quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A menina que roubava livros - Markus Zusak

Mais um da série: eu liguei a TV e em menos de 3 horas eu tinha um livro na mão.
Na verdade já fazia um tempo, tipo anos, que eu me lembrava de reler Eu sou o mensageiro, o outro livro que eu conheço do Zusak, mas eu sempre preferia reler algum outro, ou arranjava novos para ler. Infelizmente o livro continua na prateleira. Mas eu vou pegar um dia. Juro que eu me lembro de ter gostado. Então, por que eu nem pestanejei em pegar A menina que roubava livros, que estava logo ao lado? Fácil. Este é provavelmente o único livro no meu top 10, 20 ou talvez até mesmo 30, que é um best seller atual. Eu simplesmente amo esse livro. Praticamente tudo nele.
Gosto da única frase no verso do livro: "Quando a morte conta uma história você deve parar para ler". Sério, quem em sã consciência não compraria esse livro só por isso???
Gosto de qualquer livro cujo tema é alguém que ama livros, é impossível não sentir uma identificação, por menor que seja. Afinal eu não sou uma criança pobre na Alemanha durante a segunda guerra mundial. Sequer roubei um livro na vida.
Gosto muito de tudo que seja referente a segunda guerra mundial. Não sei explicar, pois tudo me deixa depressiva, completamente revoltada, só que ao mesmo tempo criam dois sentimentos diferentes. Esperança, pois normalmente são histórias de pessoas que viram e lideram com a guerra de uma forma única, muitas vezes sobrevivendo a tudo aquilo, demonstrando muito mais humanidade e solidariedade do que o egoísmo atual. E também, algo como felicidade. Essa não é a palavra... Quando eu estou triste, achando que eu sou o maior fracasso do mundo, e que o jeito é desistir, eu vou lá e assisto A lista de Schindler, e então eu percebo o quão mesquinha eu estava sendo, e quão simples são os meus problemas. Então, sim eu precisei de lencinhos para terminar o livro, fiquei com o olho inchado e com muita dor de cabeça... mas eu ainda assim amo esse livro.
Agora, o que eu mais gosto nesse livro, aquilo que realmente o torna especial: a sua linguagem! Tudo é metáfora, todas as coisas inanimadas ganham vida. A morte talvez seja muito poética, o no final das contas é a visão da criança, não importa, está lá!


O livro conta a história de Liesel Meminger, uma menina alemã que durante sua infância roubou diversos livros. O primeiro livro que roubou foi no enterro de seu irmão, que morreu num trem a caminho da sua família adotiva, os Hubermann. Ela chegou lá sozinha, e aos poucos entrou na rotina dessa família, o papai lhe ensinou a ler, junto da mamãe com seu jeito nervoso, ela andou pela cidade para entregar ou buscar as roupas das famílias ricas, e com Rudy seu melhor amigo ela se divertiu nas ruas. Nesse meio tempo ela roubou alguns livros ganhou outros, eles receberam um judeu no seu porão, papai foi e voltou da guerra e a cidade foi bombardeada.
Liesel sobreviveu a tudo, percebendo o poder das palavras.

É sempre impossível descrever o livro que você gosta. Se fosse para escrever em detalhes eu reescreveria o livro com as minhas palavras... não vale o esforço. Prefiro reler e reler até tê-lo inteiro decorado.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Ilíada - Homero

Foi apenas na faculdade que eu descobri que não havia nos textos de Homero nenhuma descrição da história do Cavalo de Tróia, inventado por Ulisses para que os gregos pudessem invadir os muros de Tróia e acabar com uma guerra que já durava 10 anos. Eu sabia que a Odisseia era a epopeia que narra a volta de Ulisses para casa, se não me engano outros 10 anos, e aquela famosa história de Penélope, sua esposa que durante o dia costurava, e à noite descosturava, para poder esperar por Ulisses sem ser obrigada a se casar com um dos muitos pretendentes.
Quando estava no primeiro ano da faculdade de Estudos Literários, eu tive a matéria de literatura clássica I, e junto com o professor Mario nós estudamos algumas tragédias clássicas e a Odisseia, ele nos deu a opção de ler em versos ou em prosa. Eu muito estupidamente escolhi prosa. Não façam isso, dessa vez eu comprei a Ilíada em verso, e é muito melhor, existe um ritmo com ele. De qualquer forma, ambas as obras de Homero, as mais antigas conhecidas pela nossa sociedade são extremamente boas. Leiam. E como eu, aprendam a amar os clássicos.


O livro começa depois de já terem decorrido mais de nove anos da guerra de Tróia (guerra iniciada pelo rapto de Helena, a esposa de Menelau, irmão de Agamenon), os chefes gregos estão reunidos, e após interpretarem os presságios, decide-se por devolver a escrava de guerra do rei Agamenon, a filha de Crises. O rei grego fica irritado por perder o seu espólio, e para ser recompensado ele resolve retirar a escrava de Aquiles, o maior guerreiro grego, a bela Briseida, o que é claro irrita Aquiles, que não só se vê despojado de uma escrava de quem gostava, como também sente-se humilhado pela atitude de Agamenon, e por isso decide se abster da guerra. Não bastasse os gregos perderem seu melhor guerreiro, este ainda falou com sua mãe, a deusa Tétis, para quem pediu que junto a Zeus falasse da situação. Assim, Zeus decide que enquanto Aquiles não voltar para a guerra os gregos perderiam a guerra, para provarem o valor de Aquiles e se arrependerem do que haviam feito.
Com isso os troianos, liderados por Heitor, o grande filho de Príamo, o rei de Tróia, avançam na batalha, matando muitos gregos, e ganhando muito espaço. Os deuses olímpicos, muitos dos quais tinham sérios motivos para estar do lado dos gregos, tentam interferir por diversas vezes, mas Zeus mantem a sua resolução, até o momento em que o exército troiano chega aos navios gregos e tem a oportunidade de colocar fogo nas embarcações, então a sorte vira.
Patroclo, o grande amigo de Aquiles, é instigado a entrar na guerra, e convence Aquiles a permitir que ele, junto com os mirmídones,voltem para a guerra. O que lhe é consentido, Patroclo volta ao campo de batalha trajando a armadura de Aquiles, o que por si só causa grande terror nos troianos que começam a recuar, e dá ânimo aos gregos, que retomam as forças para lutar. No entanto, Patroclo não segue os conselhos de Aquiles e se afasta dos navios, e acaba sendo morto por Heitor.
Esse é o ponto crucial! Aquiles sofre imensamente. Ele quer vingança e volta a guerra, trajando uma nova armadura feita por Hefesto. Nessa nova fase da guerra os deuses escolhem os seus lados e participam, apenas por um tempo, mas o suficiente para quando todos os troianos arrasados se protegerem dentro dos muros de Tróia, Palas Atena convencer Heitor de que esse deve ficar e lutar contra Aquiles. Heitor morre, e seu corpo é ultrajado por Aquiles, no entanto nada lhe acontece pois ele é protegido por um deus.
O livro termina com Príamo, com a ajuda dos deuses adentrando no acampamento grego para implorar para Aquiles a devolução do corpo de seu filho, para que os troianos pudessem pranteá-lo e dar a ele o funeral adequado. Aquiles devolve o corpo. Príamo, ainda protegido, volta para sua cidade, as mulheres choram por Heitor e fim.

É claro que tem muito mais detalhes que eu poderia ficar aqui tentando descrever, como, por exemplo, a inutilidade de Paris, que só serviu para roubar Helena, ser salvo de duelo, repreendido por Heitor, e no final tentado se redimir em batalha... mas não! Que as pessoas leiam esse livro. Vale muito a pena.

sábado, 1 de novembro de 2014

A lentidão - Milan Kundera

Mais um dos livros fininhos do box que eu comprei. Na verdade, acho que os outros três já não são mais finos exatamente...



Quando eu li a sinopse do livro eu não entendi muito bem. Não sabia exatamente o que esperar. Quando eu comecei a lê-lo achei que era um ensaio, eu gosto de ensaios. Ele começa contando de uma viagem de carro, que ele e a sua mulher estavam fazendo pela França em direção a um castelo onde ficariam hospedado. No caminho ele questiona a velocidade do mundo atual, pensando em um livro do século XVIII, em que dois amantes passeiam pelo jardim, como um teatro pensado pela mulher, um adiamento da consumação, necessária para criar a expectativa. A lentidão ligada ao prazer, e a impossibilidade disso na atualidade, em que uma pessoa já não desfruta do tempo, todos estão sempre apressados.
Ele conclui que a velocidade está ligada à memória, "... lembrei a equação bem conhecida de um dos primeiros capítulos do manual da matemática existencial: o grau de velocidade é diretamente proporcional à intensidade do esquecimento. Dessa afirmação podemos deduzir diversos corolários, este, por exemplo: nossa época se entrega ao demônio da velocidade e é por essa razão que se esquece tão facilmente de si mesma. Ou prefiro inverter essa afirmação e dizer: nossa época está obcecada pelo desejo do esquecimento e é para saciar esse desejo que se entrega ao demônio da velocidade...".
Tudo isso me interessa e muito, e se o livro fosse apenas isso eu o teria lido lentamente, pois é assim que eu leio, mas, não tão lentamente.
No entanto, Milan Kundera, além das duas histórias paralelas, a sua viagem e do livro dos amantes, insere outra história, de um grupo de amigos (que no começo eu achei que existiam, agora eu já tenho minhas dúvidas), acho que boêmios, não sei defini-los. Um deles, Potevin, tem uma filosofia sobre "dançarinos", são as pessoas, da atualidade, que gostam de chamar a atenção para si, que fazem da sua vida uma arte... No final, conclui-se que todos que queiram fazer algo grande no mundo hoje tem que ser um dançarino, pois precisa-se da mídia para ter algum valor.
Isso ainda não é ruim. Mas, um desses amigos, vai à um castelo na França para um encontro de entomologistas, e ai para mim desanda. Não gostei, e demorei para conseguir passar por alguns poucos capítulos curtos.
No final, as três histórias se fundem, trata-se do mesmo castelo, e Milan Kundera quando está indo embora vê tanto o cavalheiro do século XVIII quanto seu amigo Vincent.


A Hospedeira - Stephenie Meyer

Talvez eu não seja lá uma pessoa muito prática. Bem, dessa vez eu definitivamente não fui. Há uma ou duas semanas eu estava com preguiça de estudar à tarde, na verdade essa falta de vontade ainda permanece, então eu resolvi assistir algum filme, e estava passando A hospedeira, eu sabia que era um livro não tinha lá tanta certeza quanto à autoria. Mais ou menos na metade do filme minha mãe chegou em casa com o meu sobrinho e, como de costume, eu fui ficar com ele, desencanando do final do filme sem nenhum segundo pensamento... No entanto, antes do final do dia eu já tinha feito as minhas pesquisas, confirmado que foi a autora de Crepúsculo  quem o escreveu, encontrado um ebook seu e começado a ler, mesmo sabendo toda a melação que eu iria encontrar na minha leitura. Nesse quesito eu não fui decepcionada. Mas, para ser sincera teria poupado o meu tempo procurando o filme na internet e terminado de ver o filme.... se você gostou de Crepúsculo, lei esse livro, se você o achou tolerável, assista o filme, se você o achou uma porcaria, passe longe, se você é viciada em leitura e não consegue saber que um filme é livro sem querer lê-lo, então faça o mais rápido possível! A sensação com esse livro é que não valeu o tempo perdido.


O livro poderia de uma forma um tanto deturpada ser considerado de ficção científica. Deixa eu me explicar: o contexto onde essas histórias de amor exageradas se passam é uma terra dominada por alienígenas, denominados almas, que se infiltram em um corpo hospedeiro humano e vivem na terra, pois acreditam que a humanidade era bruta demais e não vivia da forma correta. Essas almas viviam em muitos outros planetas sempre dessa forma parasitária, e a protagonista é uma alma que já viveram em grande parte desses mundos nunca se fixando em um, por não se sentir em casa neles.
Ao chegar na Terra ela é implantada no corpo de Melaine, uma humana recentemente capturada, que junto com seu irmão e namorado (muito mais velho, diferente do retratado no filme) vivem clandestinamente, fugindo e roubando.
Diferente do esperado, Peregrina, nossa alma protagonista, ainda sente a presença de Melaine em seu corpo, não só suas memórias. Assim, ao invés de fazer aquilo que deveria, mostrar aos Buscadores (espécie de polícia) onde os outros estavam, Peregrina passa a amar a família de Mel, e elas se tornam amigas, fugindo para o deserto na tentativa de encontrá-los junto com o tio de Mel, meio louco, que previra a invasão.
Depois de muito andarem no deserto elas enfim são capturadas. E levadas para o abrigo nas cavernas. onde Jaime, o irmão; Jared, o namorado; Jeb, o tio e muitos outros humanos estão escondidos. No começo ela é agredida e mal tratada, apenas recebendo a defesa de Jeb e Jaime. Porém, com o tempo ela é aceita, e até mesmo faz amizades, e um dos humanos bonitões se apaixona por ela, alma não corpo... (esse é o Ian)
O dilema era pra ser grande, se não fosse previsível o final. Mel sente-se extremamente atraída por Jared e isso interfere nas ações de Peg, que acaba por se apaixonar por Ian. Como é que uma poderia forçar a outra a viver com um outro homem, além do ciúmes... Meio bizarro.
No entanto, as almas são boas, altruístas e pacíficas. Assim, quando Peg percebe que ela pode deixar o corpo de volta para Mel, ela decide que ela vai morrer...
Eu não vou contar o final. Mas sinceramente... é Stephenie Meyer. O final feliz do amor perfeito bizarro é com ela mesma! Nada de surpresas.
Mas, apesar dessa crítica eu devo dizer que até o ponto que eu assisti do filme ele não era tão ridículo quanto os da saga Crepúsculo...