domingo, 27 de outubro de 2013

O morro dos ventos uivantes - Emily Brontë

Mais uma releitura e mais um da matéria da paixão na literatura. Na verdade o último! E para ser sincera nada melhor do que enfim chegar no final. O semestre está acabando, eu não estou nem perto de fazer tudo que eu tenho que fazer para me formar, mas é bom saber que as grandes leituras acabaram... Quanto a releitura, é como se fosse a primeira leitura. Eu me lembrava apenas que era uma história dentro de uma história, e de que Heathcliff para mim era um louco, e que aquilo não era um amor mais forte do que a vida e sim uma obsessão sem sentido. Conclui no final da leitura, provavelmente em 2010, de que eu não entendia porque esse era um clássico da literatura, e como as pessoas podiam gostar dele. Guardei na estante e lá ficou sem despertar nenhum interesse, sem ser recomendado, emprestado ou sequer lembrado.

E é por isso que eu adoro releituras! Aqui estou eu com um ótimo livro nas mãos. Com belíssimas descrições da paisagem do interior da Inglaterra, e a descrição dos relacionamentos de duas famílias ao longo dos anos, que por mais conturbadas que fossem, atingiram um final feliz que deixa aquele gostinho de esperança.
O livro é sim uma história narrada dentro da história. Quem começa narrando o livro é o sr. Lockwood, o locatário da Granja dos Tordos, cujo dono é Heathcliff, homem soturno que ele vai visitar quando chega nessa região extremamente isolada da Inglaterra, e na sua casa além de todo o descaso, o sr. Lockwood depara-se com um enigma, a história de Heathcliff e os jovens que moram com eleno Morro dos Ventos Uivantes.
Quando volta para a Granja, doente, ele pede para que a sua governanta a senhora Ellen Dean conte o que sabe sobre os seus vizinhos. Não havia ninguém melhor para narrar (e é a Nelly que vai narrar quase o livro inteiro com algumas intervenções do presente do sr. Lockwood), pois ela fora criada junto com Heathcliff e os antigos moradores do Morro, além de ter criado os dois jovens.
A história resumida era que ninguém sabia a origem de Heathcliff, ele fora trazido para morar junto com a família Earnshaw, proprietária do Morro dos Ventos Uivantes, e que de início fora protegido e predileto do dono da casa, mas que com a sua morte, e a volta do filho dele, Hindley, Heathcliff fora expulso do convívio familiar, humilhado e obrigado a ser um criado. O ódio entre os dois surgira na infância, e Heathcliff prometera se vingar dele.
Hindley tinha uma irmã, Catherine, que era muita afeiçoada a Heathcliff, era rebelde e tinha um péssimo gênio. E também isso o irmão quis mudar. E quando Hindley perdeu a mulher, e ficou na casa com um filho recém-nascido, Hareton, a situação na casa ficou ainda pior, pois ele ficou violento e alcoólatra. Essa situação só envergonhava Catherine, que se tornara amiga dos filhos do proprietário da Granja dos Tordos, o senhor Linton, crianças que eram mais refinadas e débeis. Mas, apesar de seu mau gênio, e de sua família Edgar Linton não deixa de se apaixonar por ela e pedi-la em casamento. O que ela aceita, principalmente pela conveniência disso, do fato de ele amá-la, ser rico... Mas confessa para Nelly que ela realmente amava o Heathcliff, que ele era como uma parte dela, mas que eles não poderiam ficar juntos, por causa da situação dele. Nesse dia Heathliff sumiu do Morro, o que causou uma crise em Catherine, ela tornara-se mentalmente fraca, o médico recomendou que não a contrariassem, nem a e expusessem mais a grandes emoções pois ela não resistiria mais. O tempo passou, o pai de Edgar morreu, depois de um tempo ele se casou com Cathy, e ela foi morar com ele e a irmã na Granja, onde ela era paparicada, e a Nelly foi com ela.
Uma noite Heathcliff volta, todo mudado, ele agora era um homem aparentemente rico e instruído. Na visita que faz a Granja, informa que está hospedado no Morro, e que lá pretende ficar, e Catherine faz de tudo para que Edgar aceite que Heathcliff frequente sua casa, é a contragosto que aceita. Ainda mais quando fica sabendo como se vive na casa de Hindley, dos jogos, apostas e bebidas. Mas a vontade de Catherine é feita, até que Isabella, a irmã de Edgar se apaixona por Heathcliff, mesmo que seja por todos informada do seu péssimo caráter. E ele quando descobre isso, resolve usá-la para sua vingança. Ele já conseguira com as dividas de Hindley tornar-se dono do Morro, e se se casasse com Isabella e Edgar nunca tivesse um filho homem, também possuiria a Granja.
Ele consegue fazer com que Isabella fuja com ele, e ainda no mesmo dia se arrependa. Edgar corta toda e qualquer ligação com o Morro e a irmã. Heathcliff depois da lua de mel volta para o Morro com a esposa e passa a destratá-la, até que essa consegue um dia fugir. Nesse meio tempo Heathcliff força Nelly a conseguir um encontro entre ele e Catherine, encontro esse que irá acabar por fim com Catherine, que antes da fuga dele com Isabella entrara em um estado de alucinação.
Foge e tem um filho, Linton, que Heathcliff fica sabendo mas não se importa por hora. Hindley morre, e Edgar não pode trazer o sobrinho para perto de si, pois se ele fizer isso Heathcliff tira o filho de sua irmã. Catherine morre e deixa uma filha que é batizada com o seu nome. Essas crianças crescem Hareton é por Heathcliff tratado como um animal sem nenhum tipo de educação, Catherine é mimada e cresce muito amorosa em seu lar sem a mãe, e Linton é muito débil, e vê-se forçado a voltar para a região de sua família quando a mãe morre. A intenção de Edgar é criar o sobrinho, mas Heathcliff com seu plano de vingança obriga a criança a viver no morro, mesmo odiando-a.
Mais alguns anos se passam, e as famílias não tem nenhum contato, até que os jovens já são adolescentes, e Cathy descobre que seu primo Linton que ela vira apenas uma vez morava muito próximo dela, e ela quer manter contato, o que é sempre proibido mas ela dá um jeito, e como uma criança tola ela se apaixona por ele. E o Heathcliff vê seu plano melhorado, com a possibilidade de casar seu filho com Cathy para desespero de Edgar e ainda ficar com sua fortuna, pois era óbvio que o filho morreria logo. Mas também Edgar estava muito doente, e acaba por desejar o casamento da filho com Linton, pois não sabia de seu caráter, pois apesar de não se parecer fisicamente com o pai, era ele também muito egoísta e insensível. Cathy descobre isso, e poderia muito bem não se casar, se Heathcliff não tivesse tramado para que Cathy e Nelly entrassem no Morro e lá fossem aprisionadas até que Cathy estivesse casada com Linton.
Heathcliff consegue seu intento. Edgar morre. Cathy é obriga a viver no Morro, separada de Nelly, desprezando tudo e todos que lá viviam. Linton morre depois de muito pouco tempo. E a situação fica como Lockwood encontrou, Cathy apesar de sua beleza torna-se arrogante e sem educação, Hareton admira a prima mas só vê em sua atitude descaso e ódio, Heathcliff não a suporta e tem prazer em destratá-la.
Lockwood enttão decide abandonar a casa, pois o isolamento não lhe fizera bem. Vai informar isso a Heathcliff, levando consigo uma carta de Nelly para Cathy. Nessa visita ele vê um outro lado da menina, e de Hareton, é como se ao ouvir a história de suas vidas ele já fosse amigo deles. Defendeu Hareton por tentar se instruir para agradar a prima, que só sabia rir dele. Falou com Heathcliff e foi embora. E voltou no verão só por acaso. E encontrou tudo mudado. Heathcliff morrera, e os dois jovens estão noivos.
Nelly conta o que ocorreu depois que Lockwood partiu. Heathcliff ficou muito estranho, não tinha mais prazer em atormentar Cathy, apenas banira-a do seu convivio, trazendo Nelly para o Morro para lhe fazer companhia. Os primos deram trégua as suas brigas e tornaram-se amigos. Heathcliff parou de comer, parou de brigar e parecia ver alguma coisa que ninguém mais via, e isso o deixava feliz. Morreu e deixou todos livres para serem felizes.

Resumo confuso, por ser uma história complexa e cheia de personagens...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

O livro é o único romance de Oscar Wilde, e uma obra prima da literatura mundial (é isso ai vou ficar lambendo o livro mesmo!). Mais um da lista de livros para ler antes de morrer. E esse de fato o é. Todo mundo já ouviu a história de Dorian Gray! É quase como um Dom Quixote! Como Dom Quixote é leitura obrigatória! Fazia muito tempo que eu não me apaixonava por um livro como aconteceu com esse. Sério, sem palavras! Não conseguia parar de ler, e quando parava era para pensar sobre ele, e se dessem uma brecha falar sobre ele! LEIAM! LEIAM! RELEIAM!


O livro conta a história do jovem Dorian Gray que tinha tudo que alguém poderia querer, a juventude unida a um carisma e a uma riqueza espantosos. Dorian torna-se rapidamente amigo de um pintor da moda Hallward Basil, que desenvolve por ele uma idolatria, Dorian o influencia com tal intensidade que mesmo quando Dorian não está sendo retratado ele está presente em suas obras. Basil decide pintar um retrato em tamanho real de Dorian, que será a sua obra prima. No dia em que a obra é finalizada, está presente no estúdio lord Henry Wotton, antigo amigo de Basil, homem singular cujas frases são aforismas, e possui opiniões polêmicas sobre tudo.
Basil de início não quer que Henry conheça Dorian, pois conhecia o caráter de seu velho amigo e sabia que a pureza de Dorian seria por ele corrompida. Mas, nesse dia não consegue evitar e o encontro. E de fato Henry desperta algo em Dorian logo na primeira conversa, em uma defesa da beleza e da juventude que são os maiores bens do homem. Assim, quando Dorian é chamado para ver seu retrato o jovem se desespera ao saber que o quadro jamais envelheceria, que este se manteria sempre belo, enquanto ele definharia com a passagem do tempo. Em seus desespero ele pede, em uma espécie de oração, para que o quadro tenha os efeitos do tempo em seu lugar, e ele possa ser sempre assim.
Dorian e Henry ficam cada vez mais amigos, Henry sempre colocando seu ceticismo na cabeça de Dorian. Esse no entanto se apaixona por uma atriz de um teatro de quinta, Sibyl Vane, linda e também muito jovem. Ele vai diariamente assisti-la, o que o encanta é a sua forma de atuar, o fato de cada dia ser uma pessoa diferente. Informa seus dois amigos de sua paixão, e os convida para conhecê-la. Mas, no dia anterior a isso eles tornam-se noivos, velados, sequer diz seu nome completo para ela, que apenas o chama de Príncipe Encantado. Por mais que ambos os amigos sejam contra o casamento (o principal motivo é a diferença social entre eles), eles vão ao teatro. Contudo, nesse dia a atuação de Sibyl é deplorável. Henry e Basil saem antes do final da peça. Dorian aguenta todo o sofrimento até o final. Depois vai encontrar a noiva no camarim, e lá ela toda apaixonada e feliz, sabendo da sua péssima atuação, diz que não será mais capaz de atuar pois só conseguia fingir a paixão de outros antes de sentir a verdadeira. Isso é o fim para Dorian, que a destrata, diz que não mais a ama, e que ele nunca mais a verá.
Chegando em casa Dorian repara que seu quadro, por mais incrível que fosse, tinha mudado, a expressão nos lábios já não era a mesma, havia algo de mal nela. De início não acredita, depois de um olhar cuidadoso vê que é a realidade, esconde o quadro. E associando isso à maldade que cometera com Sibyl, ele decide escrever-lhe uma carta pedindo desculpas e reatando com ela. No dia seguinte, depois de mandar transferir o quadro para um quarto que só ele teria acesso, ele recebe a visita de Henry, que vem lhe informar da morte de Sibyl, que se suicidara.
Dorian passa um tempo pensando sobre tudo isso, o efeito no quadro, que reproduzia sua alma. Até que lorde Henry lhe envia um livro que tudo muda. Dorian vê que sua alma já não tem jeito, que ele foi presenteado com uma beleza e juventude eterna e que o melhor que ele tem a fazer é aproveitar. Torna-se um devasso libertino. Todos que dele se aproximavam eram por ele corrompido (não sei se o livro corrompeu Dorian, Henry ou o quadro de Basil), apesar de seu carisma as pessoas direitas começam a evitá-lo. Os anos se passaram, Dorian deveria ter quase 40 anos, mas ainda aparenta ter recém-saído da adolescência (e ninguém acha isso estranho!) e seu quadro está horrível. Até que um dia Basil vai visitá-lo pois ouvira coisas horríveis sobre seu amigo, de quem se distanciara, e queria saber se era verdade, pois não acreditava que uma alma horrível pudesse ter uma aparência exterior tão bela. De início Dorian nega, mas então ele é tomado de tal raiva que decide por mostrar o quadro para Basil, revelando assim a verdade. Quando ele vê sua obra tão degradada, sabendo que isso refletia o caráter de Dorian, Basil chora. Mas Dorian está irado e decide matar Basil.
O assassinato é encoberto muito bem por Dorian, que através de uma chantagem consegue fazer com que um antigo amigo incinere o corpo dentro da sala. Ele mesmo destrói os pertences que ficaram na casa. Ninguém sabia que ele lá estivera, e ainda estava de partida para Paris, assim até notarem seu sumiço demoraria. Contudo, a consciência de Dorian pesa. E isso o vai consumindo aos poucos. A saída que ele encontra é o ópio. Mas nem isso dá muito certo pois lá, ele é reconhecido pelo irmão de Sibyl que prometera matá-lo. Consegue convencê-lo de que não pode ser o Príncipe Encantado pois ele era novo de mais para isso. E depois refugia-se na sua casa de campo. Mas James Vane descobre que é aquele mesmo, que sua aparência não muda nunca, e o segue. Dorian começa a ficar paranoico, achando que ele será punido pelo seu crime. James no entanto é morto por acidente, o que alivia Dorian.
Depois desse episódio Dorian decide que irá mudar, que será uma pessoa melhor. Ao informar Henry esse ri, acredita que a primeira atitude que Dorian teve como um homem melhor era apenas um ato de vaidade. Dorian fica confuso, e decide matar a curiosidade olhando seu antigo quadro, para saber se nele houvera alguma melhora. Ao olhá-lo depara-se com algo horrível, cheio de manchas de sangue. Em seu desespero decide por destruir o quadro, assim como destruíra seu pintor. Para ele a obra era a culpa de tudo.
Ouviu-se na rua um grito horrível. Depois dos muitos esforços para entrar no quarto, quando o conseguiram lá encontraram o quadro do belo Dorian Gray, e no chão, morto, um homem arruinado, que só pode ser reconhecido pelos seus anéis.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A confissão de um filho do século - Alfred de Musset

Quando eu estava no meu primeiro ano da graduação comecei a fazer uma lista dos livros que eu queria ler antes de morrer. Eu já havia lido muito, mas os clássicos começaram a serem citados em profusão e eu percebia que eu não havia lido tanto assim. Talvez mais que a média nacional. Mas ainda me faltava muito. Listei-os, estão sempre a minha vista para eu sempre me lembrar de que eu ainda tenho que ler as obras completas de Dostoiévski, ler Joyce, Balzac, Manzoni, Proust, Dickens ....
Aprendi, também no primeiro ano da faculdade, que os clássicos são clássicos por algum motivo. Se alguém escreveu um livro séculos atrás e as pessoas continuam lendo, com certeza existe um motivo. Cada vez mais eu descubro as suas belezas.
Talvez A confissão de um filho do século não seja assim tão clássico. Mas foi o primeiro livro que entrou para a minha lista. Algum professor, ou algum texto, fazia uma citação do seu segundo capítulo, um explicação do mal do século XIX, dos jovens que depois do fim das guerras napoleônicas se viram jogados em uma indiferença. Eu me apaixonei ai, foi quase um elogio à morte, mas ainda assim:

"Era o ar desse céu sem mancha, onde brilhava tanta glória e resplandecia tanto aço, que a juventude da época respirava. Os jovens sabiam que tinham nascido para hecatombes, mas julgavam Murat invulnerável: o imperador fora visto passar numa ponte onde sibilavam tantas balas que não se sabia se iria morrer. Mas, se devesse morrer, que importava? A própria morte era, então, tão bela e tão grandiosa, tão magnífica com a sua púrpura fumegante! Parecia-se tanto com a esperança, ceifava espigas tão verdes que parecia tornar-se mais moça, e não se acreditava mais na velhice. Todos os berços de França eram escudos, e todos os túmulos também. Não havia velhos. Só havia cadáveres ou semideuses."


O romance é narrado em primeira pessoa pelo jovem Otávio que desde muito cedo tem grande liberdade, que lhe é cedida pelo pai e pelo dinheiro. Otávio tinha uma amante, uma viúva, que era tudo para ele, e apesar de ser jovem ele parecia capaz de um amor muito sincero. Um dia, num jantar, ele descobre carícias entre sua amante e um amigo de infância. Otávio teria sido incapaz de duvidar, mas tendo as provas, conseguindo a confissão de sua amante. Desafio seu amigo para um duelo, do qual Otávio sai com um tiro no braço, nada mortal, ele fica de cama. Sua pior doença são seus sentimentos. Ele acha que vai morrer, não pode amar outra pessoa, mas aquela que ele ama não merece isso.
Ele beira a depressão (por mais que essa não seja a palavra usada). Ele só sai dessa situação com a ajuda (se é que podemos chamar assim) de seu amigo Desgenais, um libertino, que cético, não acredita no amor, mas sim no prazer. Para ele Otávio deve sair e ter quantas amantes quiser sem se importar que ela ame outro no dia seguinte, conquanto que ela o ame naquele exato instante. De início Otávio reluta, mas quando ele sabe que sua antiga amante não só traíra o outro amante, como também zombara dele, ele decide tomar uma atitude: cair na vida libertina, na qual ele já dera os primeiros passos.
Otávio narra sua vida de devassidão muito superficialmente, parece que em meio as orgias, aos jantares, era outra coisa que o interessava. Ele afirma que ele não conseguia distinguir amor de prazer. Conta apenas sobre duas mulheres que possuiu. 
Mas isso é interrompido com a morte de seu pai. Então ele se retira no campo onde sofre imensamente, pois não conseguira se despedir de seu pai, e sabe que ele queria muito lhe falar, e que seria para pedir que ele tivesse uma vida direita. Otávio se tranca em casa, e só aos poucos começa a passear pelos campos, ajudar os pobres, parece estar muito mais direito. Até que conhece a senhora Pierson, outra viúva, que morava ali perto com a tia. Ele com ela trava amizade e passa a frequentar a sua casa, e então está perdidamente apaixonado, mas sabe que não pode se declarar.
Resiste ao máximo, até que ela descobre e manda ele embora, e ela mesma vai viajar. Ele não desiste, não tem nada a perder. Tanto faz que descobre que também ela está apaixonada por ele, mas que por causa da sua história de vida não queria se envolver. Mas já não era mais capaz de resistir. No começo eles vivem um belo amor. Até que Otávio não consegue simplesmente amar, com seu amor une-se uma desconfiança, um desejo de a ver sofrer para que não seja ela a fazê-lo de tolo. E apesar de toda a sua maldade ela continua o amando. 
E vão vivendo, a vila começa a denegrir a imagem dela. Eles resolvem fugir e viver juntos em paz. Antes de decidirem o rumo param em Paris e lá ficam por um tempo, chegam cartas de seus últimos parentes vivos, e Brigida (a senhora Pierson, já somos íntimos) adoece, fica triste, e recebe a visita de um jovem que ela conhecia desde criança. Otávio quer sofrer e por isso quer ver entre eles um relacionamento, tenta de todas as maneiras. Até que no derradeiro movimento ele a força a dizer o que sente. Ela diz que sua tristeza é por aquilo que ele causa a ela e não por outro amor, que ela o ama e que quer ficar com ele, mas ele a afasta sempre, e que se ele vê outras coisas ela não tem como se defender (aqui eu vi claramente uma relação com Bentinho e Capitu).
Depois dessa confissão Otávio pensa em abandoná-la, em se matar, em matá-la. Há um outro elogio à morte. No momento em que ele vai apunhalá-la ele encontra um crucifixo que  ela herdara da tia em seu peito, e passa a acreditar em Deus, na religião. Cristo havia salvado ela. Atordoado e cansado ele vai dormir. Mas não sem antes encontrar uma carta de Brigida para esse antigo amigo, no qual ela lhe declarava o seu amor. Sendo não culpada, pois mantera-se fiel, e estava disposta a morrer por Otávio, mas amava outro.
O último capítulo é narrado em terceira pessoa. Um casal feliz compra alianças, entram em um café, lá na intimidade já não parecem tão felizes. Otávio está se separando de Brigida, deixava ela ser feliz com Smith, viajava ele. No começo ele mandaria cartas para que não fosse um rompimento brusco, mas aos poucos ele pararia. Ele nunca mais a veria. O amor que ele sentia não suportaria isso. Mas ele vai embora feliz, pois das três pessoas que sofreram com aquele louco amor, só uma ficaria triste.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Terror - Arthur Machen


Esse é um livro bem curtinho, mesmo com um posfacio de mais de 30 páginas, uma coleção de contos (se é que podemos chamá-los de contos, para mim são textos sugestivos cuja sugestão em muito casos eu não fui capaz de capitar, e por isso permaneceu por segundos apenas uma sensação) unidos com o nome de Ornamentos em Jade, todo o volume não chega a 200 páginas. O romance que dá título ao texto não tem 100 páginas...
O livro é muito bem contextualizado, se passa durante a 1° Guerra Mundial, momento em que na Inglaterra segundo o narrador, havia uma grande falta de comunicação, os jornais estavam proibidos de publicar qualquer informação que não passasse pela censura, assim os casos estranhos que ocorriam, tornavam-se logo rumores, e o povo que habituara-se a acreditar apenas naquilo que lia, ficou completamente alienado. As pessoas tinham uma suspeita do que acontecia perto de casa, mas aquilo que ficava longe não lhes chegava ao conhecimento, e as próprias pessoas não gostavam de falar sobres estranhos rumores de então.
O narrador é um jornalista que foi destacado para investigar casos estranhos que ocorriam em uma região rural, de mortes inexplicáveis. Porém, antes de conversar com médico local, o dr. Lewis, ele conta o primeiro caso estranho de que ele tomara conhecimento, naquela época conturbada, um antigo conhecido seu, era piloto de guerra, e morrera perto de sua base ao ser "atacado" por um bando de pombos que derrubou o avião.
Nessa região rural o caso que atraiu o narrador foi o de uma família que foi encontrada morta com os rosto destruídos, e não havia nenhum rastro que pudesse indicar o assassino. Cogitou-se um serial killer, alguém da própria região com distúrbio de personalidade... até que mortes tão estranhas quanto se multiplicaram, corpos que caíram de precipícios, se afogaram no pântano, sufocaram sem nenhuma marca, ferimentos sem explicação (todos durante a noite). O médico não conseguia explicar, mas um dos moradores da aldeia tinha uma teoria interessante do Raio Z, que seria algo criado pelos alemãs para gerar uma violência em seres vivos que depois que sua influência passavam voltava ao normal, uma técnica do inimigo para espalhar o terror. A teoria de que isso era obra dos alemãs torna-se quase certa, mesmo que para isso eles tivessem que ter construído cidades subterrâneas... Depois aparecem umas luzes, como se fosse parte de uma nuvem, ou de uma árvore... o mistério se intensifica, isso se você não tomar aquela sua primeira ideia absurda como solução do problema, ou concordar com a teoria dos alemães.
Até que se atinge a última história do terror naquela região, em que um fazendeira é morto com uma ferida do lado de fora de casa, e sua família (a mulher e dois filhos) mais um hóspede são encontrados mortos pela casa muito provavelmente por falta de água, pois tudo indicava que eles estavam sitiados. O dr. Lewis encontra uma carta do hóspede, que era um conhecido seu, em que conta tudo o que ocorrera, ou que ele achava que ocorrera, pois não sabia mais se ainda não estava louco, se estava acordado ou dormindo. E com isso acaba essa época do terror.
No último capítulo o narrador conversa com o médico, e eles chegam a uma conclusão do que gerara aquele terror. O fim sinceramente para mim podia ser outro. No geral não entraria na lista de livros que eu indicaria, mas com esse fim, está entre os livros que eu diria boa sorte, lê ai... interessante, mas decepcionante! Lê ai! 

sábado, 5 de outubro de 2013

Orgulho e Preconceito - Jane Austen

Lembro ainda da primeira vez que ouvi falar desse livro. E para ser sincera é ainda uma das minhas referências favoritas a ele. Foi no filme Mensagem para Você, e com certeza a Meg Ryan e o Tom Hanks ficam em segundo lugar como o meu casal favorito do cinema (tudo bem é só uma releitura... mas ainda assim muito melhor que a Keira Knightley). Perdem só para o Collin Firth e a Jennifer Ehle, da minissérie da BBC, que foi o que me levou a ler o livro.
A minissérie passou na TV como filme, e eu só consegui pegar a segunda parte, o que além de me fazer entender tudo errado, me estimulou a curiosidade. Comprei o livro em 2006, e sem nenhuma vergonha, ou sentimento de que apliquei mal o meu tempo, o li uma vez por ano desde então, com essa somam-se 8 vezes. É claro que eu já sei o que vai acontecer, e a ordem, e os sentimentos, as expressões e em muitos casos as palavras...
Recentemente eu obtive uma explicação muito plausível para esse sentimento que me impossibilita de ficar uma ano sem ler Orgulho e Preconceito, e que também me faz reler inúmeras vezes muitos outros livros. A explicação veio de uma conversa entreouvida na cantina do ifch, por um casal que mal se conhecia, e que realmente achavam incrível que os dois gostavam de reler livros, por favor! atravessem a rua e conversem com o povo do iel! Mas de qualquer forma, um dos dois, acredito que o moço, disse que ao reler o livro era como se ele estivesse revisitando seus amigos, que ele sentia saudades dos personagens. E é exatamente isso, eu me identifico com os personagens, quero ouvir suas histórias de novo, assim como nós contamos aos nossos amigos os nossos infortúnios, e muitas vezes escutamos histórias repetidas... sinto uma grande saudade da família Bennet, que eu costumo reencontrar todas férias de inverno. Esse ano por causa da monografia, isso teve que ser atrasado um pouco, mas o prazer foi o mesmo. E para minha eterna surpresa eu consegui encontrar algo de novo, como acontece todo ano.


Não querendo estragar o prazer da leitura a qualquer que um dia leia isso daqui, não me atreverei a tentar resumir esse livro. Não sei se é o meu livro favorito, talvez, com certeza está no topo da lista. Jane Austen o escreveu com apenas 21 anos (em 1797), e eu nos meus 24 não poderia contar a mesma história. Ela se dedica ao detalhe da vida cotidiana do campo na Inglaterra do final do século XVIII, vida que é completamente agitada com a chegada de um jovem rico, que segundo o conhecimento geral deveria estar a procura de uma esposa, e seus parentes e amigos. Esse jovem, Mr. Bingley se apaixona pela mais velha das jovens Bennets, que por causa do comportamento bizarro de sua família, além de sua baixa posição social, apesar de retribuir o amor do jovem, é obrigada a ver ele abandonar a região e voltar para Londres, tudo por causa da ação de seu melhor amigo, que vê o casamento dos dois com maus olhos, e por isso o persuade de que ela não está apaixonada, e depois esconde a presença dela em Londres, quando esta visita os seus tios. O amigo em questão é Mr. Darcy um jovem ainda mais rico e bonito, mas que por causa de seu orgulho (digamos justificável) consegue com que toda a localidade o deteste, em especial Elizabeth Bennet, quem ele de início desdenha, depois reconhece alguma beleza e por fim se apaixona. Ele consegue afastar seu amigo, mas o seu sentimento é mais forte, e ele vai atrás dela. Mas ao declarar o seu afeto (ele ardentemente a ama) vê tudo recusado por ela sem nenhum tipo de gentileza, afinal ele nunca demonstrara nenhuma admiração, ele declarara seu amor em termos a mostrar o quanto isso era negativo, e além de tudo ela ficara sabendo pelo primo dele que fora Mr. Darcy quem causara a infelicidade de sua irmã, e também tinha o caso de Mr. Wickham (um jovem oficial muito bonito e cativante, que Elizabeth simpatizara, e depois lhe contara as coisas horríveis que Mr. Darcy havia feito).
Mr. Darcy resolve se explicar em uma carta, mostras os motivos da separação de Bingley com a sua irmã (que eu ainda acho fajuta, mas dá para entender a lógica com que Lizzy os aceita), e conta a verdadeira história de Mr. Wickham que na verdade é um interesseiro sem escrúpulos. A partir dai os sentimentos de Elizabeth começam a mudar. Um tempo passa, e ela vai viajar com seus tios pela região em que sua tia morara por um tempo, e que vinha a ser exatamente a que Mr. Darcy residia. Lá eles se encontram e as maneiras do cavalheiro mudaram muito e para melhor, o que, além da vista da casa dele, cooperou muito para a mudança de sentimentos de Lizzy. Mas a visita tão cordial é interrompida bruscamente, com a fuga da irmã mais novo de Elizabeth com Mr. Wickham, um escândalo que colocaria toda a família em uma situação ainda pior se eles não se casassem, que era o que as pessoas suspeitavam (é aqui que reside a minha descoberta desse ano, a do ano passado está em uma parte que eu omiti desse ordinário resumo, junto com os personagens da família Lucas e Mr. Collins). Tudo se resolve da melhor maneira possível, e tudo graças a Mr. Darcy, e quando Elizabeth tem a chance de agradecê-lo, pois por mais que isso fosse um segredo como todos os demais daquela sociedade sempre chegava aos ouvidos de alguém, os dois se declaram e vivem felizes para sempre. Assim como Jane e Mr. Bingley que recebera a declaração do amigo sobre seus atos passados, e resolvera renovar seus afetos.

Contando assim não é grande coisa. Mas se você consegue entender o quão ardente é o amor de Mr. Darcy por Elizabeth então, pronto, nenhum homem jamais amara o suficiente. Pode ser de todo o coração, pode ser eterno, mas acima de tudo tem que ser ardente.
Já estou quase ansiosa para que o ano que vem chegue logo e eu os reencontre.