quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O menino do pijama listrado - John Boyne

No ano em que saiu o filme decide ler esse livro, uma de minha melhores amigas sempre me dizia que ia me emprestar e que eu leria rapidamente, mas com aquela cabeça de vento dela uma vez consegui pegar o livro na casa dela e li o começo enquanto ela tomava banho. Acabei pegando emprestado com a minha prima, que tinha acabado de ler também emprestado de uma tia nossa.
Adorei o livro, principalmente pela forma em que foi escrito e logo depois assisti o filme, que também dá pro gasto, possui umas sacadas que me admirou. Mas, não passou disso, talvez eu nunca voltasse a lê-lo, não fosse a minha já mencionada viagem pela Europa! Quando eu passei no vestibular em Estudos Literários ainda me lembro da minha mãe me ligando do Brasil, eu estava em Florença, tomando um gelato, em frente a igreja Santa Maria del Fiore (a mais linda possível), lembro de quando minha mãe me ligou avisando que estava fazendo a minha matrícula: que língua você escolhe? Eu estava no trem para Roma: italiano!
Mas a verdade é que o italiano é uma língua latina, parecida com o português, e porque eu não poderia aprender um pouco de italiano lendo? A única coisa que eu deveria fazer era escolher um livro que eu já havia lido: Il bambino con il pigiama a righe, foi o primeiro que eu encontrei!
Tentei ler durante a viagem, comprei junto um lápis e um apontador e fui anotando as palavras que não era obvias mas que eu conseguia, ou achava que conseguia tirar o significado do contexto. Li quase metade e depois nunca mais voltei para ele, nessas férias depois de dois anos e um curso de italiano quase completo resolvi lê-lo de novo. Ainda bem que o fiz, não só pelo estudo da língua, quanto pelo prazer da leitura.


O livro é sobre o holocausto sem jamais mencionar isso diretamente, pois o mundo da guerra é apresentado sobre a visão de um menino de 9 anos Bruno, que é filho de um comandante do exército alemão, que é mandado para a Polônia e comandar um campo de concentração.
Bruno de início odeia o novo lugar em que ele é obrigado a ir morar, deixando para trás seus 3 melhores amigos do mundo, e seus avós, a cidade de Berlim que ele tanto amava e sua casa de 5 andares cheia de lugares a explorar! A nova casa é pequena, tem apenas 3 andares, e não há cidade por perto, nem crianças com quem brincar, muito pelo contrário ele deve aguentar Gretel sua irmã mais velha, que é um caso perdido, e um monte de soldados que entra e sai da sua casa como se fosse deles. Além disso a casa era feia, fria, tinha um nome estranho Auscit (que dá pra fazer um jogo de palavras em italiano, mas eu num lembro como está na versão brasileira), e da janela do seu quarto lá longe do outro lado da cerca havia muitas barracas e homens viviam lá, e todos usavam pijamas listrados, assim como os soldados usavam uniforme. Ele pergunta a Gretel o que era aquilo, ela também não sabe explicar, e depois o pai diz para ele não se preocupar mais com isso.
O tempo passa e Bruno decide explorar o lugar, dentro de casa não há muito o que fazer, e acaba saindo, indo em direção a cerca, e anda por muito tempo até que encontra um menino, Schmuel, com quem trava amizade. Nesse momento da trama é que se sente a maior ingenuidade possível, pois Bruno acredita ser ele quem fez algo errado para estar do lado errado da cerca, e acredita que as crianças do outro lado estão sempre brincando, e todas as reclamações de seu amigo, como o a desaparecimento de seus familiares, ou a história de como ele foi parar lá, são sobrepostas as histórias mesquinhas de Bruno, de como ele não suporta viver em uma casa de 3 andares ao invés de 5, enquanto Schmuel vivera em um único comodo com outras famílias além da sua. Outro exemplo é quando Bruno levava comida para seu amigo que sempre parecia faminto, mas ele no meio da caminhada sentia fome e comia um tanto.
O tempo passa e a amizade deles aumenta,  mesmo que durante todo esse tempo eles tenham passado em lados diferente da cerca apenas sentados conversando ao invés de brincarem como crianças de 9 anos. Mas a mãe de Bruno decide que não pode mais viver em Auscit, e que ela com as crianças irão voltar para Berlim. Bruno vai avisar seu melhor amigo, e esse está triste porque seu pai sumiu; E Bruno para se despedir  e ajudá-lo decide que no dia seguinte ele irá passar por baixo da cerca e procurar seu pai com ele, para isso ele também precisava de um pijama listrado, que Schmuel trás para ele.
Bruno entra e se arrepende, pois aquele lado não era nada parecido com a sua imaginação, mas ele não podia voltar pois havia prometido a Schmuel que o ajudaria, e manteve sua palavra...

Estou num embate se continuo ou não. É o final do livro, eu não acho surpreendente, mas também não quero acabar com a leitura de alguém, mas ao mesmo tempo não acho que teria leitores... saco! Vou escrever mentalmente e tentar sempre me lembrar do ultimo capítulo, para me lembrar de minha própria infância e o meu relacionamento com a minha irmã.

sábado, 26 de janeiro de 2013

AS CRÔNICAS DE GELO E FOGO:A FÚRIA DOS REIS - GEORGE R.R. MARTIN

No ano passado, um dos meninos que morava comigo estava viciado na leitura dessa coleção, muitas outras pessoas elogiavam a série da HBO, e eu nada. Tinha muitas outras coisas para ler, e apesar da curiosidade que até hoje eu tenho com relação a série, fui deixando para depois, vai que algum dia eu resolvesse ler os livros. Até que uma noite esse menino que morava comigo me convenceu de ler, ele disse: é como um senhor dos anéis só que mais para o lado psicológico. Fui para o meu quarto pensei um pouco no assunto e voltei para o dele: vai me dá o livro!
Demorei uns 4 meses para ler as primeiras 400 páginas do primeiro volume, a restante eu li em menos de uma semana, e assim que voltei das férias pedi o segundo emprestado, acabei devolvendo antes de terminar de ler, e não porque havia desistido da leitura, mas por ter decidido comprar a coleção que estava em uma superpromoção no submarino. Hoje quase 6 meses de começar consegui terminar... Acabei me acostumando a ter esse livro como base, é um método de leitura meu, eu sempre leio ao menos 4 livros ao mesmo tempo e sempre coloco o que eu mais gosto embaixo da pilha, e o que eu quero/ tenho que terminar logo no topo, e eu só posso ler o ultimo depois de ter passado pelo outros 3, esse costumava a ser o primeiro ou o segundo!


Como eu só comecei o blog depois de já ter lido o primeiro, farei um pequeno resumo dos dois. O livro é dividido em vários capítulos que são narrados em terceira pessoa porém a partir do ponto de vista de alguns personagens. Principalmente os membros da família Stark: Lorde Eddard, sua esposa Catelyn, e seus 5 filhos Robb, Sansa, Arya, Bran, Rickon e o bastardo Jon Snow. E também Tyrion Lannister, um anão, e Daenerys Targaryen, a mãe de dragões.
Todos vivem no reino de Westeros, que muito tempo antes foram unido pela família Targaryen, mas que fora derrotada e quase extinta em uma guerra que passou o reino para Robert Barethon, muito amigo de Lorde Eddard, se casaria com sua irmã, porém essa morre e ele casasse com Cersei Lannester que lhe dá filhos que na verdade são bastardos de uma relação incestuosa com Jaime. Isso é o estopim da guerra. Quando as pessoas vão descobrindo elas são mortas, contudo a informação vaza e outros senhores se sentem no direito de se proclamar rei, com a morte de Robert e a ascensão de seu filho Joffrey. O herdeiro legítimo Stannis Barethon, assim como seu irmã mais novo Renly. Também Robb Stark é proclamado rei do norte e busca vingar seu pai morto injustamente pelo jovem rei, e salvar suas irmãs que ele acredita estarem presas na corte, contudo apenas Sansa está lá como prometida do rei, mas Arya fugiu e cada momento está em uma situação diferente passando por maus bocados.
No início do primeiro livro os jovens Satrk encontram lobos gigantes e os adotam cada um ficando com um, que será seu parceiro e amigo. As meninas perdem logo os seus, o de Sansa é morto para satisfazer a vontade de Joffrey, e o de Arya é acossado para que não tenha o mesmo fim. Já os meninos continuam com o seu, Robb é conhecido como o rei lobo, pois o seu lobo o acompanha nas batalhas garantindo-lhe a vitória, Bran que fica aleijado após ser jogado de uma janela, consegue ter sonhos verdes, nos quais ele assume o corpo do lobo e consegue se movimentar, o lobo de Rickon é mais feroz (o menino em si ainda não tem muito sentido na história, só tem 4 anos), e o de Jon que se juntou a patrulha da noite (um grupo de homens que juram vestir o negro e defender o mundo do selvagens do norte) está sempre com ele, e por ele é protegido, além de um fato isolado em que consegue conversar com Bran.
Quase todo o segundo livro narra guerras e estratégias de guerra. A não ser na parte Daenerys, que desde criança fugia por ser a herdeira real do trono de ferro, já fora casada com um chefe dothraki (senhores de cavalo) perdeu tudo restando-lhe parte de seu povo e os seus três dragões que nasceram após a morte de seu marido. Ela está para lá de Westeros procurando um exercito para invadir o seu reino e recuperá-lo.

Bem foi um resumo, bem resumo mesmo, provavelmente foram mais de 1000 páginas resumidas.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Cai o Pano - Agatha Christie


Não me lembro de jamais ter lido um de seus romances policias, acredito que na minha infância eu possa até ter lido, mas não me lembro. Então se eu num lembro eu não fiz. Na verdade eu só li porque ganhei de presente de amigo secreto, não foi exatamente uma escolha...
Eu tenho um problema com livros policiais, eu não consigo ler pelo prazer da leitura, eu quero encontrar o assassino antes que o autor nos revele, eu quero encontrar aqueles pequenos detalhes que passam despercebidos. Quase da mesma forma que eu li O Inquilino em que eu procurava a origem do mal! Acho que por isso não consegui apreciar tanto o livro. Não gostei! Minha mãe começou a ler e eu estou realmente curiosa para saber a sua opinião!
Tentarei contar o mínimo possível do livro para que ele não perca a graça para quem ler esse post!
O romance começa com o narrador Arthur Hastings falando de sua ida para Styles uma mansão em que ele já estivera com seu amigo o detetive Poirot, quando esse mudara-se para a Inglaterra, e lá houvera um brutal assassinato. Dessa vez eles vão para lá junto com outros muitos personagens que se conhecem de alguma forma. Estão hospedados na mesma mansão, mas que agora é uma hospedaria, Poirot (agora velho e muito doente) e seu novo criado, Hastings que foi convidado por esse, sua filha Judith que esta junto com o seu chefe o médico Franklin e sua esposa Barbara (também doente, e por isso tem uma enfermeira a senhorita Craven), um antigo conhecido de Barbara, Boyd Carrington (ou alguma coisa assim) um homem rico e simpático, Norton um homem pequeno e adorador de pássaros, a senhorita Cole (já com seus 35 anos) que também é muito discreta e gosta da natureza, Allerton não lembro do que vinha antes do seu nome, acredito que era alguma coisa militar. E além deles os donos da hospedaria o coronel e a senhora Lutrell, sendo ele muito atencioso e ela muito mandona.
Assim que Hastings chega em Styles seu velho amigo diz que entre todos que estão na casa existe um assassino (que ele sabe quem é) e que ele irá matar! Apresenta um dossiê com 5 casos, aparentemente desconexos mas que ele afirma terem sido cometidos todos por X, mas se recusa a falar quem é para Hastings pois este deixa tudo transparente na sua fisionomia. Diz também que não sabe quem é a vítima, e que a missão de Hastings é ser os olhos e ouvidos dele, conversando e conhecendo melhor as pessoas de sua convivência para tentar impedir esse crime. Coisa que não acontece, alguém é morto apesar de considerarem um suicídio.
O final poderia ser considerado surpreendente. De fato não foi nenhuma das minha diversas suspeitas. Mas ainda assim acho que é esperado o inesperado! Não fiquei satisfeita! Queria dizer mais, mas tenho medo de estragar o livro!

domingo, 13 de janeiro de 2013

Os Miseráveis - Victor Hugo



Os Miseráveis é para mim como D. Quixote é para o meu professor, que em toda santa aula afirmava que para um leitor atual é impossível ler esse romance sem nenhum conhecimento sobre ele. Meu primeiro contato com Os miseráveis foi, por incrível que pareça, com a série Dawson's Creek, acho que ainda na primeira temporada a Katie Holmes participa de um concurso de beleza e lá ela canta Os my Own a canção mais famosa do musical da Brodway baseado no romance de Hugo... depois disso o Dawson percebe como ela é bonita e finalmente dá alguma atenção pra ela, blablablá.
Depois eu provavelmente ouvi algumas referências mas sem prestar muita atenção. Até que em 2011, quando estava em um mochilão pela Europa, junto com uma amiga e uma amiga dela decidimos em Madri assistirmos um espetáculo, eu queria balé, mas as meninas insistiram em um teatro, e acabamos ficando com Os Miseráveis em espanhol. Quando chegamos a noite em casa descobrimos que ninguém sabia nada da história que um musical em outra língua não esclareceria muita coisa, entrei no Wikipédia e pesquisei. Recomendo! Apesar de muito confuso, deu para acompanhar.
Nessa viagem eu fiz um diário, que eu proíbo minha amiga de ler, mas vou copilar o parágrafo dedicado à um musical de umas 3 horas ou mais, se assistisse hoje não seria a mesma coisa!
"Assumo que foi mais simples entender por li o resumo da história (supercomplexa) em português antes. Todos estavam devidamente vestidos e cantavam muito bem, (gostei do Gravoche e do casal que cuidou de Cosette - os mais engraçados). porém o melhor era o cenário, muito bem feito, muitas variações e muita tecnologia. Demais, mas demorou muito, e no final queria que acabasse logo.
Bom ressaltar que sentamos na última fileira, uns 10 metros de altura em relação ao palco - leve medo."
Depois disso voltei ao Brasil, e comprei o livro, muito desinformada comprei o segundo volume, e demorei mais uns dois meses para comprar o primeiro. E agora posso dizer com muita vergonha que eu demorei quase dois anos para ler os dois, que dão mais de 1000 páginas, e que nesse meio tempo eu assisti á mini-série com Gerard Depardieu. E que ontem ao terminar o livro entre soluços eu pensava no filme que está nos cinema ou estará dentro e pouco e que eu irei assistir!

Nunca vi uma versão diminuída desse romance mas tenho certeza que existe. Pois são muitos os capítulos que poderiam ser facilmente dispensados sem afetar o enredo, mas perdendo muito da convicção e conhecimento de Hugo. Existe no segundo volume todo um livro descrevendo os esgotos de Paris, e outros tantos em que os personagens são esquecidos e o contexto histórico se sobrepõe a narrativa. Isso torna a leitura mais cansativa além de que os muitos detalhes unidos às muitas tramas tornam o romance ainda mais complexo. Porém, apesar de sentir tudo isso no começo lá no meio de 2011, depois de um ano eu já estava tão envolvida com a história, seus personagens e com a própria Paris que considero cada linha daquele livro essencial. Sem dúvidas está entre os meus top 10 livros de todos os tempos.
Tentarei resumir a história da melhor e menor forma possível...
Jean Valjean era um homem pobre, que precisa roubar um pão e é preso por isso. Foge e vai parar na casa de um bispo muito bom e caridoso, que o recebe em sua casa, e lhe da comida. Contudo, Valjean foge no meio da noite e rouba os castiçais de prata, ele é pego pela polícia local que o leva perante ao bispo, que diz que Valjean não o estava roubando, pois ele havia dado isso a ele, e que ainda havia esquecido a prataria, ele não se lembrava? Tinha prometido fazer só o bem!
Depois disso ele se compromete com a palavra nunca dada, enriquece com um fabrica de vidrilhos e quase todo o dinheiro era usado em proveito da cidade, construindo escolas e hospitais, dando dinheiro aos pobres e órfãos. Porém o inspetor Javert aparece e o reconhece e faz de tudo para provar que o excelente senhor Madeleine é o antigo forçado. Valjean acaba por se entregar, pois outro homem seria preso em seu lugar. Porém foge novamente pois havia prometido para Fantine buscar sua filha e cuidar dela.
Fantine era uma costureira que se relacionou com um moço rico que a abandonou e ela se descobriu grávida, sozinha e muito pobre, então decide sair de Paris para encontrar um trabalho e esconder o seu deslize. Ainda perto de Paris ela pára em frente a hospedaria dos Thérnardier, em que a mãe brincava com suas filhas rechonchudas, e ela acredita que deixar sua filhas com eles e mandar dinheiro seria o melhor para sua bela Cosette. Ela vai parar na fábrica do senhor Madeleine, e de início consegue mandar o dinheiro corretamente por mais que eles abusassem. Contudo descobrem que ela é mãe solteira, e sem consultar o senhor Madeleine a despedem e ela começa a passar pelos piores momentos possíveis, ela torna-se prostituta, vende seus cabelos e também os seus dentes, é presa, adoece e só pensa em sua filha. Quando Valjean descobre tudo isso é muito tarde para salvá-la mas promete que fará de tudo por sua filha.
Ele a salva da mão dos maldosos Thérnardier, mas precisa se esconder em Paris pois Javert continua em seu encalço. O tempo passa, com os dois escondido em um convento onde Cosette tem a sua educação, depois eles saem e levam uma vida calma, até que Marius aparece na história, um jovem idealista que apesar de ter um avô rico vive na pobreza por causa de seus princípios. Valjean, agora senhor Fauchelevent faz de tudo para que esse amor não aconteça, mudando de casa constantemente. Porém eles dão um jeito de se encontrarem.
Até que explode a revolução em Paris, e Marius junto com seus amigos estão em uma barricada que resiste ao exército firmemente. Marius pede para Gravoche, filho de Thérnardier mas que vive nas ruas, um moleque, que leve uma carta a Cosette, mas quem a recebe é Valjean, que parte para a barricada, lá tem a chance de salvar Javert que fora preso por espionagem, e também Marius que se feriu. Todos os outros morrem pela república. E Jean Valjean foge pelo esgoto carregando um Marius desacordado, quase morto. Na saída do esgoto encontra Thérnardier que rouba o dinheiro e o coloca para fora acreditando que irá colocar esse homem que não reconhece em apuros. Do lado de fora encontra de fato Javert que o ajuda a levar Marius à casa do avô, e depois pede um tempo para ir para casa e se despedir de Cosette. Mas, Javert lhe retribui o favor e o deixa em liberdade, contudo não consegue viver com esse dilema, não obedecer a lei do homem para obedecer a lei divina, e acaba por se jogar no Sena.
Marius tem uma cura lenta, mas está bem provido de seu avô que só quer a sua felicidade e busca por Cosette, que junto com Valjean o visita todos os dias, e a felicidade deles culmina em um casamento, feliz rico pois Valjean desenterra mais de meio milhão que possuía desde quando era senhor Madeleine.

Se o romance acabasse aqui eu seria muito feliz, mas então eu comecei a soluçar! Valjean desde seu encontro com o bispo no meio de 2011 fizera de tudo para ser um homem bom, e após ter cumprido sua promessa a Fantine e cuidado de sua filha, ele acredita que não pode partilhar de sua felicidade, morar em sua casa sem que ao menos Marius saiba da verdade. Então ele vai a Marius e lhe diz que é um antigo forçado e que não era pai de Cosette, porém pede para continuar a vê-la. Marius permite mas depois se arrepende, e cada vez mais o afasta dela. E com isso Valjean vai definhando. Então Thérnardier reaparece e quer tirar dinheiro de Marius para lhe contar o segredo de Valjean, sem saber que esse já havia dito o pior, e acaba por contar o melhor! Desvenda o mistério de seu salvamento na barricada e a origem do dinheiro de Cosette. Muito feliz e arrependido Marius junto com sua mulher corre para pedir perdão e agradecer a Valjean, porém esse já está à beira da morte.
"-Morrer não é nada; horrível é não viver."

domingo, 6 de janeiro de 2013

Contos fantásticos do século XIX escolhidos por Italo Calvino

Para começar Feliz Ano Novo!
E o que isso tem a ver?? Peguei um congestionamento de 7h para subir a serra de volta para casa com esse livro na bolsa. Resultado? Terminei!


Não preciso dizer que recomendo muito esse livro, seu título diz por si mesmo! Contos fantásticos, na minha opinião o melhor tipo de literatura, e organizados por Italo Calvino, um dos meus vícios atuais, para ser mais minha cara só se ele tivesse escolhido Tolkien e Jane Austen, esquecendo é claro o detalhe do século XIX! Eles não estão lá, porém estão muitos outros obrigatórios, e alguns que eu não conhecia.
Calvino decidiu dividir o livro em duas partes, denominadas Fantástico Visionário, no qual ele identifica um sugestão visual do fantástico: "perceber por trás da aparência cotidiana um outro mundo, encantado ou infernal."; e o Fantástico Cotidiano, em que o elemento sobrenatural permanece invisível, é uma "dimensão interior". Isso é explicado na introdução do livro, em que Calvino nos fornece uma enorme bibliografia do fantástico do século XIX.
Para deixar mais compreensível acho mais fácil reproduzir o sumário,
Fantástico Visionário
1- A história do demoníaco Pacheco - Jan Potocki
2- Sortilégio de Outono - Joseph von Eichendorff
3- O homem de Areia - ETA Hoffmann
4- A história de Willie, o Vagabundo - Walter Scott
5- O elixir da longa vida - Honoré de Balzac
6- O olho sem pálpebra - Philarète Chasles
7- A mão encantada - Gérard de Nerval
8- O Jovem Goodman Brown - Nathaniel Hawthrorne
9- O Nariz - Nikolai V. Gogol
10- A morte amorosa - Théophile Gautier
11- A Vênus de Ille - Prosper Mérimée
12- O Fantasma e o Consertador de ossos - Joseph Sheridan Le Fanu
Fantástico Cotidiano
13- O coração denunciador - Edgar Allan Poe
14- A sombra - Hans Christian Andersen
15- O sinaleiro - Charles Dickens
16- O sonho - Ivan S. Turguêniev
17- O espanta diabo - Nikolai S. Leskov
18- É de confundir! - Auguste Villiers de l'Isle-Adam
19- A noite - Guy de Maupassant
20- Amour Dure - Vernon Lee
21- Chickamauga - Ambrose Bierce
22- Os buracos da máscara - Jean Lorraine
23- O demônio da garrafa - Robert Louis Stevenson
24- Os amigos dos amigos - Henry James
25- Os construtores de pontes - Rudyard Kipling
26- Em terra de cego - Herbert G. Wells

Como são 26 contos, ou melhor 25 contos e a parte de um livro (o de Jan Potocki), fica difícil falar sobre todos, ou no mínimo sem culpa admito que tenho preguiça! Assim resolvi resumir e muito!
Eu já havia ouvido falar do primeiro na faculdade, e fiquei com vontade de ler, mas ao ler apenas um fragmento me desanimei um tanto, ficou confuso, e nem tentarei explicar aqui. O segundo eu não gostei muito, é mais sobre encantamentos e amor...
O conto de Hoffmann, o maior e melhor de todos os autores fantásticos, eu li no início do ano passado quando uma professora o recomendou, e conta a história de um estudante que se apaixonou por um automato, mas que é entremeada pela presença de uma figura misteriosa que estava presente desde a infância do protagonista.
O quarto conto, A história de Willie, o vagabundo, infelizmente não ficou gravado na minha memória, dei uma relida rápida, lembrei de ter gostado. Correndo o risco de mentir... a história é narrada pelo neto do protagonista, que era pobre e com a morte de seu governante e a falta de um documento provando isso precisa ir ao inferno para provar sua razão.
Eu nunca lera nada de Balzac apesar de sua grande fama, e talvez eu tenha lido o conto do elixir da vida com muitas expectativas, assim não achei grande coisa, é uma história em que um elixir passa de mão em mão em uma família, pois após a morte o filho deveria passar no pai, e nunca é feito da forma correta, o ultimo deixa a cabeça do pai viva, e o rosto morto, mas esse ao ser santificado e levado para a igreja começa a blasfemar...
O sexto conto é a típica história de fantasmas, é muito fincada na cultura irlandesa. Um homem cético participa das festas típicas, em que os duendes e seres de outros mundos aparecem para o povo, e depois disso acorda de uma longa doença casado com uma mulher muito ciumenta, que o persegue onde quer que ele vá. É um conto muito bem escrito, gostei muito!
A mão encantada, é um conto dividido em capítulos com muitos nomes, no geral não me agradou muito. O sobrenatural como o próprio título diz é a mão que a partir de um encantamento feito por um cigano para que um homem pudesse defender a sua honra e vencer um duelo....

Sinceramente se eu continuar assim não termino nunca.. então vou deixar só esse gostinho do que tem no livro, esperando que seja o suficiente para interessar alguém, para além da capa colorida!
Só vou elencar os meus favoritos.. O Nariz de Gogol que eu tentei ler em voz alta para o meu sobrinho que só riu e não deixou eu me concentrar. No geral eu gosto dos autores russos, e já fui ler esse texto muito famoso com expectativas, e apesar de ter que aceitar o impossível e absurdo para conseguir acreditar na verossimilhança dessa narrativa, ela não perde nada.
A morte amorosa e A Vênus de Ille são os típicos contos fantásticos e saboreei cada segundo da sua leitura, o primeiro conta a história de um homem que ao se tornar padre se apaixona por uma linda mulher que passa a lhe aparecer em sonho, e depois de um tempo ele não sabe distinguir a realidade do sonho. E o segundo é a história de uma estátua de aparência bizarra que ao receber o anel de noivado de um jovem acredita ser sua esposa.
Já no Fantástico cotidiano o número de contos que eu gostei foi maior. A sombra eu já havia lido para a faculdade e adorado, faz parte dos primeiros contos fantásticos que li e me viciaram! Nele um homem curioso para saber o que havia na janela sempre fechada de seu vizinho pede para sua sombra ir lá olhar, o que de fato acontece, depois de muitos anos eles se reencontram e a sombra está rica, e quer viajar e quer pagar ao seu dono para acompanhá-la, e com o tempo as funções se invertem.
O sinaleiro, Amour Dure, O demônio da garrafa, Os amigos dos amigos e Em terra de cego entram também para a minha lista de meus contos favoritos. O primeiro é de Dickens e narra a história de um sinaleiro que via fantasmas que avisavam de desastres que aconteciam nos trilhos do trem; o segundo que é bem comprido se passa na Itália em que um pesquisador se apaixona por aquilo pesquisado, uma linda mulher que matara grande parte de seus apaixonados, e ele está decidido a seguir o mesmo caminho.
O demônio da garrafa é a famosa história do gênio preso dentro de uma garrafa que irá realizar os desejos de quem a possuir, narrado por Stevenson a moradores da Polinésia. O seguinte é um conto sobre desencontros, o encontro se dá após a morte de um deles e ainda assim tem efeitos na vida dos vivos. E por último Em terra de cego, que já anima pela introdução de Calvino! Nele um homem cai em uma vila em que todos são cegos há gerações, seus habitantes sequer sabem o que é "visão"; esse homem/explorador só consegue pensar no ditado: em terra de cego quem tem um olho é rei. E por todos os motivos quer ser seu rei e governante, contudo o resultado é outro.