terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A brincadeira - Milan Kundera

Enfim cheguei ao fim do meu box. E é com muita tristeza que eu me despeço desses livres. Comecei achando levemente interessante e me motivando a chegar ao fim. E quando eu percebi que só faltavam 100 páginas para o fim de A brincadeira eu quase parei de ler, quis ler uma página por dia para prolongar. O engraçado é que eu não consegui. Harry Potter que tem toda ação por trás e você quer logo chegar ao fim, eu acho possível diminuir o ritmo, enquanto que com esse livro, em que o passado é mais importante que o presente, e portanto os fatos já aconteceram, foi impossível.


O livro conta a história de Ludvik um homem maduro que é assombrado pelo seu passado. Quando ele era jovem, estudava na faculdade e participava ativamente no Partido Comunista ele era acusado pelos seus companheiros por um certo intimismo, mas ele foi realmente culpado e expulso do Partido por causa de uma brincadeira (ele de fato tinha um senso de humor que não era nada compatível com o Comunismo. A brincadeira foi uma graça que ele quis fazer para sua namorada da época uma jovem um tanto ingênua. A carta foi lida pelas autoridades, e Ludvik foi mandado para trabalhar nas minas. Um trabalho muito desgastante e destinada apenas aos excluídos da sociedade.
Enquanto ele estava trabalhando nas minas ele se afastou de todos os seus amigos, de tudo. Tornou-se rancoroso, sabendo que qualquer um, até mesmo um amigo teria enviado ele para lá. A única luz que ele via era em Lucie, uma jovem operária muito melancólica, com quem ele começou a namorar. Ela era muito retraída e ele sempre queria mais, até que ela desaparece, e Ludvik passa o resto da sua vida imaginando ela como o único amor puro.
O tempo passa e Ludvik termina seus trabalhos nas minas, consegue voltar a estudar, tem a sua posição, entra em diversos relacionamentos superficiais, despreza os seus amigos fiéis, e aproxima-se dos que o detestam. Vive uma vida sem grandes felicidades, pois o seu passado ainda o corrói, então ele vê uma chance de se vingar, no entanto isso acaba aproximando-o de suas raízes.
A narrativa não tem um fim. Acaba em um ponto em que você não sabe se todos ficaram bem, ou mal. Mas acaba onde deveria acabar.

O que eu mais gostei do livro foi o entrelaçamento das histórias, todos os personagens estão ligados por um fio muito coeso, mas isso não fica claro logo de cara, nós vamos percebendo que eles estão interligados aos poucos.
Outro fato interessante é que o livro possui mais de um narrador, narradores tão diferentes que algumas partes são mais interessantes de ler do que outras. Muito bem escrito!

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