quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

SÃO BERNARDO - Graciliano Ramos


Recentemente tive que ler para a faculdade o livro Angústia de Graciliano Ramos, o que me fez ler mais do que Vidas Secas, assumidamente lido apenas para o vestibular. Angústia entrou para o top três livros nacionais. É bem confuso, principalmente no início quando o leitor ainda não entrou no clima da narrativa. De qualquer forma é um livro narrado em primeira pessoa, em que o narrador ainda está se convalescendo de uma febre, e portanto o leitor não pode ter certeza daquilo que ele está escrevendo. Sinceramente, é demais, recomendo!
De qualquer forma, enquanto eu estava desesperada por um orientador para a minha monografia, conversei com um dos meus professores favoritos, todas as matérias que eu soube que ele ofereceu nos meus anos de faculdade eu fiz. Foi por causa dele que eu li Angústia, e por isso apareci uma terça a tarde na sala dele sem nenhuma ideia, apenas uma paixão. Ele ficou bem apreensivo, mas aparentemente, sem muita animação me aceitou, e me aconselhou a ler São Bernardo, pois junto com Angústia, fazia parte dos romances de 30 de Graciliano. Além desse romance me indicou muitos outros livros, que eu só encontrei um, mas nem cheguei a abrir, pois antes mesmo de terminar São Bernardo encontrei uma professora para me orientar com um tema mais definido! Não por isso deixei de ler o romance indicado.
São Bernardo começa com o narrador em primeira pessoa falando da intenção de escrever um livro em conjunto com outras quatro pessoas, e apesar de voltar diversas vezes na primeira página, não reconheci um dos citados. Essa inciativa não dá certo, ele acaba por escrever sozinho por diversas razões. Então começa a narrar a sua vida. De trabalhador braçal em uma fazenda, a ser preso por matar um homem em briga por mulher; aprender a ler e escrever na prisão, a conseguir enriquecer e comprar a fazenda S, Bernardo.
A narrativa tem um movimento social em que o narrador começa no fundo, sobe socialmente, é um chefe na sua sociedade, com uma fazenda produtiva, contatos com partido político, jornais e outros fazendeiros, para depois descer novamente, com a morte de sua mulher a revolução sua fazenda torna-se obsoleta e os vizinhos avançam com a cerca roubando-lhe terreno. Outro movimento perceptível é da estrutura da narrativa, em que começa falando sobre o livro que ele vai escrever, então há a narrativa, para acabar com ele narrar o momento em que ele está escrevendo e a vela apaga.
Paulo Honório é o narrador, um homem rude, que consegue fazer a sua fazenda lucrar, sem levar em conta a situação social de seus funcionários. Constrói uma capela e uma escola na fazenda apenas por interesse político e financeiro. Segue sua vida assim, entre amigos, funcionários e contatos de interesse até que decide se casar. Não por estar apaixonado ou por necessidades fisiológicas, mas por querer criar um herdeiro para S. Bernardo. Ele cria então uma imagem de mulher que ele procura, e está decidido a pedir em casamento a filha do juiz Magalhães, quando vai a sua casa e lá encontra uma mulher oposta as suas imaginações, uma moça magrinha loira de olhos claros, por quem se sente atraído. Que vem a descobrir ser a professora que seus amigos já haviam mencionado como uma beldade.
Em uma viagem de trem de volta de um incidente com um editor de jornal, ele conversa com a tia da moça, e a partir de então ele começa a frequentar a casa das duas senhoras, de início sob o disfarce do interesse em ajudá-las. Contudo rapidamente Madelena, esse é o seu nome, fica sabendo das verdadeiras intenções de Paulo, e o recusa por não se conhecerem, este insiste e insiste, e dado uma situação incomoda ela deixa ele anunciar o noivado, que por ela só acabaria depois de um ano, mas ele anuncia o casamento para dali uma semana.
O narrador sente muito a mudança da mulher e a da tia para a casa grande e tenta a se adaptar a nova formação, porém ele é um bruto, e apesar de deixar claro que nutria algum sentimento por sua mulher, eles pareciam estranhos dividindo a cama, viviam brigando e ele chega a pagar pelo trabalho que ele assume dentro de seu escritório, escrevendo cartas. O tempo de casado é narrado muito rapidamente e sob dois focos, a bondade de Madalena, que logo é percebida como uma mentalidade avançada que quer o socialismo, e é incentivada pelo professor Padilha; e a sua infidelidade, Paulo começa por desconfiar dela com o professor, mas desaprova a amabilidade do juiz, lembra dos elogios dos amigos e acredita que o advogado era seu namorado antes de tudo, e até do padre ele duvida. O que os levava a diversas brigas e tensões.
Nesse ponto da narrativa não pude deixar de pensar nos ciumes de Bentinho por Capitu, em que nós leitores nunca podemos saber a verdade, pois a narrativa em primeira pessoa só nos permite a visão de um lado da história, e do enciumado que pode muito bem aumentar e distorcer. Mas diferente de D. Casmurro o narrador não abandona sua mulher a sorte, nem essa se porta devidamente e morre depois, afastada. Madalena escreve uma carta para Paulo (que ele não consegue compreender devido ao vocabulário), ele encontra uma página e acredita ser a prova da traição e vai tirar satisfação com a intenção de matá-la. Mas ela o acalma, pede desculpas. E depois se mata.
Com a morte da mulher, a fazenda começa a desandar, então acontece a revolução com a qual Paulo Honório perde seu poder e seus aliados, todos vão embora, a tia, o professor, alguns outros empregados. Sobrando seu fiel amigo Casimiro Lopes, seu filho a quem tinha pouca amizade e alguns dos homens do campo, cansados e maltratados que apenas Madalena ajudava. o narrador começa a se arrepende da vida que teve, e imagina o que aconteceria se ele tivesse levado uma vida simples longe de S. Bernardo. Mas a realidade é que ele acaba sozinho em uma fazenda arruinada.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Castelo dos Destinos Cruzados


Mais um da minha fase Italo Calvino! Mais um grande livro, apesar de suas dimensões diminutas!
Esse é mais um dos livros de contos de Calvino, que eu sinceramente gosto mais do que os romances, não que estes sejam ruins, mas eu acho que prefiro contos no geral. É uma história completa em poucas páginas, em que nós podemos imaginar o que veio depois, ou o que poderia acontecer. Os contos fazem de nós um pouco autores também. Apesar dessa independência dos contos, deve se ressaltar que nesse livro eles estão interligados (cruzados, como o próprio título indica), mesmo podendo ser lidos separadamente a magia surge da ligação entre eles.
O castelo dos destinos cruzados é dividido em duas partes (e segundo a nota no final do livro Calvino pensou em escrever uma terceira, mas, isso é uma interpretação minha, daria muito trabalho e ele queria se livrar logo disso, essa parte é um pouco dele). A primeira é a do Castelo, e que foi escrita depois do início da segunda, para um livro de artes a pedido de um editor, em que ele deveria usar como base as cartas de tarô milanês, do século XV, desenhadas por Bonifácio Bembo, e que ficou pronta muito rápido. Já a segunda é a da Taverna, que está baseada em cartas marselhesas populares, em que Calvino teve muita dificuldade em terminar para que, as histórias se encaixassem.
Cada conto do livro tem em suas margens reproduções das cartas nas quais Calvino se baseou e o leitor pode ir acompanhando. E quase no final de cada parte possui esses esquemas em que mostra que todas as histórias estão ligadas e que aquilo que foi contado da esquerda para a direita, pode ser contado por outro da direita para esquerda. Que assim como Borges acreditava que as situações se repetiam, as cartas se repetem, mas assumem diferentes valores.

 
O livro inicia-se com a descrição do castelo em que o narrador vai parar após atravessar um bosque e que ele não sabe definir se é um castelo ou uma estalagem. Mas o mais interessante é que lá existem muitos hóspedes sentados à mesa comendo, mas que nenhum deles é capaz de falar, não estão surdos pois escutam os ruídos, mas não se escutam uns aos outros. Em um dado momento é colocado sobre a mesa um baralho de tarô, e os convivas se empurram para pegar as cartas e poderem contar a sua história apenas com as cartas. O narrador mostra a multiplicidade de sentidos das imagens não simplesmente com todas as histórias, mas também com as diferentes interpretações durante a narrativa, a incerteza, que atinge o leitor.
Na primeira parte ele narra sete histórias completas, todas de reis e rainhas, amores e mortes. Para depois contar todas as outras histórias, momento em que o livro começa a ficar confuso.
O fato mais interessante desse início é que ele cita o Fausto de Goethe, como uma possível história sendo contada, pois há a venda da alma ao diabo (isso se repete na segunda parte) e principalmente uma recontagem da história de Orlando Furioso, poema épico de Ariosto; que se divide em dois capítulos, um narrado pelo próprio Orlando, que perde a razão quando descobre que a sua amada o preteriu a Medoro, um guerreiro mouro na história original, mas que para Calvino é um "rapazeto do séquito", essa narrativa termina com Orlando preferindo permanecer louco. Mas o próximo conviva a contar a história é Astolfo, o primo de Orlando que no original, montado em um hipogrifo voa até a lua (depósito de tudo que é perdido na terra; mas para Calvino o lugar do "e se", daquilo que não se realizou), e lá recupera a razão do paladino. Esse é um poema do Renascimento, em que seus personagens estão em uma estalagem junto com outros personagens de histórias famosas, como o leitor percebe continuando a leitura.
Na segunda parte descreve-se a taverna, e entrega-se um novo baralho de tarô (eu achei o desenho desse muito mais decifrável) e as pessoas presentes mais uma vez se precipitam sobre as cartas para  contar a sua histórias. Mas tudo fica muito mais confuso, pois duas ou mais histórias são contadas simultaneamente, pois as carta batem, mas nem sempre, criando lacunas na minha cabeça. E então eu comecei a reconhecer histórias, como a busca pelo santo Graal, ou a mais especificada de Sófocles, Édipo Rei.
Então o narrador conta a sua própria história, em que ele é mesmo um escritor. Segue por um tempo no tarô, tenta contar sua história, mas na verdade conta muitas outras, pois esse é o seu trabalho, e ele reconhece sempre novas em situações parecidas ou mesmo iguais. Até que passa para os quadros e os museus (momento em que Calvino subiu ainda mais no meu conceito!). É depois de uma longa discussão sobre o ato de narrar, que vem o sistema das histórias contadas na taverna.
Nesse ponto eu parei e fiquei com fortes tendencias a voltar e reler o livro. Três das grandes tragédias de Shakespeare estão ali: Rei Lear, Macbeth e Hamlet. Como assim eu não reconheci nenhuma??? Essas três histórias são contadas simultaneamente no último capítulo do livro. Brilhantemente! Talvez Calvino tenha deixado de lado o "to be or not to be that's the question", mas lembra-se da também memorável cena do "rato". Não pude deixar de rir da pretensão do autor em resumir em 5 páginas 3 das maiores tragédias de todos os tempos. Ou mesmo de unir esses personagens em uma taverna/castelo junto com Orlando, Parsifal, Édipo e outros muitos que poderiam pertencer a diferentes épocas e lugares.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Visconde Partido ao Meio - Italo Calvino


Estou com problemas para começar a minha monografia, não tenho tema nem orientador! Conversei por email com uma professora que é especialista em literatura italiana, e consegui uma reunião. Para não chegar sem nada, fui na biblioteca sexta e li parte de um livro dela, e uma tese de mestrado em que ela era orientadora. Decidi que eu gosto mesmo é do Calvino, a ideia principal é com Cidades Invisíveis, mas achei melhor aumentar as possibilidades e peguei na biblioteca O visconde partido ao meio e também O castelo dos destinos cruzados (vou começar a lê-lo em 3, 2, 1...).
O que eu mais gostei em ler o Visconde? Fácil! Eu já o havia lido quando estava no colégio, ou talvez fundamental, mas não me lembrava ao certo dele. Enquanto eu o lia eu finalmente achei uma imagem que sempre ficara na minha memória e eu não consegui saber de onde, que é a vila em que moram os leprosos, Pratofungo. A leitura valeu por isso.
Não quero dizer com isso que não haja nada de melhor. Muito pelo contrário. Esse livro faz parte da trilogia Os nossos antepassados, que tem também O barão empoleirado e O cavaleiro inexistente. E para mim é como uma alegoria do mundo real.
A história começa com o visconde Medardo de Terralba indo para a guerra entre cristãos e turcos, e no primeiro combate (após a viagem para o campo de batalha em que ele e seu escudeiro passam por atrocidades, cuja imagem mais forte são as cegonhas, e não abutres, comendo a carne dos mortos) é acertado por uma bala de canhão que o divide ao meio. Sendo que os médicos do exército cristão encontram apenas a parte direita que volta para Terralba e prova ser o mais mau de todos os seres. Governando com terror e afastando todos de si. Força seu artesão construir máquinas engenhosas de tortura e para matar; divide tudo ao meio: flores, frutas, animais... Tenta matar seu sobrinho (o narrador) mais de uma vez, e ainda despacha sua babá para a vila dos leprosos apesar de esta não estar doente.
Quando depois de algum tempo de todo esse terror aparece a outra metade de Medardo, só bondade, que ajuda a tudo e a todos, acreditando que é possível criar um mundo utópico que se resume na máquina que ele quer criar que seria ao mesmo tempo um órgão, um moinho, um forno e uma rede para capturar borboletas. A pesar de fazer de tudo para que todos fiquem bem, também ele acaba cansando os moradores de Terralba, por falta de equilíbrio.
As  duas metades se apaixonam pela mesma pastora, Pamela, que eu não consegui entender se ela realmente gostava deles, ou se ela estava fazendo aquilo que era esperado pela sociedade. Apesar de ter algumas atitudes de revolta. Essa parte eu realmente não gostei! Ela estava disposta se entregar para o Infeliz, mas nos seus termos, e se entediava com o Bom mesmo confiando nele. Ela aceita a se casar com os dois deixando para a sorte o desenlace dessa sua ação.
Acaba se casando com o Bom, pois o Infeliz na pressa acabou caindo do cavalo. Mas chega à Igreja e diz que Pamela é sua esposa pois ele é Medardo de Terralba. Ambas as partes decidem duelar, ferindo-se depois de muito tempo na extremidade em que foram partidos. O médico os une, trazendo alegria e prosperidade para a região. Apenas o sobrinho/narrador é quem continua incompleto, sem nunca ter encontrado nenhum amigo de fato.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sr. Bliss


Cada um com o seu vício, a sua mania, e a sua obsessão.
A minha é no Tolkien! Não posso ver um livro seu sem correr na sua direção, descobrir o preço e comprar independente dele. Não foi diferente nesse domingo, quando estávamos a família inteira dentro da livraria, cada um no seu canto, e eu esperando por todos perto da entrada vi um livro que seria algo como a filosofia do Hobbit, não me interessou muito, mas do lado, ali sorrindo pra mim na sua maravilhosa capa dura vinho estava ele, mais um dos fantásticos livros infantis do fabuloso Tolkien. Sério, sai em disparada atrás da minha mãe já preparando o discurso do porque ela deveria comprar aquele livro pra mim, quando ela disse se você corre até o seu pai que ele tá pagando já. Eu literalmente sai correndo, forcei um homem a abrir passagem e joguei o livro em cima do do meu pai, deixando o caixa assustado.
fiquei satisfeita e quase abracei o livro, era ele, ou a Introdução a literatura fantástica, do Todorov, que eu levaria para casa. E sinceramente nada como aumentar uma boa coleção. Com Sr Bliss eu chego ao décimo livro do Tolkien, e o segundo de literatura infantil (desculpa mas o Hobbit fica como infanto juvenil, ou seja, meu sobrinho vai ter que esperar mais pra ouvir!).
Em primeiro lugar eu gostaria de elogiar a edição da Martins Fontes, que traz nas paginas direitas o fac-símile  escrito a mão e desenhado pelo próprio Tolkien, e nas esquerdas a tradução em português. Os desenhos são rústicos, veja bem, lindos! Mas sem nenhuma técnica, o que faz ressaltar a sensação de ter o próprio Tolkien contando a história para mim, mostrando o seu desenho e tudo mais.
A narrativa é bem simples. O sr. Bliss que eu vejo como mais um excêntrico Tom Bombadil, que possui uma casa alta no alto de uma montanha e um giracoelho como animal de estimação e um dia decide comprar um carro amarelo com rodas vermelhas, mas esquece a carteira em casa, leva o carro deixando sua bicicleta como garantia. Saindo da loja resolve ir visitar os seus amigos Dorkins, mas devido a sua falta de aptidão como motorista acaba se unindo ao sr. Day e a senhora Knight, além dos três ursos. Que invadem a casa dos Dorkins, acabam sendo bem recebidos. Mas ao fim da refeição saem em perseguição aos ursos, que entram na floresta e assustam o sr. Bliss, que foje para sua casa.
Lá o giracoelho lhe avisa que existem pessoas subindo a montanha e que estão bravas com ele e querem lhe cobrar aquilo que ele lhes deve. O giracoelho assusta a todos. E depois o sr. Bliss paga os seus amigos e tudo volta ficar bem. É de fato um livro infantil, mas a forma como Tolkien a conta (muito superior a qualquer resumo que eu faça) e os seus desenhos lúdicos fazem dele um ótimo livro para as crianças e pessoas como eu.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Persuasão - Jane Austen


Existe uma única coisa que não pode faltar quando as férias começam, ou quando assim eu decreto: Jane Austen. Nenhuma férias será boa o bastante se eu não tiver lido um de seus livros, muito romance, muita água com açúcar! Mas ainda assim os melhores romances, que eu ainda não consegui encontrar igual.
Meu primeiro contato com essa maravilhosa autora inglesa foi em 2006, quando eu assisti a série de BBC (muito mais antiga do que isso) de orgulho e preconceito, então eu o li. Depois descobri que aquele filme ruinzinho de época com o Hugh Grant também era baseado em um livro seu. Na época procurei toda a sua bibliografia em português para ler, e só encontrei a minha versão bilíngue de Persuasão a um preço acessível (acabei comprando os outros 4 em inglês mesmo, edição livro de bolso, tudo por menos de 40 reais!).
No livro O clube do filme de David Gilmour o narrador diz "(...) que a segunda vez que você vê uma coisa é na verdade a primeira vez. Você precisa saber como a coisa termina antes de poder apreciar sua beleza desde o início". Este livro de Jane Austen é no qual eu sinto precisamente isso. A primeira vez que eu o li (essa já deve ser a quarta, ou mesmo a quinta) eu o achei um pouco enfadonho, uma progressão muito lenta das coisas. E quando finalmente chega no penúltimo capítulo tudo acontece de forma tão sutil, tão simples que realmente aquilo poderia acontecer, enfim acaba com todas as perspectivas de felicidade para o casal!
O romance começa com a descrição do pai da protagonista, Sir Water Elliot, um baronete viúvo, bonito que dá grande importância para o seu título e beleza, porém é incapaz de economizar e por isso é forçado a deixar a sua casa de campo e alugá-la para um almirante e sua esposa. Por acaso essa esposa, Sophie, é irmã do antigo amor de Anne Elliot (a protagonista) uma mulher de 27 anos, que na juventude se apaixonara por um capitão da marinha mas fora persuadida por sua boa amiga (antiga amiga de sua mãe) a não realizar o casamento pois seria ruim para os dois.
Anne como a boa heroína de Austen permanece constante em seu amor pelo capitão Wentworth, e é obrigada a conviver com ele, quando este resolve visitar a irmã, e acaba se aproximando da família do marido da irmã mais nova de Anne. Os Munsgrove possuem duas filhas jovens e um tanto tolas por quem o capitão procura se apaixonar. de início a relação entre eles é extremamente fria, até que eles resolvem fazer uma viagem a Brighton, para visitar amigos do capitão, e vão todos os jovens. O capitão Wentworth já demonstra ciúmes dela quando outro homem a observa e depois dado um acidente ele passa a confiar muito no seu discernimento .
Contudo, a relação que começava a melhorar é cortada, com a partida de Anne para Bath, onde seu pai e sua irmã estavam residindo. Lá ela entra em contato com o seu primo, o mesmo homem que incomodara o capitão, que passa a cortejá-la, apesar de ser um tanto suspeito. Ao mesmo tempo em que seus antigos amigos vão todos para Bath, onde Anne percebe o quanto prefere Wentworth a qualquer homem, mas que esse parece indeciso quanto aos seus atos, pois tudo indica que Anne se casará com o primo e herdará o título e a casa. O que a faz tomar medidas desesperadas.

Como sempre paro antes do fim e antes da minha parte preferida, vai que algum dia alguém leia isso e saiba o final (sempre surpreendente) e decida não ler. Seria uma pena.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Inquilino - Roland Topor



Como eu já disse sou fascinada por literatura fantástica! Meus amigos já se cansaram de me ouvir falar, principalmente quando bebo, sobre ela. Fazer o quê? Ainda não encontrei nada melhor!
Esse semestre fiz uma matéria sobre o mal na literatura, que apesar de ser de sexta de manhã, eu adorei. Como trabalho final tínhamos que fazer uma produção narrativa, que ouvi dizer que não vale nota, e um ensaio sobre algum livro que trouxesse o mal como tema. Eu escolhi, da lista fornecida pelo professor, O Inquilino, um pouco pela explicação dele, um pouco pela crítica nos sebos on-line!
É um livro bem curto - 126 páginas. Escrito em terceira pessoa, mas um tanto subjetivo, muito fácil de ler. Se eu não tivesse lido prestando atenção em cada detalhe, e fazendo anotações a cada segundo, poderia facilmente ter lido em um dia, ficando nervosa, desesperada e apreensiva com o seu desenrolar.
Tá, odeio ter que dizer isso, mas se você é preguiçoso, assista ao filme, dirigido por Roman Polanski, que eu não assisti mas ouvi bons comentários.

A narrativa começa com um homem, Trelkovsky, procurando um novo apartamento pois seria despejado do seu. Ele encontra um que lhe agrada, mas não pode alugá-lo pois a antiga inquilina que havia cometido suicídio saltando da única janela, ainda estava viva no hospital, mas a beira da morte!
Ela acaba morrendo, e Trelkovsky aluga o apartamento, e resolve fazer uma pequena reunião com os seus amigos. É nesse momento que todos os seus problemas começam, os vizinhos reclamam do barulho, o senhorio lhe repreende. E para não ter mais problemas o nosso protagonista fica paranoico com relação ao barulho, e pouco a pouco vai mudando os seus costumes.
Não apenas dentro de casa, pois já não sai mais com os seus amigos, não come a mesma comida, não fuma os mesmos cigarros... Um dia acorda maquiado e dá-se conta de que todos os seus vizinhos estão mancomunados para transformá-lo na antiga inquilina, e conduzi-lo para o mesmo fim. O que o leva a diferentes reações.
E tem um epilogo que vale o livro inteiro!

Não tem como eu contar mais, do contrário acabaria com a graça do livro. E como Todorov disse, diferente da maioria dos textos, um texto fantástico não pode ser lido fora de ordem pois assim perderia-se o seu efeito. Deixemos por isso então, garanto que eu não passei da metade, e que pulei todos os detalhes que constroem a narrativa e a torna verossímil dentro do seu contexto. Sem deixar de causar hesitação no leitor (um pouco mais de Todorov, já que ele também fez parte das minhas leituras para o trabalho!)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

DOM QUIXOTE - leitura obrigatória!

DOM QUIXOTE DE LA MANCHA - M. CERVANTES



Se tem uma coisa para se dizer sobre D. Quixote é que todo mundo deveria ler.. e não a versão resumida que dão para as crianças/adolescentes lerem na escola. Sério, isso me irritou muito! Fui lá comprei os dois volumes do romance, da editora 34, que está cheio de notas de roda-de-pé, quase 2000 paginas, para algumas pessoas olharem para mim e dizerem que já leram quando eram mais novos mais não se lembram ao certo... Ah! Fala sério! Quem leu jamais se esquece das trapalhadas de Sancho Pança, ou do discernimento confuso de D. Quixote
Dom Quixote deve ser lido integralmente! E com o maior prazer possível! Pois é um dos maiores romances da humanidade. O livro foi escrito em 1605 e 1615, e ainda hoje maravilha seus leitores pela sua originalidade. Provavelmente não há personagem que se iguale ao nosso cavaleiro mentecapto!
O livro começa com D. Quixote, um fidalgo decadente, com cerca de 50 anos, solteiro e um leitor ingenuo cujo excesso de leitura o fizera perder a razão, que decide sair de casa para armar-se cavaleiro andante - figuras históricas que de fato existiram, como os cavaleiros que combateram nas cruzadas; porém, a cavalaria em que ele acreditava era aquela das novelas de cavalaria como Amadis de Gaula, Tirant lo Blanc e Orlando (e outros personagens do ciclo carolíngeo).
Ele sai de casa, com sua armadura velha, seu cavalo magro - recém nomeado Rocinante, e com o seu amor por Dulcineia Del'Toboso (que na verdade é uma simples vilã que ele jamais vira, mas que imaginara sendo a mais bela e delicada senhora, como a de seus antecedentes cavaleiros). E vai parar em uma estalagem (centro do primeiro volume) que ele acreditar ser um castelo. Lá acontece diversas trapalhadas, mas mesmo assim o estalajadeiro o arma cavaleiro. Depois disso D. Quixote volta para casa, onde seus amigos e familiares tentam fazê-lo recobrar a sanidade. A primeira  atitude é fazer uma limpeza na biblioteca de D. Quixote, assim queimam grande parte dos livros de cavalaria ali presente. Apesar disso alguns se salvam, isso porque Cervantes ao escrever o seu romance não criticava as novelas de cavalaria em si, mas os seus exemplares decadentes!
Contudo ocorre um terceira saída, em que D. Quixote leva consigo o seu escudeiro Sancho Pança, um homem analfabeto e pouco sensato, pois apesar de não ser louco participa ativamente das loucuras de seu amo. Os dois passam por diversas aventuras sendo que na grande maioria acabam machucados ou fazendo o mal. Por exemplo, D. Quixote sai da estalagem sem pagar pois não havia nada disso nos livros que lera, e com isso Sancho é manteado (jogado para cima e para baixo sobre uma manta), o cavaleiro ataca moinhos de vento pensando que eram gigantes, ou um rebanho de ovelha crendo ser um exército inimigo, um cortejo fúnebre que não quis ser cortês e também libertou presos que mereciam ser mandados para a prisão. No geral ele se dava mal, ou agia para o mal inconscientemente. E sempre que não podia explicar alguma coisa colocava a culpa em magos inimigos seus. Sancho que não acreditava em magos, mas também não conseguia ver uma explicação razoável acaba aceitando os encantamentos.
O primeiro volume é recheado de histórias paralelas em que os dois protagonistas são apenas expectadores (momentos em que D. Quixote recobra a sanidade já que não se trata de sua ideia fixa de cavalaria andante). Dentre elas estão os amores entre Dorotea e D. Fernando, e Cardenio e Luscinda - uma grande histórian de amor com vários desencontros e desentendimentos que irão se resolver; também há o caso da pastora Marcela, e o da moura e o cativo. E por fim um conto, completamente independente do texto, que é a novela do Curioso Impertinente, que conta a história de dois amigos, em que um era casado com uma bela jovem mas decide lhe testar a fidelidade, acabando de uma forma muito trágica.
O primeiro volume acaba com D. Quixote sendo levado para casa enjaulado pelo padre e o barbeiro de sua aldeia. Logo depois o cavaleiro cai doente, mas promete a Sancho que eles ainda vão voltar a sair, e dessa vez iriam para as justas de Saragoça. Com isso Cervantes prometia um segundo volume, que demorou dez anos para ser escrito. O que deixou espaço para um livro apócrifo escrito por um autor cujo pseudônimo é Avellaneda, um autor que até hoje causa intriga, mas que com certeza não gostava de Cervantes. O livro apócrifo em si não é ruim, apesar de não trazer toda a originalidade do verdadeiro. Mas seu principal valor se deu através do próprio Cervantes que o incluiu em seu segundo volume, para critica-lo e mostrar sua falsidade - chega mesmo a incluir um personagem de Avellaneda no final do seu livro.
Não há dúvidas de que o segundo volume é o mais engenhoso, apesar de a comicidade ser mais sombria. Nele o autor e o narrador brincam constantemente com o leitor, coloca capítulos que ele mesmo julga apócrifo, apesar de apresentar consequências para o desenrolar do livro. Além de fazer com que os personagens já tenham lido a primeira parte e já conheçam as suas histórias e loucuras, e por isso estão aptos a criar brincadeiras (muitas vezes violentas) para rirem dele.
D. Quixote e Sancho saem uma terceira vez de casa e seguem caminho para as justas em Saragoça. Encontrando diversas aventuras pelo caminho. Como a visita que tensiona fazer a sua senhora Dulcineia, que ele não pode encontrar por jamais tê-la visto e encarrega Sancho, que dissera tê-la visto no primeiro volume por ordem de seu senhor, Sancho que não sabe tão pouco quem ela é, escolhe uma vilã qualquer muito rustica e diz ser a Dulcineia encantada e por isso que D. Quixote não consegue ver-lhe a beleza. Também encontram o cavaleiro do verde Gabão que não consegue decidir quanto a sua loucura e o leva para casa; aventuram-se na gruta de Montesinos; ajudam na solução de um casamento sem amor; e hospedam-se no castelo de um duque.
Essa é a parte que toma grande parte desse volume. Os duques já haviam lido a primeira parte e como queriam divertir-se com os disparates de D. Quixote decidem tornar a sua casa em um imenso teatro, tudo que ali acontece é para burlar com os dois. D. Quixote montam em um cavalo de madeira que eles dizem que voou até um reino encantado onde D. Quixote vendado teria que destruir um gigante; depois montam um cortejo em que Merlim diz que para que Dulcineia se desencante é preciso que Sancho se dê mais de 3000 açoitadas, as quais D. Quixote lhe cobra até o final; e Sancho ganha seu governo de uma insula, onde é tão judiado que prefere voltar a ser escudeiro.
Depois dessa encenação D. Quixote sai de lá agradecido e segue seu caminho para Saragoça, porém encontra dois cavaleiros que leram o livro apócrifo, e para contrariar o que nele tava escrito D. Quixote decidi desviar o seu caminho e segue para Barcelona. Acontece outras tantas aventuras no caminho como na cidade (mas como eu ainda tenho uma prova hoje, vou pular para o final). Lá D. Quixote encontra o cavaleiro da Branca Lua que o desafia a um duelo, em que quem perdesse deveria fazer a vontade do outro. Esse cavaleiro era o bacharel Sanson Carrasco, da sua aldeia, que decidira que a melhor forma curar D. Quixote era entrando em sua loucura e pela segunda vez estava tentando derrotá-lo para forçá-lo a voltar para casa e ficar lá por um ano. Dessa vez Carrasco sai vitorioso, e D. Quixote deve voltar para casa. A partir disso o livro se acelera para o fim, por um tempo D. Quixote planeja comprar umas ovelhas e sair com os seus amigos para ser pastor, mas ao chegar em casa ele adoece, e quando a febre passar ele está curado também de sua loucura, percebe o quão tolo fora em acreditar naquela literatura, e morre pouco tempo depois.
O livro é sensacional de uma criatividade sem fim! Apesar de todo o conhecimento prévio que o leitor pode ter do romance devido sua enorme popularidade, não perde-se nada de seu valor. É um livro que eu diria facilmente que TODOS devem ler, reler já não sei.. é um tanto grande, eu demorei um semestre inteiro para ler, mas já sinto saudades. Acho também que não deve ser uma leitura infantil, devemos fazê-la depois de grandes, pois infelizmente a maior parte das pessoas não têm o costume de reler livros, e quando jovens não somos capazes de abarcar a grandeza desse livro!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

HISTÓRIA UNIVERSAL DA INFÂMIA - Jorge Luis Borges


Este semestre eu peguei uma matéria na faculdade sobre o Borges, pois no semestre anterior eu tive uma outra sobre o Duplo na literatura (muito, muito boa - primeira vez que eu entrei em contato com a literatura fantástica sabendo que ela era fantástica!), na qual eu tive a chance de conhecer o Borges, que antes eu só conhecia por nome. Essa matéria atual me desapontou um pouco, pois eu só conhecia o Borges contista, foda pra caralho, e a professora quis que nós conhecêssemos o seu início, quando ele fazia parte de uma vanguarda chamada ultraísmo... ficamos nisso por muito tempo, e só agora no final do semestre chegamos nos contos! Principalmente através dos seminários!
Eu minha dupla ficamos com o conto O atroz redentor Lazarus Morell, do livro em questão, e O Desafio, que acho que está no livro Martin Fierro, apesar de ter sido escrito anos depois da primeira publicação. A separação que nós fizemos fez com que eu me debruçasse mais lentamente sobre o primeiro. E como eu num sei parar de ler, uma vez com o livro traduzido nas minhas mãos não parei de lê-lo até chegar ao fim.
Não que tenha sido difícil (na verdade também não li de uma vez só) afinal ele é bem curto e muito cativante. São diversos contos pequenos, escritos em estilo jornalistico e violento, em que Borges apresenta diferentes personagens reais,  famosos ou não, de todo o mundo que de alguma forma cometeram atos infames. O primeiro é o do Lazarus Morell, um branco pobre do sul dos EUA que supostamente estaria ajudando a emancipar os escravos; o segundo, que eu já lera, é sobre o impostor Tom Castro, que finge ser outra pessoa para ganhar a vida e consegue enganar a mãe do próprio morto; e tantas outras do oriente e também de Billy the Kid, tirado da história de Mark Twain .
A minha preferida é O Homem da Esquina Rosada, a única sobre uma figura argentina. O conto já tinha sido escrito anteriormente, mas foi reescrito e publicado junto com esses. Nele Borges volta a falar dos subúrbios de Buenos Aires, em que ocorria num salão um baile, quando de repente entram estranhos, e o chefe deles procura alguém especificamente, pois a sua fama como bravo chegara ao seu ouvido e ele queria poder lutar com ele, que se nega, perde a mulher e desaparece. Pouco tempo depois, o estrangeiro e a mulher que haviam saído do baile, vocês sabem bem para que, voltam para o salão, só que o homem havia sido esfaqueado e estava a beira da morte... Acaba morrendo ali mesmo, e é jogado no rio quando a policia chega, sem que ninguém saiba quem é o seu assassino. E então o final, o melhor!
Os contos desse livro foram publicados em um jornal argentino, e pelo que eu entendi, nessa mesma época Borges traduziu alguns contos e trechos para o mesmo jornal, e essas traduções encontram-se no final do livro, em uma parte denominada Etcetera. Alguns são bons, outros normais, mas teve um que eu simplesmente adorei, que eu acredito que se chama Os dois que sonhavam (desculpa, eu tive que devolver o livro na biblioteca), que foi traduzido das Mil e uma noites... Conta a história de um homem que sonha que encontraria riqueza se viajasse para outra cidade. A qual ele empreende, mas acaba sendo preso, e quem lhe prende após perguntar-lhe o que estava fazendo ali, diz para ele não se fiar em sonhos, pois ele sempre sonhava com o jardim de uma casa, em que em tal lugar havia um tesouro escondido. A descrição do quintal e da casa batiam com a do primeiro homem, que voltou para casa e desenterrou o tesouro!
Vamos lá, é importante perseguir os seus sonhos! Talvez não todos, mas ainda assim...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sempre tive um grande problema com o futuro, não gosto de pensar nele, e quando faço é apenas fantasiando, coisas que de cara eu sei que são impossíveis, e que muitas vezes eu não gostaria que acontecesse tão pouco. Mas, uma hora ou outro nós temos que pensar pelo menos um pouquinho nele, essa é a hora maldita de escolher o curso da faculdade. E quem disse que a gente realmente sabe escolher?
Eu mesmo fui um fracasso! Comecei a pensar nisso tarde, e acabei decidindo por biologia marinha que se transformou em biologia, antes mesmo de prestar as segundas fases dos vestibulares já sabia que não queria isso, depois prestei arquitetura, fiz 3 anos, para garantir que não era aquilo o que eu queria, para então não me decidir pela profissão, mas sim por aquilo que eu gosto de fazer! E aqui estou eu agora, no majestoso curso de estudos literários!
Sem ironias! Quando eu bebo tendo a tentar convencer as pessoas disso, afinal são quatro anos de um curso em que apenas o primeiro semestre tem matérias obrigatórias, e depois apenas literatura clássica 2, 4 semestres de uma língua estrangeira e as duas monografias. Todo o resto é preenchido por matérias eletivas dentro do instituto e em outras faculdades! Nós dificilmente temos prova, e a maior parte é pra ser feita em casa, não cobram presença, e nós passamos os nossos dias discutindo literatura!
Tá, então você me pergunta: mas o que um graduado em estudos literários faz? Bem, como o meu amigo Nipo sempre diz, isso é problema pra Fabi do futuro! O que eu faço agora é o que me importa. Nesse momento to irritada com a vida e com o fim do semestre, mas enquanto eu estava lendo um dia desses eu pensei: mas e se eu esquecesse de tudo que eu li? E por isso me veio a ideia de escrever um blog, para que eu pudesse fazer consultas futuras, sem encher o meu computador de arquivos word! Contudo, apesar de não querer ser lida por ninguém, não consegui começar um blog sem uma apresentação, sério, seria estranho começar com um texto sobre o Borges assim, sem mais nem menos. Quando eu era criança eu comecei um diário supersecreto em que eu me apresentei a mim mesma, coloquei foto e tudo!
Eis a justificativa do primeiro post!