terça-feira, 14 de julho de 2015

Aquela segunda vez em que eu retornei...

Vou contar uma história frustrante. Existia uma menina que não sabia o que fazer da vida, prestou biologia mas já sabia que não queria, depois de um ano prestou arquitetura e descobriu depois de um tempo que também não queria, então ela se descobriu em estudos literários, curso maravilhoso. Mas na primeira festa em que vai, no novo curso, ela conhece um veterano da primeira turma formada que lhe pergunta: "Ganhar mil reais por mês tá bom pra você?". Bem, não tá não. Durante o curso, ela tentou encontrar um estágio na área que ela queria trabalhar, editoração de texto, mas nada, o mercado de trabalho estava em outra cidade. Formada ela também não conseguiu trabalhar. Ela precisa de dinheiro, então eis uma opção, prestar concursos públicos, entrar em um ter, ter dinheiro e continuar a vida acadêmica, ou só ter dinheiro e tempo para fazer o que gosta. E sinceramente ela gosta de estudar, estudar para concursos públicos pra ela é fácil, tem a disciplina necessária. Mas então vem a tragédia: um dia antes do próximo concurso público, aquele para o qual ela mais estudou na vida, no sábado, já quase domingo, o gatinho novo que sua mãe arranjou, derruba uma garrafa de água em cima de seu computador. É, ele pifou... Não basta pifar, a segunda fase do concurso é prova de digitação e o computador continua com o técnico depois de dois meses... E aqui está ela escrevendo em um computador emprestado!
E sinceramente, eu to tão tensa com esses estudos que talvez não me lembre de todos os livros que eu li durante esses meses.

O primeiro é claro foi Convergente, o último da saga. Eu não gostei, talvez eu tenha achado péssimo. Quero dizer, o primeiro foi bom, deixando só no ar que talvez eles estivessem trancados e não trancando algo para fora. No segundo eles revelam que de fato eles estão presos e fazem parte de uma experiência pós uma guerra causada por modificações genéticas. No terceiro, eles vão para o mundo de fora que também está um caos, e eles tem que salvar a sua cidade de ter sua memória apagada. Mas, ficou meio tosco, vem a explicação para divergente, e na verdade divergente é curado... CHATO. A Tris e o Três só brigam.. Mas o pior de tudo é que o livro foi dividido, ele é narrado cada hora por um deles, e às vezes o Três é feminino demais... Eu não gostei e pronto.

Depois eu comprei o primeiro volume das Obras Completas de Adolfo Bioy Casares. Com livros como A invenção de Morel, Plano de fuga e outros de contos, todos fantásticos para minha alegria e diversão. Terminei o último conto hoje! Lindo! Maravilhoso! Comprem!!!!!

Li também todos os grandes livros da Jane Austen, em ordem cronológica de publicação. Começando por Razão e Sensibilidade, livro que ganhou muito no meu conceito desde a primeira leitura, a questão que me incomoda nele é que a narração é diferente dos demais, ainda que muito próxima, acho que é meio que o ponto de vista, como se os personagens só fossem retratados por um único ângulo, enquanto nos outros livros eles são muito mais complexos, mas ainda assim dessa vez eu gostei. Depois veio o mais que venerado Orgulho e Preconceito e acho que não preciso dizer nada, o que dava já foi dito antes. Seguido de Mansfield Park que sempre foi um livro do qual eu gostei muito mas sempre reescreveria o final. Acho que a questão é de contexto histórico: Fanny Price não pode aceitar Henry Crawford porque ele já namorara outras, mesmo dando diversas provas de que estava sinceramente apaixonado por ela e disposto a fazer tudo por sua felicidade, e também porque estava apaixonada pelo primo (eca!). Esse livro é muito bom, mas se eu fosse a Fanny as coisas seriam muito diferentes! O próximo foi Northanger Abbey que continua sendo tão diferente dos outros que fica difícil  expressar minha opinião. Ainda é uma jovem de origem humilde que se apaixona por um homem, mas antes de ser feliz para sempre recebe a proposta de casamento de outro homem, mas dessa vez não há uma descrição do processo de se apaixonar, ele foca muito mais nas fantasias da heroína, do que no amor, ao ponto de ao chegar no final eu não ter muita certeza se ele a amava ou não. E por fim, o delicioso Persuasão, um livro que vale só pelo ápice do penúltimo capítulo, mas que ainda assim é muito bom na narrativa do cotidiano de jovens e seus amores.

Li também Cidades de Papel do John Green, eu vi o trailer do filme e descobri que a mocinha tem o mesmo nome que o meu gato, ai eu resolvi ler, e também porque minha amiga estava lendo outro livro dele e eu baixei alguns... Eu não gostei do livro. A culpa é das estrelas é muito pior com um tema muito mais clichê. A ideia desse livro é muito boa, mais profunda, sobre quem nós somos, e quem as pessoas pensam que somos, e como nós vemos as pessoas... mas o livro decepciona!

Eu terminei de ler também o muito tenso Precisamos falar sobre Kevin, o que eu mais gostei desse livro é que ele foi muito bem estruturado, em cartas, nas quais a mãe de um adolescente que fez um massacre na sua escola, conversa com seu marido (você logo sabe que eles não estão mais juntos), lembrando desde o início, do seu nascimento, das aversões que ela tinha pelo bebê, enquanto o pai só via as coisas boas... é um livro tenso, e não pelo massacre, mas pela forma fria como a mãe vê e relata tudo. Só me incomodei com o final. Você seria capaz de perdoar seu filho?

Bem, que eu me lembre foi isso...de qualquer forma se alguém tiver dúvida em direito constitucional é só perguntar....

terça-feira, 14 de abril de 2015

Insurgente - Veronica Roth

É incrível o quão rápido é possível ler esse tipo de livro. Eu sinto que estou estudando até a exaustão esses dias, e ainda consigo ler um livro em uma semana. Insurgente já não traz a novidade de Divergente, assim o começo do livro vira uma tentativa frustrada da autora em conseguir trazer profundidade para sua personagem principal, mas a verdade é que seu livro narrado em primeira pessoa não permite isso, por mais que Tris tenha todos os motivos do mundo pra sofrer, ainda é um livro de ação. No entanto é essa ação, que eu pareço reclamar, que salva o livro. Quando as mentiras e os planos paralelos se multiplicam, e a promessa de uma revelação capaz de mudar o mundo fica no ar...


O livro começa de onde Divergente parou. Ou seja, a cidade está um caos depois que Tris e Tobias conseguiram desativar a simulação da Erudição. Parte da sua antiga facção tornou-se traidora e se aliou à Erudição e o resto se refugiou na Franqueza, enquanto Tris, Tobias e alguns membros sobreviventes da Abnegação estão na Amizade.
No entanto, esse último grupo precisa fugir, e na sua fuga eles encontram os sem facção. Que não são tão pobres coitados assim, na verdade eles estão muito bem organizados, e pretendem destruir a Erudição e todo o seu conhecimento, mas para isso eles precisarão da ajuda da Audácia. Ai as intrigas começam, Tris acredita em Marcus, o pai odiado de Tobias, e por isso não acredita que a solução seja destruir a Erudição, pois eles possuem uma informação valiosa, pela qual os pais de Tris estavam dispostos a morrer. Já Tobias parece acreditar e gostar de um mundo sem facções, que a sua mãe, Evelyn, lhe propõe, caso ele consiga um aliança entre a Audácia e os sem-facção. E além disso, os dois ficam guardando seus segredos, enquanto Tris sofre pela morte dos pais e a culpa por ter matado seu melhor amigo...
Enquanto isso a Erudição não está parada, e para tentar conseguir o controle sobre os divergentes, sua chefe, Jeanine, consegue fazer com que Tris se voluntarie a ir em direção a própria morte, momento adequado para que essa descubra que não é isso que ela quer.. Uma fuga inesperada, uma traição e a verdade revelada...

Pra ser sincera o livro vale mais pela verdade, uma dúvida que já dava para ter desde o primeiro livro e que enfim é explicada, não muito bem. Não sei se eu estou lendo muito rápido ou se realmente há muitos erros de nexo no livro, partes mal explicadas, esquecidas... além dos erros de revisão... De qualquer forma não esperem muito do terceiro e último livro, logo na sinopse do livro eu já quis desistir. Mas, agora só falta um, e seu consegui ler toda a saga Crepúsculo, eu termino essa.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Divergente - Veronica Roth

Eu estava aqui pensando o que me faz gostar tanto assim de livros de aventura. Por que chamá-los de aventura? Talvez distopia seja melhor, nesse caso, utopia, em outros... a questão é que esses livros de aventura são fugas da realidade. Podem ser mundos completamente diferentes do nosso, ou então versões dele, em que a sociedade da terra já não vive mais como nós. O mais famoso de todos 1984 de George Orwell, e é considerado um livro ótimo (de fato o é), sério e digno de estudos. Mas a trilogia Divergente ainda não o é. Por enquanto, é mais um livro de uma jovem vulnerável que encontra da sua força para salvar sua vida e se apaixona no meio do caminho, qualquer semelhança com Jogos Vorazes e de uma forma indireta com Crepúsculo e outros tantos em que a mocinha já não é tão frágil e espera pelo beijo do príncipe encantado, como era costume na minha infância.
E eu descobri o que eu gosto tanto neles, se eu mesma tenho completa consciência de sua bobagem, por falta de palavra melhor. Eu gosto da descrição da flerte, não o flerte em si, mas aquele momento antes do primeiro beijo, a tensão. Essas autoras são muito boas em fazer isso. Depois que eles já estão apaixonados eu assumo que perco um pouco a ânsia de ler, mas ai já estou envolvida pela história, e preciso saber o final.


Divergente conta a história de Tris, uma menina de 16 anos que vive em uma Chicago completamente diferente da atual, tanto fisicamente quanto na sua estrutura social. Não há grande explicação quanto ao que aconteceu para eles chegarem nesse ponto, mas aparentemente, foram guerras. Assim a população sobrevivente se dividiu segundo suas crenças no que era necessário para manter a paz. Com isso, surgiram 5 facções Abnegação (acredita no altruísmo), Audácia (acredita na coragem), Erudição (acredita na inteligência), Amizade (bem acredita na amizade e cooperação, eu acho) e a Franqueza (acredita na verdade). Eles têm lá a sua organização, se ajudam para gerir a cidade, mas seus membros não têm muito contato entre as facções, mas isso não significa que se você nasceu na Abnegação você tem que morrer lá.
Aos 16 anos os jovens de Chicago participam de um teste de aptidão em que descobrem a qual das cinco característica eles se alinham. No entanto, o resultado de Tris é Divergente, ou seja ela não é nenhum deles, ou melhor é 3 deles, e isso é um perigo para o governo, assim ela tem que esconder isso de todos. 
No dia em que ela tem que escolher a que facção ela irá pertencer pelo resto de sua vida, ela decide pela Audácia, mesmo sua família sendo da Abnegação. A iniciação na Audácia começa antes mesmo de chegar no seu complexo. Ela pula em e de um trem em movimento. Salta do topo do teto de um prédio sem saber o que tem lá embaixo, para descobrir que nem todos os iniciandos irão passar pela iniciação. Tris tem que se esforçar muito, mas pela primeira vez tem amigos, liberdade para fazer perguntas, se tatuar, comer qualquer coisa... Apesar de todas as dores ela sente que lá é o seu lugar, ainda mais quando começa a se interessar pelo seu treinador Quatro. 
No dia seguinte em que ela realmente passa a fazer parte da Audácia, em primeiro lugar. ela acorda no dormitório com todos os seus amigos agindo como sonâmbulos, ela tenta imitá-los, pois já suspeitava do que estava acontecendo. A Erudição junto com alguns chefes da Audácia. através de um soro da simulação, transformaram toda a Audácia em um exército de sonâmbulos para destruir a Abnegação e dar um golpe de Estado.
Mas, como Tris é Divergente o soro não surte efeito nela, e por isso, ela tem consciência do que está acontecendo e tem que salvar seus pais e antigos vizinhos. É claro, que Quatro também é divergente, e os dois namoradinhos precisam fazer algo. Mas são capturados. Quatro serve de cobaia para um novo soro, e levado para a sala de controle. Tris é colocada em uma caixa de vidro para morrer afogada enquanto a água sobe, um de seus maiores medos. No entanto, sua mãe aparece para salvá-la. E com algumas perdas pelo caminho ela consegue salvar Quatro, desligar a simulação e fugir para o complexo da Amizade junto com alguns sobreviventes da Abnegação...

E ai começa o segundo livro Insurgente! Vou ler e depois te conto aqui... Desse jeito vago e despreocupado, para que ninguém aqui fique sabendo antes de tudo, este é um daqueles livros tipo Dan Brown que não dá muito para parar de ler, você quer saber logo o que acontece...


terça-feira, 31 de março de 2015

Anna Karenina - Tolstoi

São poucas as pessoas que gostam de ler e que gostam das versões cinematográficas que fazem dos filmes. Eu não me distou delas. Mas tem uma coisa nos roteiros adaptados que me encanta. Você pode assistir a um filme novo sem nada saber sobre ele, e então lá está nos créditos iniciais: baseado no romance de... Eu assisti um ontem assim. Mas o caso com Anna Karenina é que todo mundo sabe que é um livro russo sobre uma dama da alta sociedade que se apaixona e foge do seu casamento deixando tudo para trás. É um clássico, e por mais que não se conheça os pormenores, todos sabemos que é um livro. Dificilmente eu aceitaria ver o filme antes do livro sabendo da existência deste. Não pelo motivo que me surgiu esses dias, não é porque eu perderia o interesse em ler um livro cujo final eu já soubesse. O que eu amo mesmo é a forma que o autor encontra para nos narrar a sua história, as palavras, os pontos de vista. Uma imagem pode falar mais do que mil palavras, mas não faz lá muita diferença o ângulo de enquadramento do filme, enquanto a história é completamente outra se vista pela Anna ou por Vronski, e o que é mais belo. Tolstoi nos dá todos. O livro é imenso para que não nos falte nada!
Mas... voltando. Filme! Eu assisti, meses, muitos meses atrás, o filme da Sofia Coppola. Quando eu desliguei a TV eu liguei o tablet e comecei a ler. Todo mundo sabe que os filmes são incompletos e eu precisava mais daquele livro. No entanto, em um ponto Coppola foi genial, no baile, bem no início. A leitura foi outra com aquela imagem na minha cabeça, com tudo a rodopiar, com os olhos sempre fixos no mesmo ponto, em Anna e Vronski.


Acho, sinceramente, um desperdício de tempo tentar contar a história desse livro, todos os seus pormenores. O que vale fazer é tentar descrever as relações de seus personagens, deixando o principal para a leitura, que é os sentimentos e pensamentos desses personagens, que sempre tentam encontrar o sentido da vida.
Assim, o livro conta a história de Anna Karenina casada com Alexei Karenine, o casal tem um filho Sérgio. O casamento apesar de não ter exatamente amor ou paixão, passou muito tempo bem, pois apesar da diferença de idade entre eles, havia uma certa ternura, enquanto que Anna satisfazia o seu amor através de seu filho. Mas tudo isso muda, quando Anna resolve visitar a cunhada Dolly, a pedido do irmão, uma figura moscovita, muito conhecido pelo seu bom humor e educação, mas um homem que vive em dívidas e que traí a mulher.
Anna ao chegar na estação de trem em Moscou conhece Vronski um jovem conde. Disso podia nada acontecer. Mas Dolly tinha uma irmã Kitty, muito jovem e muito bonita e que estava realmente apaixonada por Vronsky. Ela acreditava que a qualquer momento ele a pediria em casamento, tanto até que recusou o pedido de casamento de Levine, homem que ela conhecia fazia muito tempo, e que se não fosse por Vronski realmente lhe pareceria um bom partido, pois lhe queria bem.
O mundo de Kitty desmorona, quando ela fica sabendo que Vronski partiu para San Petersburgo, deixando-a sozinha. E tudo piora quando ela descobre que ele e Anna tem um caso. Kitty fica doente, passa um tempo no exterior, e quando volta decide aceitar Levine. Estes se casam e vivem felizes.
Já com Anna as coisas são muito diferentes. De início ela tenta resistir a Vronski, mas a verdade é que ela nunca conhecera a paixão, nunca imaginara que pudesse haver uma vida diferente com outros sentimentos, e aos poucos se apaixona loucamente por Vronski. Um dia resolve contar tudo a Karenine. Este primeiro ignora o fato, depois procura perdoá-la. Mas no fim, Anna é que não aceita mais viver com aquele homem e foge com Vronski. De início eles decidem viver no exterior, mas acabam voltando para Rússia, onde a situação de Anna é lastimável, pois ela já não é mais aceita na sociedade, não estando divorciada e vivendo com Vronski, ela é vista com maus olhos por quase todos. Assim, pouco a pouco seu amor se transforma. Vronski ainda tem sua liberdade, ainda é aceito nos lugares, passando várias horas do dia fora, enquanto Anna fica em casa, cada vez mais ciumenta.
Os dois passam a brigar cada vez com mais frequência, Anna passa acreditar que ele tem outras mulheres, e que ele vai abandoná-la para se casar com outra. Então o que seria dela? Aos poucos Anna meio que enlouquece, e ela só vê uma forma de não estar com ele, e ainda vingar-se de modo que ele se arrependeria para sempre.

Muito mal resumido. Falta um monte de coisa. Um monte de personagens. As quinze variações com que cada um é chamado no decorrer do livro. Mas vamos lá, não é possível um bom resumo de um livro de mais de 800 páginas. Se Tolstoi julgou necessário escrever tanto é porque não havia forma de escrever menos.
Eu gostei muito do livro, como já disse um milhão de vezes há um motivo para os clássicos serem clássicos e terem se mantido famosos durante gerações. Minha única reclamação é que eu li em uma versão digitalizada, de alguma edição muito antiga, assim além de alguns erros, um livro tão grande em um meio eletrônico, acabei demorando demais para ler, e Anna do começo não se relaciona tanto com a Anna do final. Mas o Levine é chato o tempo todo. Não a parte dele, mas ele. Preocupa-se demais com as questões morais e filosóficas, acha o tempo todo que está incomodando... sei lá, não seria amiga dele. 

sábado, 28 de março de 2015

A má hora (o veneno da madrugada) - Gabriel García Márquez

Eis um livro que eu não consigo achar explicação. Um dia decidi arrumar meus livros e papéis do colégio (faz muito tempo isso) e achei esse livro lá. Peguei e coloquei na pilha de livros para ler, assumo que só pelo autor, não me lembrava do livro.
Abri o livro um dia desses e lá estava meu nome e a 7°D. Na capa tem uns adesivos de ratinhos super agasalhados, bem pequenininhos e brilhantes, eu lembro de amá-los, considerá-los os mais lindos de todos. Dentro do livro não tem uma única anotação, nem mesmo de palavras que ainda hoje eu tenho que olhar no dicionário, não tinha uma folha amassada, e os desenhos internos, bem um tanto indecentes para adolescentes da minha época, além dos palavrões no texto. Tenho certeza que se eu tivesse lido o livro eu me lembraria deles.
Mas ai é que me falta a explicação. Como eu, leitora compulsiva, aluna exemplar, não li um livro no ensino fundamental? Prometo que minha memória é incrivelmente boa para livros. Os pais proibiram o livro? Sério, eu considero essa uma das opções. Minha escola era cheia de frescuras.


O melhor do livro é o seu estilo. Eu ainda não tenho certeza do que aconteceu, mas acredito que essa era a intenção do autor. Criar um clima de suspeita, de incerteza e de insegurança.
O livro começa com a descrição dos primeiros movimentos de habitantes de uma pequena aldeia. Na noite anterior alguém fizera uma serenata, esse era o comentário geral. Então um homem após sair de casa pronto para passar dias fora, encontra um papel em sua porta. O lê. O rasga. Pega sua arma e mata o homem que fizera a serenata. Depois descobre-se que o pasquim, mais um de muitos que atormentavam a aldeia, dizia que a mulher desse homem tinha um caso com o homem da serenata.
Depois disso, o livro continua a narrativa descontinua do que se passa na aldeia. Vislumbres dos seus habitantes, suas famílias e seus medos. O país, dizia-se que fazia pouco tempo saíra de uma situação política muito tensa onde as pessoas eram mortas por suas crenças, e o governo imposto à força. No entanto, aparentemente as coisas não tinham mudado tanto.
E as coisas na aldeia vão de mal a pior. A viúva Montiel enlouquece, o alcaide impõe sua vontade com a força e com isso enriquece, o barbeiro vive com medo de morrer, o juiz Arcadio foge da cidade deixando sua mulher grávida... aos poucos a cidade vai ficando abandonada e os que ficam estão apreensivos.

Não ficou um bom resumo, mas eu acho que isso é por causa da narrativa. O lugar pode ser uma aldeia qualquer. A situação política não é explicada. São muitos personagens, nenhum é aprofundado, mas todos são complicados e têm seus papéis na aldeia e na história. Nenhum pasquim é transcrito. Nenhum autor é de fato encontrado. Alguns mistérios continuam mistérios. Só lendo para se envolver com a trama e conformar-se com o final.

quinta-feira, 19 de março de 2015

A consciência de Zeno - Italo Svevo

Eu não sei em que momento da minha graduação me recomendaram esse livro, não me lembro o professor ou o motivo. Só sei que este livro esteve durante muito tempo na minha lista de livros para ler antes de morrer. Estava lá sem eu nada saber dele, não sabia quem era Italo Svevo, sabia que era italiano... Um dia eu fui na livraria e lá estava ele em versão de bolso (adoro versão de bolso!), comprei, junto com a Ilíada, e ficou na prateleira, e ficou... comecei a ler, ai vieram os livros da Diana Wynne Jones, e ele ficou lá me esperando com seus capítulos enormes. Praticamente o último da pilha dos não lidos em papel, falta tipo uns 5...
É! É isso mesmo eu o reneguei! E ainda agora, depois de ter terminado de ler eu não sei!


O livro é a narração das memórias de Zeno, um senhor (apesar de eu duvidar que eles esteja assim tão velho, o tempo é uma questão muito confusa nesse livro, às vezes em meio a uma narração eu acreditava terem se passado dias, mas ainda era só a hora do almoço, literalmente!) que tem algo que poderia ser chamado de doença, ou melhor ele acredita que tem uma doença. A questão é que ele sempre foi fixado pela ideia de parar de fumar. Ele se lembra de fumar os charutos do pai quando criança, e continua a fumar quando adulto, com a diferença que a sensação de culpa e doença com relação ao cigarro aumentaram, e ele vive com o propósito de parar de fumar. Tenta todos os métodos possíveis, médicos variados, até que um psicanalista recomenda que ele escreva esse diário para forçá-lo a pensar sobre o seu relacionamento com o cigarro.
Assim, Zeno narra sua infância, sua relação com sua mãe que morreu cedo, seu pai com quem tinha uma relação perturbada, mas que no final da vida dele Zeno tentou se reaproximar, mas ainda assim a última tentativa do pai foi tentar lhe dar um tapa...
Narra também a história de seu casamento. Zeno herdara a fortuna de seu pai, mas não a direção dos seus negócios, assim ele tinha tempo de sobra, e em um dado momento ele resolveu passar um tempo na Bolsa de Trieste, onde conhece o senhor Malfenti, com quem trava amizade. O senhor Malfenti possui quatro filhas famosas por sua beleza. Zeno vai conhecê-las e se enamora por Ada a mais bonita, Augusta é vesga, Alberta só se interessa pelos estudos e Ana é apenas uma criança. Zeno faz de tudo para chamar a atenção de Ada, mas só consegue sua indiferença. Um dia a senhora Malfenti pede para que Zeno se comprometa com Augusta ou deixe de frequentar-lhe a casa pois comprometia a jovem. Zeno surta, incapaz de entender como suas intenções foram tão mal interpretadas. Passa um tempo distante da família, e quando volta, decidido a se declarar se depara com Guido um jovem, bonito e desenvolto rapaz por quem Ada deixa claro seu afeto. Ainda assim, Zeno se declara, recebe um não. Então vai lá e se declara para Alberta que, de forma mais agradável, também lhe recusa a proposta, só então pede Augusta em casamento deixando claro que ela é a sua terceira opção e que por ela não tem amor. E Augusta aceita.
Casado Zeno acaba por amar sua mulher, tem dois filhos, inúmeras amantes, é enganado pelo sogro, sofre de sua doença, e tenta se convencer, e convencer a nós que ele superou Ada e até se tornou amigo de Guido, mesmo depois de ter a clara intenção de matá-lo. Guido é um péssimo marido e péssimo comerciante, assim Zeno que também não é nada bom passa pelo melhor marido do mundo, ainda que sempre esperando pela chance de ter algo com Ada.

O último capítulo é o melhor! Ele assume que boa parte do que foi dito anteriormente pode ser mentira pois sendo ele de Trieste sabia muito bem falar Italiano, mas escrever já era outra coisa, já que lá eles usavam muito mais o dialeto local. Assim, ele usava apenas as palavras que conhecia e não as corretas.
E a melhor parte e a narração de sua experiência com a guerra. O seu primeiro contato com ela. Zeno e sua família está passando uns dias no campo, e ele resolve sair bem sedo, sem tomar café, para dar uma volta. E quando está retornando ele vê uma tropa de soldados passando, mais adiante ele tem seu caminho barrado, ele é impossibilitado de ir para casa, e forçado a voltar para Trieste sem saber da sua família. Passa por um tempo sem saber deles, mas depois descobre que estão todos bem. Então ele escreve ao médico dizendo que enfim está curado, e não por causa da psicanálise, mas porque ele acreditava estar vivendo a sua vida, aquilo para que ele havia nascido, até então era apenas um prelúdio.

As páginas finais ele descreve o fim da humanidade causado por ela própria, com uma bomba potentíssima... isso tudo muito antes da criação da bomba atômica. Interessante.

Ainda não sei, como já disse, o que achei desse livro, é bom, é bem escrito, algumas partes prendem a atenção, mas acho que eu fiquei confuso, tudo é tão visivelmente mentira. Ele insiste que é amigo de Guido e que superou Ada mas nada faz com que acreditemos nisso, o mesmo é válido por seu amor por Augusta, ele apenas segue as regras dela, satisfaz suas vontades... Mas talvez fosse essa a intenção do autor. Ou então um resultado da sua doença. Sei lá.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A Casa dos muitos Caminhos - Diana Wynne Jones

E eis nossa despedida, pelo menos por um tempo, da Diana. Não sei se em resumos de seus livros eu consegui passar toda a riqueza e exuberância do seu trabalho. Livros ditos infantis, com um conteúdo muito complexo e interessante. Livros para crianças curiosas. Eu e minha síndrome de Peter Pan (eu sei que eu não tenho...) a amamos. E é triste voltar agora para os clássicos, muito mais sérios e densos. Mas também muito amados.

(Vai, olha bem pra essa capa e me diz que não é muito auto controle conseguir ler 7 livros para poder começar esse daqui. Esse livro gritou pelo meu nome desde o dia em que chegou em casa!)

O livro conta a história de Charmain Baker uma menina superprotegida que a pedido de sua tia-avó é mandada pelos pais à casa de seu-tio avô William, o mago da Alta Norlanda que está muito doente e por isso será levado para tratamento.
Quando Charmain chega à casa, o tio-avô ainda está lá, mas não dá tempo de eles conversarem, pois logo os elfos chegam para levá-lo. Assim, Charmain encontra-se pela primeira vez na vida sozinha, em uma casa desconhecida. Só que essa casa não é uma casa qualquer, é a casa de um mago. A primeira impressão que Charmain tem é que a casa, muito suja e bagunçada, tem apenas dois cômodos, a sala de estar e a cozinha. Mas logo ela vai descobrindo como se virar por ali.
Ainda no primeiro dia ela descobre um cachorrinho na cozinha Desamparado (que depois vira Desamparada), e também uma forma de chegar ao outros cômodos, e principalmente à biblioteca (uma amante dos livros, é claro!), isso com a ajuda da voz do tio-avô que sempre lhe responde quando ela pergunta coisas acerca da casa.
Em pouco tempo Charmain tenta realizar pela primeira vez na vida um feitiço, encontra um luboque (o vilão desse livro, um ser parecido com um inseto, mas muito maior), assim como Rollo um kobold (seres azuis que trabalham muito e são azuis, pra mim os Smurfs), e também Peter, um jovem aprendiz que chega à casa sem saber que o Mago William não estará lá.
Charmain e Peter passam a morar juntos de uma maneira bem estranha, já que Charmain não sabe fazer nada, e ainda passa a maior parte do tempo fora, ajudando o rei e a princesa a catalogarem sua biblioteca, e Peter é muito desastrado e não consegue deixar passar uma chance de fazer magia, mesmo que nenhuma dê certo.
Enquanto isso, Charmain descobre que a catalogação real na verdade é uma procura pelo "dom de elfo" que ninguém sabe ao certo o que é, mas que deveria proteger o reino e a família real. O que não está ocorrendo, pois não há mais dinheiro, e o que é arrecadado some. Além disso a princesa já está muito velha, não tem descendentes, e o herdeiro da coroa é um homem suspeito.
A princesa Hilda, também foi sequestrada pelo djim de O castelo no ar, portanto conhece a Sophie e pede ajuda dela para desvendar esse mistério...

Nesse livro a Sophie já não é tão mais a Sophie, continua dando broncas em Howl, mas já não tem um papel em que possa demonstrar seu jeito. Mas o Holw continua exatamente o mesmo.

O mistério é desvendado. O herdeiro suspeito é posto de lado. O legítimo herdeiro aparece e é colocado sob os cuidados reais. Charmain descobre um dom para magia, o tio-avô William volta para casa curado, e todos vivem felizes para sempre.