quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

As vidas de Christopher Chant - Diana Wynne Jones

Não. Não, eu não li o livro em um dia. Deu quase uma semana. Na verdade eu terminei A brincadeira na quinta, comecei imediatamente a ler esse, e como eu fui viajar depois do almoço na sexta e só voltei segunda à tarde não deu tempo de resumir o livro do Kundera antes. Mas esse eu terminei ontem mesmo.
Eu não sei qual dos livros de Os mundos de Crestomanci eu gosto mais Vida encantada  ou As vidas de CC. Eu sei que não é A semana dos bruxos  nem de Os magos de Caprona nada contra, é só uma questão de gostos. E logo mais eu vou poder opinar sobre o último da coleção. Chegou em casa, Mil Mágicas é bem fininho, acho que são quatro contos que envolve personagens dos outros livros. Estou ansiosa para ler, mas tudo a seu tempo...


No início desse livro Diana nos informa que tudo o que acontece nessa história foi há mais de 20 anos, quando o Crestomanci de Vida encantada era uma criança da idade de gato. Quando ele descobre que possui 9 vidas e é levado para viver no castelo Crestomanci. E assim como gato odeia o lugar, não consegue fazer amigos, e logo enfia-se em mil confusões, muito mais sérias que a de gato.
Christopher é um garoto que foi desde pequeno criado em casa sem muitos contatos com os pais e outras crianças por isso não sabia que os seus sonhos não eram comuns. Christopher viajava em sonho pelos mundos vinculados, entrando em contato com os seus habitantes e podendo trazer coisas para o seu mundo (o mesmo de gato!). Um dia sua governanta descobre sobre estes sonhos e chama o tio de Christopher, que ao invés de ficar bravo ou chocado convida o sobrinho para participar de experiências, onde junto com um ajudante seu, Tacroy, Christopher tentaria trazer coisas de outros mundos (vamos lá, fica claro que isso é um tanto ilegal!).
As experiências vão bem, tirando as diversas vezes em que Christopher morre! A primeira vez é quando tenta levar um gato vivo do templo de Ashet para casa, mesmo tendo feito uma promessa para a Deusa Viva, ele é acertado por uma lança. Como ele morreu em um mundo diferente do seu ele tem que morrer de novo em seu mundo para que tudo se estabilize. Morre também por causa se uma armadilha feita pelo grupo de Crestomanci que tentava parar com o contrabando, e incinerado pelo fogo de um dragão. E algumas outras vezes, ele acaba o livro com apenas duas vidas!
O fato é que depois de alguns acidentes mortais seu pai desconfia de que seu filho tenha 9 vidas, e quer que ele seja treinado para novo Crestomanci, o único problema é que Christopher não tem nenhum dom para mágica (igual gato!). Seu pai persiste e o leva para um tutor, que acaba descobrindo o ponto fraco dele, Christopher não pode entrar em contato com a prata! Depois disso ele é levado para o castelo onde ele se sente só e descobre que seus únicos amigos são Tacroy e a Deusa, e os dois estão com sérios problemas, e vão precisar da ajuda de Christopher. Assim como todos no castelo, depois que toda a equipe perde seus poderes na tentativa de pegar a gangue do Assombração (o tio), além de espalhar as vidas do Crestomanci atual por todos os mundos.

No final tudo dá certo, afinal é um livro infantil!
O mais legal é que não só Christopher é o Crestomanci do primeiro livro, como também Millie sua esposa é a Deusa que fugiu do seu mundo para não ser morta, e tem a fixação de estudar em um colégio igual a personagem da sua série de livros favorita, a da Millie, que Christopher dá para ela em troca do gato.

Sério, qualquer um que tiver um tempo para ler, leia essa série, e depois a outra. Todos os livros são imperdíveis. Livros com linguagem infantil, dirigido para as crianças, mas com um conteúdo muito adulto. Afinal existem mundos paralelos? Eu gosto de acreditar que sim. Gosto das possibilidades. 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A brincadeira - Milan Kundera

Enfim cheguei ao fim do meu box. E é com muita tristeza que eu me despeço desses livres. Comecei achando levemente interessante e me motivando a chegar ao fim. E quando eu percebi que só faltavam 100 páginas para o fim de A brincadeira eu quase parei de ler, quis ler uma página por dia para prolongar. O engraçado é que eu não consegui. Harry Potter que tem toda ação por trás e você quer logo chegar ao fim, eu acho possível diminuir o ritmo, enquanto que com esse livro, em que o passado é mais importante que o presente, e portanto os fatos já aconteceram, foi impossível.


O livro conta a história de Ludvik um homem maduro que é assombrado pelo seu passado. Quando ele era jovem, estudava na faculdade e participava ativamente no Partido Comunista ele era acusado pelos seus companheiros por um certo intimismo, mas ele foi realmente culpado e expulso do Partido por causa de uma brincadeira (ele de fato tinha um senso de humor que não era nada compatível com o Comunismo. A brincadeira foi uma graça que ele quis fazer para sua namorada da época uma jovem um tanto ingênua. A carta foi lida pelas autoridades, e Ludvik foi mandado para trabalhar nas minas. Um trabalho muito desgastante e destinada apenas aos excluídos da sociedade.
Enquanto ele estava trabalhando nas minas ele se afastou de todos os seus amigos, de tudo. Tornou-se rancoroso, sabendo que qualquer um, até mesmo um amigo teria enviado ele para lá. A única luz que ele via era em Lucie, uma jovem operária muito melancólica, com quem ele começou a namorar. Ela era muito retraída e ele sempre queria mais, até que ela desaparece, e Ludvik passa o resto da sua vida imaginando ela como o único amor puro.
O tempo passa e Ludvik termina seus trabalhos nas minas, consegue voltar a estudar, tem a sua posição, entra em diversos relacionamentos superficiais, despreza os seus amigos fiéis, e aproxima-se dos que o detestam. Vive uma vida sem grandes felicidades, pois o seu passado ainda o corrói, então ele vê uma chance de se vingar, no entanto isso acaba aproximando-o de suas raízes.
A narrativa não tem um fim. Acaba em um ponto em que você não sabe se todos ficaram bem, ou mal. Mas acaba onde deveria acabar.

O que eu mais gostei do livro foi o entrelaçamento das histórias, todos os personagens estão ligados por um fio muito coeso, mas isso não fica claro logo de cara, nós vamos percebendo que eles estão interligados aos poucos.
Outro fato interessante é que o livro possui mais de um narrador, narradores tão diferentes que algumas partes são mais interessantes de ler do que outras. Muito bem escrito!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Vida Encantada - Diana Wynne Jones

Esse foi meu presente de aniversário para mim mesma, na verdade lerei todos os livros da Diana que eu tenho em casa, e comprarei outros dois que eu achei pra vender na Internet.
To aqui tentando escrever e a verdade é que não existem palavras suficientes para explicar o que eu acho sobre esse livro, sobre essa coleção Os mundos de Crestomanci, sobre essa autora. Isso tudo mudou minha vida, se eu sou hoje alguém que ama ler, ama literatura infanto-juvenil, se eu acredito em mundos paralelos, se sou um pouco ateia, tudo isso tem sua raiz nesses livros. Os melhores do mundo.
Como pode um livro dirigido a crianças discutir a possibilidade de mundos paralelos? Como pode alguém ler isso e não acreditar na impossibilidade de o mundo se resumir em vida na Terra?
Eu já amava a Diana quando criança. mil vezes melhor que Harry Potter, e ai eu ainda descubro depois de adulta que ela escreveu O castelo animado, é muito amor literário pra uma só pessoa!!


O livro conta a história de Eric Chant, ou Gato, um menininho comum, que jamais conseguiu fazer um feitiço sequer, e que desde pequeno teve vários infortúnios, como um acidente de barco onde seus pais morreram, e por isso teve que ir junto com sua irmã morar com a vizinha Sra. Sharp. Gwendolen, sua irmã, é uma bruxa muito promissora e determinada, por isso dá um jeito de ir viver no Castelo Crestomanci, para lá poder colocar em ação um plano bolado por ela e seu tutor, um bruxo duvidoso.
Quando os dois mudam-se para o Castelo ambos sentem uma atmosfera pesada, traduzida em quietude. Eles começam a ter aulas, e Gwendolen é proibida de fazer mágicas por um tempo, isso a deixa inconformada, e para chamar atenção de Crestomanci ela começa a fazer as mais variadas mágicas, como aproximar todo o pomar do castelo ou escurecer as janelas de hora em hora, e outras nem tão engraçadas, como fazer aparecer um fantasma na janela da sala de jantar. De início Crestomanci ignora tudo o que ela faz, até que ela passa dos limites e ele retira os poderes dela.
No dia seguinte quem acorda no quarto de Gwendolen, é Janet, a "presada sobressalente". A irmã de Gato de alguma forma conseguiu mudar de mundo*, e Janet é arrastada para esse mundo, o que causa diversas confusões, além daquelas deixadas por Gwendolen, assim Janet e Gato se vêm em uma confusão enorme, e a única forma que eles encontram de não se encrencarem mais é fugir para o mundo de Janet. E até mesmo isso causa um problema ainda maior, pois ao tentarem fugir eles colocam o plano de Gwendolen em ação, ameaçando a acabar com a organização mágica do seu mundo.
Tudo acaba bem. Todos no Castelo se unem para ajudar Gato e Crestomanci. Muitas questões são respondidas. E Gato descobre que é um mago, como um dos mais poderosos!


*Segundo o livro não existe apenas um mundo, mas diversos mundo paralelos. A explicação para eles é simples, a cada grande acontecimento histórico o mundo se dividia para que todas as possibilidades fossem realizadas, assim em uma guerra em um mundo a Inglaterra seria a vencedora, e em outro ela seria a perdedora. No mundo onde a história acontece a magia é uma coisa comum, e o nosso mundo, o que nós chamamos de real, provavelmente também existe, eu acredito que é daqui que a Janet vem. Como os mundos se multiplicam as pessoas que existem neles também, dessa forma existem diversas Gwendolens pelos mundos, não com esse nome, mas são todas fisicamente idênticas, algumas manias iguais, e têm até o mesmo sobrenome. Quando Gwendolen resolveu mudar de mundo ela arrastou atrás de si uma fila de duplicatas para preencher o vazio que ela deixou no Castelo de Crestomanci

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Doidas e Santas - Martha Medeiros

Mais um da coleção: minha irmã comprou no aeroporto e nunca terminou de ler.
Quando eu terminei A insustentável leveza do ser arrumei minha mala para viajar no final do ano e coloquei o último dos livros do box do Milan Kundera na bolsa, no entanto eu ainda tinha uma noite em casa, olhei a pilha dos livros para ler, e foi Doidas e Santas que me chamou a atenção. Fui logo perguntar para minha irmã o que ela tinha achado do livro. Ela não gostou, achava que as crônicas eram meio redundantes, que depois de um tempo ficava tudo igual. O que eu também conclui lá pela metade do livro.


O livro é composto por 100 crônicas escritas entre o final de 2005 e o meio de 2008.
O título se dá por causa de uma crônica, muito boa, sobre não existir mulher santa, e que todas são em algum nível doidas. Eu entendo que a Martha Medeiros não poderia escrever por quase três anos sobre tipos de mulheres, mas o título junto com essa pin-up me fizeram criar expectativas jamais cumpridas.
São crônicas. Ponto. Observações sobre o cotidiano da autora. Coisas que lhe aconteceram; livros lidos, exposições visitadas e filmes assistidos. Um pouquinho de filosofia de vida. Depois de um tempo você acaba sentindo-se íntima da autora, não sei se amiga. Ela me cansou um pouco com essa reafirmação da postura dela com relação ao mundo, essa necessidade de ser doida, de fugir do padrão, mas ser uma santa, por não conseguir infringir as leis, ela afirma ser boazinha, gentil e outras qualidades da santa. (Sim, eu continuo tentando justificar o título para mim mesma).

Não é um livro ruim. São crônicas. Eu gosto delas. Rápidas e bem-humoradas. Mas ler 100, de uma vez, da mesma autora, escritas a quase 10 anos atrás, ai qualquer um arranja alguma coisa para reclamar!

O que eu mais gostei nesse livro é lembrar de algo meu, uma... não sei que palavra para isso, esquisitice?!? Quando eu leio um livro fora do meu próprio padrão, seja um livro antigo, escrito em um português nada atual, ou tipo de texto, como as crônicas ou poemas, eu tendo a começar a pensar e escrever nesse estilo. Esses dias escrevi uma crônica, achei bem boa.