muita tristeza que eu me despeço desses livres. Comecei achando levemente interessante e me motivando a chegar ao fim. E quando eu percebi que só faltavam 100 páginas para o fim de A brincadeira eu quase parei de ler, quis ler uma página por dia para prolongar. O engraçado é que eu não consegui. Harry Potter que tem toda ação por trás e você quer logo chegar ao fim, eu acho possível diminuir o ritmo, enquanto que com esse livro, em que o passado é mais importante que o presente, e portanto os fatos já aconteceram, foi impossível.


O livro conta a história de Ludvik um homem maduro que é assombrado pelo seu passado. Quando ele era jovem, estudava na faculdade e participava ativamente no Partido Comunista ele era acusado pelos seus companheiros por um certo intimismo, mas ele foi realmente culpado e expulso do Partido por causa de uma brincadeira (ele de fato tinha um senso de humor que não era nada compatível com o Comunismo. A brincadeira foi uma graça que ele quis fazer para sua namorada da época uma jovem um tanto ingênua. A carta foi lida pelas autoridades, e Ludvik foi mandado para trabalhar nas minas. Um trabalho muito desgastante e destinada apenas aos excluídos da sociedade.
Enquanto ele estava trabalhando nas minas ele se afastou de todos os seus amigos, de tudo. Tornou-se rancoroso, sabendo que qualquer um, até mesmo um amigo teria enviado ele para lá. A única luz que ele via era em Lucie, uma jovem operária muito melancólica, com quem ele começou a namorar. Ela era muito retraída e ele sempre queria mais, até que ela desaparece, e Ludvik passa o resto da sua vida imaginando ela como o único amor puro.
O tempo passa e Ludvik termina seus trabalhos nas minas, consegue voltar a estudar, tem a sua posição, entra em diversos relacionamentos superficiais, despreza os seus amigos fiéis, e aproxima-se dos que o detestam. Vive uma vida sem grandes felicidades, pois o seu passado ainda o corrói, então ele vê uma chance de se vingar, no entanto isso acaba aproximando-o de suas raízes.
A narrativa não tem um fim. Acaba em um ponto em que você não sabe se todos ficaram bem, ou mal. Mas acaba onde deveria acabar.

O que eu mais gostei do livro foi o entrelaçamento das histórias, todos os personagens estão ligados por um fio muito coeso, mas isso não fica claro logo de cara, nós vamos percebendo que eles estão interligados aos poucos.
Outro fato interessante é que o livro possui mais de um narrador, narradores tão diferentes que algumas partes são mais interessantes de ler do que outras. Muito bem escrito!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Vida Encantada - Diana Wynne Jones

Esse foi meu presente de aniversário para mim mesma, na verdade lerei todos os livros da Diana que eu tenho em casa, e comprarei outros dois que eu achei pra vender na Internet.
To aqui tentando escrever e a verdade é que não existem palavras suficientes para explicar o que eu acho sobre esse livro, sobre essa coleção Os mundos de Crestomanci, sobre essa autora. Isso tudo mudou minha vida, se eu sou hoje alguém que ama ler, ama literatura infanto-juvenil, se eu acredito em mundos paralelos, se sou um pouco ateia, tudo isso tem sua raiz nesses livros. Os melhores do mundo.
Como pode um livro dirigido a crianças discutir a possibilidade de mundos paralelos? Como pode alguém ler isso e não acreditar na impossibilidade de o mundo se resumir em vida na Terra?
Eu já amava a Diana quando criança. mil vezes melhor que Harry Potter, e ai eu ainda descubro depois de adulta que ela escreveu O castelo animado, é muito amor literário pra uma só pessoa!!


O livro conta a história de Eric Chant, ou Gato, um menininho comum, que jamais conseguiu fazer um feitiço sequer, e que desde pequeno teve vários infortúnios, como um acidente de barco onde seus pais morreram, e por isso teve que ir junto com sua irmã morar com a vizinha Sra. Sharp. Gwendolen, sua irmã, é uma bruxa muito promissora e determinada, por isso dá um jeito de ir viver no Castelo Crestomanci, para lá poder colocar em ação um plano bolado por ela e seu tutor, um bruxo duvidoso.
Quando os dois mudam-se para o Castelo ambos sentem uma atmosfera pesada, traduzida em quietude. Eles começam a ter aulas, e Gwendolen é proibida de fazer mágicas por um tempo, isso a deixa inconformada, e para chamar atenção de Crestomanci ela começa a fazer as mais variadas mágicas, como aproximar todo o pomar do castelo ou escurecer as janelas de hora em hora, e outras nem tão engraçadas, como fazer aparecer um fantasma na janela da sala de jantar. De início Crestomanci ignora tudo o que ela faz, até que ela passa dos limites e ele retira os poderes dela.
No dia seguinte quem acorda no quarto de Gwendolen, é Janet, a "presada sobressalente". A irmã de Gato de alguma forma conseguiu mudar de mundo*, e Janet é arrastada para esse mundo, o que causa diversas confusões, além daquelas deixadas por Gwendolen, assim Janet e Gato se vêm em uma confusão enorme, e a única forma que eles encontram de não se encrencarem mais é fugir para o mundo de Janet. E até mesmo isso causa um problema ainda maior, pois ao tentarem fugir eles colocam o plano de Gwendolen em ação, ameaçando a acabar com a organização mágica do seu mundo.
Tudo acaba bem. Todos no Castelo se unem para ajudar Gato e Crestomanci. Muitas questões são respondidas. E Gato descobre que é um mago, como um dos mais poderosos!


*Segundo o livro não existe apenas um mundo, mas diversos mundo paralelos. A explicação para eles é simples, a cada grande acontecimento histórico o mundo se dividia para que todas as possibilidades fossem realizadas, assim em uma guerra em um mundo a Inglaterra seria a vencedora, e em outro ela seria a perdedora. No mundo onde a história acontece a magia é uma coisa comum, e o nosso mundo, o que nós chamamos de real, provavelmente também existe, eu acredito que é daqui que a Janet vem. Como os mundos se multiplicam as pessoas que existem neles também, dessa forma existem diversas Gwendolens pelos mundos, não com esse nome, mas são todas fisicamente idênticas, algumas manias iguais, e têm até o mesmo sobrenome. Quando Gwendolen resolveu mudar de mundo ela arrastou atrás de si uma fila de duplicatas para preencher o vazio que ela deixou no Castelo de Crestomanci

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Doidas e Santas - Martha Medeiros

Mais um da coleção: minha irmã comprou no aeroporto e nunca terminou de ler.
Quando eu terminei A insustentável leveza do ser arrumei minha mala para viajar no final do ano e coloquei o último dos livros do box do Milan Kundera na bolsa, no entanto eu ainda tinha uma noite em casa, olhei a pilha dos livros para ler, e foi Doidas e Santas que me chamou a atenção. Fui logo perguntar para minha irmã o que ela tinha achado do livro. Ela não gostou, achava que as crônicas eram meio redundantes, que depois de um tempo ficava tudo igual. O que eu também conclui lá pela metade do livro.


O livro é composto por 100 crônicas escritas entre o final de 2005 e o meio de 2008.
O título se dá por causa de uma crônica, muito boa, sobre não existir mulher santa, e que todas são em algum nível doidas. Eu entendo que a Martha Medeiros não poderia escrever por quase três anos sobre tipos de mulheres, mas o título junto com essa pin-up me fizeram criar expectativas jamais cumpridas.
São crônicas. Ponto. Observações sobre o cotidiano da autora. Coisas que lhe aconteceram; livros lidos, exposições visitadas e filmes assistidos. Um pouquinho de filosofia de vida. Depois de um tempo você acaba sentindo-se íntima da autora, não sei se amiga. Ela me cansou um pouco com essa reafirmação da postura dela com relação ao mundo, essa necessidade de ser doida, de fugir do padrão, mas ser uma santa, por não conseguir infringir as leis, ela afirma ser boazinha, gentil e outras qualidades da santa. (Sim, eu continuo tentando justificar o título para mim mesma).

Não é um livro ruim. São crônicas. Eu gosto delas. Rápidas e bem-humoradas. Mas ler 100, de uma vez, da mesma autora, escritas a quase 10 anos atrás, ai qualquer um arranja alguma coisa para reclamar!

O que eu mais gostei nesse livro é lembrar de algo meu, uma... não sei que palavra para isso, esquisitice?!? Quando eu leio um livro fora do meu próprio padrão, seja um livro antigo, escrito em um português nada atual, ou tipo de texto, como as crônicas ou poemas, eu tendo a começar a pensar e escrever nesse estilo. Esses dias escrevi uma crônica, achei bem boa.