domingo, 13 de janeiro de 2013

Os Miseráveis - Victor Hugo



Os Miseráveis é para mim como D. Quixote é para o meu professor, que em toda santa aula afirmava que para um leitor atual é impossível ler esse romance sem nenhum conhecimento sobre ele. Meu primeiro contato com Os miseráveis foi, por incrível que pareça, com a série Dawson's Creek, acho que ainda na primeira temporada a Katie Holmes participa de um concurso de beleza e lá ela canta Os my Own a canção mais famosa do musical da Brodway baseado no romance de Hugo... depois disso o Dawson percebe como ela é bonita e finalmente dá alguma atenção pra ela, blablablá.
Depois eu provavelmente ouvi algumas referências mas sem prestar muita atenção. Até que em 2011, quando estava em um mochilão pela Europa, junto com uma amiga e uma amiga dela decidimos em Madri assistirmos um espetáculo, eu queria balé, mas as meninas insistiram em um teatro, e acabamos ficando com Os Miseráveis em espanhol. Quando chegamos a noite em casa descobrimos que ninguém sabia nada da história que um musical em outra língua não esclareceria muita coisa, entrei no Wikipédia e pesquisei. Recomendo! Apesar de muito confuso, deu para acompanhar.
Nessa viagem eu fiz um diário, que eu proíbo minha amiga de ler, mas vou copilar o parágrafo dedicado à um musical de umas 3 horas ou mais, se assistisse hoje não seria a mesma coisa!
"Assumo que foi mais simples entender por li o resumo da história (supercomplexa) em português antes. Todos estavam devidamente vestidos e cantavam muito bem, (gostei do Gravoche e do casal que cuidou de Cosette - os mais engraçados). porém o melhor era o cenário, muito bem feito, muitas variações e muita tecnologia. Demais, mas demorou muito, e no final queria que acabasse logo.
Bom ressaltar que sentamos na última fileira, uns 10 metros de altura em relação ao palco - leve medo."
Depois disso voltei ao Brasil, e comprei o livro, muito desinformada comprei o segundo volume, e demorei mais uns dois meses para comprar o primeiro. E agora posso dizer com muita vergonha que eu demorei quase dois anos para ler os dois, que dão mais de 1000 páginas, e que nesse meio tempo eu assisti á mini-série com Gerard Depardieu. E que ontem ao terminar o livro entre soluços eu pensava no filme que está nos cinema ou estará dentro e pouco e que eu irei assistir!

Nunca vi uma versão diminuída desse romance mas tenho certeza que existe. Pois são muitos os capítulos que poderiam ser facilmente dispensados sem afetar o enredo, mas perdendo muito da convicção e conhecimento de Hugo. Existe no segundo volume todo um livro descrevendo os esgotos de Paris, e outros tantos em que os personagens são esquecidos e o contexto histórico se sobrepõe a narrativa. Isso torna a leitura mais cansativa além de que os muitos detalhes unidos às muitas tramas tornam o romance ainda mais complexo. Porém, apesar de sentir tudo isso no começo lá no meio de 2011, depois de um ano eu já estava tão envolvida com a história, seus personagens e com a própria Paris que considero cada linha daquele livro essencial. Sem dúvidas está entre os meus top 10 livros de todos os tempos.
Tentarei resumir a história da melhor e menor forma possível...
Jean Valjean era um homem pobre, que precisa roubar um pão e é preso por isso. Foge e vai parar na casa de um bispo muito bom e caridoso, que o recebe em sua casa, e lhe da comida. Contudo, Valjean foge no meio da noite e rouba os castiçais de prata, ele é pego pela polícia local que o leva perante ao bispo, que diz que Valjean não o estava roubando, pois ele havia dado isso a ele, e que ainda havia esquecido a prataria, ele não se lembrava? Tinha prometido fazer só o bem!
Depois disso ele se compromete com a palavra nunca dada, enriquece com um fabrica de vidrilhos e quase todo o dinheiro era usado em proveito da cidade, construindo escolas e hospitais, dando dinheiro aos pobres e órfãos. Porém o inspetor Javert aparece e o reconhece e faz de tudo para provar que o excelente senhor Madeleine é o antigo forçado. Valjean acaba por se entregar, pois outro homem seria preso em seu lugar. Porém foge novamente pois havia prometido para Fantine buscar sua filha e cuidar dela.
Fantine era uma costureira que se relacionou com um moço rico que a abandonou e ela se descobriu grávida, sozinha e muito pobre, então decide sair de Paris para encontrar um trabalho e esconder o seu deslize. Ainda perto de Paris ela pára em frente a hospedaria dos Thérnardier, em que a mãe brincava com suas filhas rechonchudas, e ela acredita que deixar sua filhas com eles e mandar dinheiro seria o melhor para sua bela Cosette. Ela vai parar na fábrica do senhor Madeleine, e de início consegue mandar o dinheiro corretamente por mais que eles abusassem. Contudo descobrem que ela é mãe solteira, e sem consultar o senhor Madeleine a despedem e ela começa a passar pelos piores momentos possíveis, ela torna-se prostituta, vende seus cabelos e também os seus dentes, é presa, adoece e só pensa em sua filha. Quando Valjean descobre tudo isso é muito tarde para salvá-la mas promete que fará de tudo por sua filha.
Ele a salva da mão dos maldosos Thérnardier, mas precisa se esconder em Paris pois Javert continua em seu encalço. O tempo passa, com os dois escondido em um convento onde Cosette tem a sua educação, depois eles saem e levam uma vida calma, até que Marius aparece na história, um jovem idealista que apesar de ter um avô rico vive na pobreza por causa de seus princípios. Valjean, agora senhor Fauchelevent faz de tudo para que esse amor não aconteça, mudando de casa constantemente. Porém eles dão um jeito de se encontrarem.
Até que explode a revolução em Paris, e Marius junto com seus amigos estão em uma barricada que resiste ao exército firmemente. Marius pede para Gravoche, filho de Thérnardier mas que vive nas ruas, um moleque, que leve uma carta a Cosette, mas quem a recebe é Valjean, que parte para a barricada, lá tem a chance de salvar Javert que fora preso por espionagem, e também Marius que se feriu. Todos os outros morrem pela república. E Jean Valjean foge pelo esgoto carregando um Marius desacordado, quase morto. Na saída do esgoto encontra Thérnardier que rouba o dinheiro e o coloca para fora acreditando que irá colocar esse homem que não reconhece em apuros. Do lado de fora encontra de fato Javert que o ajuda a levar Marius à casa do avô, e depois pede um tempo para ir para casa e se despedir de Cosette. Mas, Javert lhe retribui o favor e o deixa em liberdade, contudo não consegue viver com esse dilema, não obedecer a lei do homem para obedecer a lei divina, e acaba por se jogar no Sena.
Marius tem uma cura lenta, mas está bem provido de seu avô que só quer a sua felicidade e busca por Cosette, que junto com Valjean o visita todos os dias, e a felicidade deles culmina em um casamento, feliz rico pois Valjean desenterra mais de meio milhão que possuía desde quando era senhor Madeleine.

Se o romance acabasse aqui eu seria muito feliz, mas então eu comecei a soluçar! Valjean desde seu encontro com o bispo no meio de 2011 fizera de tudo para ser um homem bom, e após ter cumprido sua promessa a Fantine e cuidado de sua filha, ele acredita que não pode partilhar de sua felicidade, morar em sua casa sem que ao menos Marius saiba da verdade. Então ele vai a Marius e lhe diz que é um antigo forçado e que não era pai de Cosette, porém pede para continuar a vê-la. Marius permite mas depois se arrepende, e cada vez mais o afasta dela. E com isso Valjean vai definhando. Então Thérnardier reaparece e quer tirar dinheiro de Marius para lhe contar o segredo de Valjean, sem saber que esse já havia dito o pior, e acaba por contar o melhor! Desvenda o mistério de seu salvamento na barricada e a origem do dinheiro de Cosette. Muito feliz e arrependido Marius junto com sua mulher corre para pedir perdão e agradecer a Valjean, porém esse já está à beira da morte.
"-Morrer não é nada; horrível é não viver."

2 comentários:

  1. uau, muito bom, assisti o filme, adoro Gerard agora quero ler o livro...

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    1. E ai leu?
      Eu assisti o filme com o Gerard também, mas faz tempo, e foi como se fosse série, meio quebrado e dublado. Acabei preferindo a versão mais recente. Adoro o musical, On my own, aquela que Eponine canta para Marius, é a minha música favorita.

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