quarta-feira, 14 de novembro de 2012

DOM QUIXOTE - leitura obrigatória!

DOM QUIXOTE DE LA MANCHA - M. CERVANTES



Se tem uma coisa para se dizer sobre D. Quixote é que todo mundo deveria ler.. e não a versão resumida que dão para as crianças/adolescentes lerem na escola. Sério, isso me irritou muito! Fui lá comprei os dois volumes do romance, da editora 34, que está cheio de notas de roda-de-pé, quase 2000 paginas, para algumas pessoas olharem para mim e dizerem que já leram quando eram mais novos mais não se lembram ao certo... Ah! Fala sério! Quem leu jamais se esquece das trapalhadas de Sancho Pança, ou do discernimento confuso de D. Quixote
Dom Quixote deve ser lido integralmente! E com o maior prazer possível! Pois é um dos maiores romances da humanidade. O livro foi escrito em 1605 e 1615, e ainda hoje maravilha seus leitores pela sua originalidade. Provavelmente não há personagem que se iguale ao nosso cavaleiro mentecapto!
O livro começa com D. Quixote, um fidalgo decadente, com cerca de 50 anos, solteiro e um leitor ingenuo cujo excesso de leitura o fizera perder a razão, que decide sair de casa para armar-se cavaleiro andante - figuras históricas que de fato existiram, como os cavaleiros que combateram nas cruzadas; porém, a cavalaria em que ele acreditava era aquela das novelas de cavalaria como Amadis de Gaula, Tirant lo Blanc e Orlando (e outros personagens do ciclo carolíngeo).
Ele sai de casa, com sua armadura velha, seu cavalo magro - recém nomeado Rocinante, e com o seu amor por Dulcineia Del'Toboso (que na verdade é uma simples vilã que ele jamais vira, mas que imaginara sendo a mais bela e delicada senhora, como a de seus antecedentes cavaleiros). E vai parar em uma estalagem (centro do primeiro volume) que ele acreditar ser um castelo. Lá acontece diversas trapalhadas, mas mesmo assim o estalajadeiro o arma cavaleiro. Depois disso D. Quixote volta para casa, onde seus amigos e familiares tentam fazê-lo recobrar a sanidade. A primeira  atitude é fazer uma limpeza na biblioteca de D. Quixote, assim queimam grande parte dos livros de cavalaria ali presente. Apesar disso alguns se salvam, isso porque Cervantes ao escrever o seu romance não criticava as novelas de cavalaria em si, mas os seus exemplares decadentes!
Contudo ocorre um terceira saída, em que D. Quixote leva consigo o seu escudeiro Sancho Pança, um homem analfabeto e pouco sensato, pois apesar de não ser louco participa ativamente das loucuras de seu amo. Os dois passam por diversas aventuras sendo que na grande maioria acabam machucados ou fazendo o mal. Por exemplo, D. Quixote sai da estalagem sem pagar pois não havia nada disso nos livros que lera, e com isso Sancho é manteado (jogado para cima e para baixo sobre uma manta), o cavaleiro ataca moinhos de vento pensando que eram gigantes, ou um rebanho de ovelha crendo ser um exército inimigo, um cortejo fúnebre que não quis ser cortês e também libertou presos que mereciam ser mandados para a prisão. No geral ele se dava mal, ou agia para o mal inconscientemente. E sempre que não podia explicar alguma coisa colocava a culpa em magos inimigos seus. Sancho que não acreditava em magos, mas também não conseguia ver uma explicação razoável acaba aceitando os encantamentos.
O primeiro volume é recheado de histórias paralelas em que os dois protagonistas são apenas expectadores (momentos em que D. Quixote recobra a sanidade já que não se trata de sua ideia fixa de cavalaria andante). Dentre elas estão os amores entre Dorotea e D. Fernando, e Cardenio e Luscinda - uma grande histórian de amor com vários desencontros e desentendimentos que irão se resolver; também há o caso da pastora Marcela, e o da moura e o cativo. E por fim um conto, completamente independente do texto, que é a novela do Curioso Impertinente, que conta a história de dois amigos, em que um era casado com uma bela jovem mas decide lhe testar a fidelidade, acabando de uma forma muito trágica.
O primeiro volume acaba com D. Quixote sendo levado para casa enjaulado pelo padre e o barbeiro de sua aldeia. Logo depois o cavaleiro cai doente, mas promete a Sancho que eles ainda vão voltar a sair, e dessa vez iriam para as justas de Saragoça. Com isso Cervantes prometia um segundo volume, que demorou dez anos para ser escrito. O que deixou espaço para um livro apócrifo escrito por um autor cujo pseudônimo é Avellaneda, um autor que até hoje causa intriga, mas que com certeza não gostava de Cervantes. O livro apócrifo em si não é ruim, apesar de não trazer toda a originalidade do verdadeiro. Mas seu principal valor se deu através do próprio Cervantes que o incluiu em seu segundo volume, para critica-lo e mostrar sua falsidade - chega mesmo a incluir um personagem de Avellaneda no final do seu livro.
Não há dúvidas de que o segundo volume é o mais engenhoso, apesar de a comicidade ser mais sombria. Nele o autor e o narrador brincam constantemente com o leitor, coloca capítulos que ele mesmo julga apócrifo, apesar de apresentar consequências para o desenrolar do livro. Além de fazer com que os personagens já tenham lido a primeira parte e já conheçam as suas histórias e loucuras, e por isso estão aptos a criar brincadeiras (muitas vezes violentas) para rirem dele.
D. Quixote e Sancho saem uma terceira vez de casa e seguem caminho para as justas em Saragoça. Encontrando diversas aventuras pelo caminho. Como a visita que tensiona fazer a sua senhora Dulcineia, que ele não pode encontrar por jamais tê-la visto e encarrega Sancho, que dissera tê-la visto no primeiro volume por ordem de seu senhor, Sancho que não sabe tão pouco quem ela é, escolhe uma vilã qualquer muito rustica e diz ser a Dulcineia encantada e por isso que D. Quixote não consegue ver-lhe a beleza. Também encontram o cavaleiro do verde Gabão que não consegue decidir quanto a sua loucura e o leva para casa; aventuram-se na gruta de Montesinos; ajudam na solução de um casamento sem amor; e hospedam-se no castelo de um duque.
Essa é a parte que toma grande parte desse volume. Os duques já haviam lido a primeira parte e como queriam divertir-se com os disparates de D. Quixote decidem tornar a sua casa em um imenso teatro, tudo que ali acontece é para burlar com os dois. D. Quixote montam em um cavalo de madeira que eles dizem que voou até um reino encantado onde D. Quixote vendado teria que destruir um gigante; depois montam um cortejo em que Merlim diz que para que Dulcineia se desencante é preciso que Sancho se dê mais de 3000 açoitadas, as quais D. Quixote lhe cobra até o final; e Sancho ganha seu governo de uma insula, onde é tão judiado que prefere voltar a ser escudeiro.
Depois dessa encenação D. Quixote sai de lá agradecido e segue seu caminho para Saragoça, porém encontra dois cavaleiros que leram o livro apócrifo, e para contrariar o que nele tava escrito D. Quixote decidi desviar o seu caminho e segue para Barcelona. Acontece outras tantas aventuras no caminho como na cidade (mas como eu ainda tenho uma prova hoje, vou pular para o final). Lá D. Quixote encontra o cavaleiro da Branca Lua que o desafia a um duelo, em que quem perdesse deveria fazer a vontade do outro. Esse cavaleiro era o bacharel Sanson Carrasco, da sua aldeia, que decidira que a melhor forma curar D. Quixote era entrando em sua loucura e pela segunda vez estava tentando derrotá-lo para forçá-lo a voltar para casa e ficar lá por um ano. Dessa vez Carrasco sai vitorioso, e D. Quixote deve voltar para casa. A partir disso o livro se acelera para o fim, por um tempo D. Quixote planeja comprar umas ovelhas e sair com os seus amigos para ser pastor, mas ao chegar em casa ele adoece, e quando a febre passar ele está curado também de sua loucura, percebe o quão tolo fora em acreditar naquela literatura, e morre pouco tempo depois.
O livro é sensacional de uma criatividade sem fim! Apesar de todo o conhecimento prévio que o leitor pode ter do romance devido sua enorme popularidade, não perde-se nada de seu valor. É um livro que eu diria facilmente que TODOS devem ler, reler já não sei.. é um tanto grande, eu demorei um semestre inteiro para ler, mas já sinto saudades. Acho também que não deve ser uma leitura infantil, devemos fazê-la depois de grandes, pois infelizmente a maior parte das pessoas não têm o costume de reler livros, e quando jovens não somos capazes de abarcar a grandeza desse livro!

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