Mais um da lista: a paixão na literatura.
Em algum lugar perdido na minha memória eu acredito já ter lido a história de Fedra e Hipólito, talvez algum resumo da mitologia, talvez alguma outra peça.. Essa mania de repetirem os temas clássicos, essa falta de autoria, sempre me confunde muito. Eu sou o tipo de pessoa se se detém nos detalhes, e se são os detalhes que mudam são histórias completamente diferentes...
Fedra é uma tragédia clássica, daquelas que se encaixam na definição aristotélica, com unidade de tempo e espaço, que o fim provoca no leitor compaixão e terror. É a história do amor incestuoso de Fedra por Hipólito seu enteado, que quando revelado acaba em tragédia.
Fedra é casada com Teseu, o grande herói grego depois de Hércules, mas ao chegar na casa de seu marido avista seu novo enteado, filho da rainha das amazonas, Hipólito, um jovem esportivo que desdenha às mulheres, principalmente pelo fato de seu pai ser tão mulherengo. De início Fedra luta contra esse sentimento, tratando mal seu enteado, a quem pede para ser exilado. Mas na época em que a peça se passa Hipólito já está de volta em casa, Teseu está desaparecido por 6 meses, e Fedra está decidida a se matar, já odeia o mundo que a fez ter sentimentos tão horríveis. Sua serva, Enone, daria a vida para salvar Fedra, e tenta de todos os modos dissuadi-la, e acaba por ouvir a confissão de que ela está apaixonada por Hipólito.
Por sua a vez o jovem príncipe está decidido a sair em procura de seu pai, não só por ele, mas também para se afastar de casa onde mora Arícia, uma princesa que seu pai mantém cativa, e que para que seu sangue não se perpetue ele a proíbe de se casar e ter filhos. Mas, apesar de ir contra as vontades de seu pai, e seu próprio caráter, ele se apaixona por ela, e para não trair Teseu, ele quer se afastar.
Os amores são declarados. Hipólito descobre-se correspondido, e Fedra ignorada. Ao final da conversa entre ela e seu enteado, ela decide se matar, ficando com a espada de Hipólito. Mas antes que esse parta, ou que aquela se mate é anunciada a morte de Teseu.
Inicia-se uma nova tensão na trama, a sucessão ao trono, há aqueles que vêm como legitimo rainha Arícia, cuja família reinava antes de Teseu, outro optam pelos filhos de Fedra e por fim o próprio Hipólito. Agora Enone consegue convencer Fedra de continuar viva, em primeiro lugar ela tinha que pensar em seus filhos, que poderiam ser reis, mas que com a sua morte seriam escravos, e além disso com a morte de Teseu sua paixão já não era mais incestuosa.
Porém, Teseu está vivo e retornou para casa. Fedra se desespera com a possibilidade de Hipólito revelar ao pai o seu crime, e Enone para salvá-la trama uma saída. Ela dirá ao rei que Hipólito foi quem violou a rainha, e ainda mostrará a espada como prova. O rei acredita, sem muito esforço para provar o contrário, pois Hipólito, o bom moço, se recusa a rebaixar sua madrasta, apenas diz que quer ir embora, e depois que ama Arícia, que se ele cometeu algum crime foi esse. Teseu em sua fúria de homem traído pede aos deuses, em especial seu pai Netuno, que o vinguem.
Enquanto a vingança não chega, Fedra retoma parte da sua razão e percebe o erro e a baixeza dos atos de Enone, e pretende puni-la por isso, mas antes a própria serva se mata. Hipólito vai ao encontro de Arícia e diz que vai fugir para longe de seu pai, mas que quer que ela vá junto, e para isso eles devem se casar escondido em um templo ali perto, onde marca um encontro. Fedra toma um veneno, mas antes de morrer informa ao rei toda a verdade, e esse desesperado pedindo aos céus para que não o tivessem escutado antes pergunta por seu filho. Mas esse já estava morto, de forma bem cruel por monstros.
A solução para Teseu para homenagear seu filho é perdoando a Arícia e a adotando. Assim com a morte dos dois amantes culpados, Fedra com seu amor incestuoso, e Hipólito com seu amor que traía seu pai, a paz política também se estabelece - já não há mais luta pelo trono.
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