sexta-feira, 7 de junho de 2013

Madame Bovary - G. Flaubert

O penúltimo dos livros que eu tenha que ler para a matéria de literatura francesa. Essa era o único que eu já havia lido, e apesar de não ser a tanto tempo, eu na verdade não me lembrava direito, sabia que ela era uma adultera como qualquer pessoa que já ouviu falar sobre esse romance. Sabia também que quando o libro foi publicado (1857) Flaubert sofreu um processo por seu romance ser inapropriado e levar leitoras ingenuas a seguir sua protagonista, porém ele foi absorvido.
Sinceramente, apesar de ser um cânone, eu não consigo encontrar o que ele possui de tão bom para continuar durante todos esses anos sendo estudado e lido. Não é como em Dom Casmurro que ainda hoje não chegou-se a uma conclusão quanto a fidelidade de Capitu. Não! Ema Bovary traiu seu marido, traiu mais de uma vez, se tivesse sobrevivido trairia de novo, mas não sobreviveu, foi fraca se suicidou, e depois seu marido morreu de infelicidade ao descobrir sua traição, deixando a pobre da filha completamente desamparada. Mas desculpa, estou acelerando, e começando pelo fim.



Quando eu comecei o livro me veio um sorriso, ah finalmente um livro narrado em primeira pessoa (eu sempre gostei mais desses!). O narrador começa contando da primeira vez que Charles Bovary foi a escola, de seu acanhamento e do seu atraso. Porém, meu sorriso logo se esvaiu, não sei se propositalmente ou por um lapso o senhor Flaubert passou para um narrador em terceira pessoa completamente distante, quase invisível, o autor buscou manter um distanciamento que para um leitor desatento passaria por uma simples descrição, sem julgar o caso. O que não é o caso.
Apesar de o romance começar com a história de Charles, a protagonista é Ema. Porém, para chegar nela o narrador conta a vida de Charles, que estudou medicina sem se aplicar muito. Conseguiu um posto e uma mulher, viúva ciumenta que morre logo no início, implorando por um pouco de amor. Mas, Charles já está inclinado para Ema, que é a filha de um fazendeiro de que ele tratou, e continuou visitar, muito provavelmente por causa dos grandes olhos de sua filha. Ema, que recebera uma educação cristã, mas tinha uma visão muito distorcida da religião, voltara para morar com o pai, e tinha a cabeça, assim como Dom Quixote, cheia de romances, dos quais ela tirou um ideal de amor.
Depois do tempo de luto necessário para Charles, eles se casam, e logo Ema descobre que seu marido é simplesmente medíocre. Quando eles são convidados para um baile no castelo de um visconde, ela sai toda encantada imaginando como seria ter aquela vida, enquanto ele apenas se resigna de que aquela não é a vida deles, e que é bom voltar para casa.
Ema se desaponta e se desilude e adoece. Charles decide que é melhor eles mudarem de região, e vão morar em uma vila, que no mínimo daria um bom quadro, todo mundo é tão típico. A taverneira viúva e atarefada, o empregado manco, os vizinhos fofoqueiros, o padre, o faz tudo, o quieto e  o extrovertido (são as conversas entre o padre e o farmacêutico Homais que fazem o livro valer a pena!). Assim que o casal lá chegam já entram em contato com grande parte deles, e Ema já faz amizade com o jovem Leon, e por quem acaba se apaixonando, contudo nada acontece, pois ele parte para a cidade afim de estudar. Ela sozinha e desiludida conhece Rodolfo jovem rico que vive de rendas e já tivera várias amantes e se decide por ter aquela bela mulher.
É claro que consegue. No dia em que o ato se consuma, Ema volta para casa exultante se sentindo, e Charles no seu conformismo, também a acha mais bela, se gaba da sua mulher, para quem ele é todo amores. (Um pouco antes disso eles tiveram uma filha, que é completamente esquecida, um personagem completamente desnecessário! - me desculpa, ela é tão inútil que eu não consegui encontrar um lugar coerente para colocar o seu nascimento). Os amores entre Ema e Rodolfo continuam, todos na cidade suspeitam, Ema é completamente inescrupulosa. Eles então decidem fugir, mas Rodolfo desiste no último segundo, deixando Ema acabada, com uma carta um tanto insensível. Ela cai doente mais uma vez.
Aos poucos, e com muito cuidado do seu marido, ela se recupera. Na primeira chance de lhe agradar Charles a leva para o teatro na cidade, onde eles reencontram Leon. Ema então embarca em mais um caso, sendo a primeira cena disso um tanto pesada, eles ficam em uma espécie de carro por horas, de cortinas fechadas, fazendo sabe-se lá o que.
O romance continua.. ela traindo, ele achando que tudo em casa vai bem. Porém, há um outro problema, Ema tinha assinado muitas letras (seria como comprar a crédito) e o mercador resolvera cobrá-la de tudo, uma soma muito alta que ela não sabia como conseguir. Pediu a Leon que a deixou na mão, pediu para um homem rico que queria algo em troca, pediu para Rodolfo, humilhando-se, e ele também não tinha. No seu desespero Ema vai a farmácia, e convence o ajudante, Justino, que era apaixonado por ela, a abrir uma sala em que Homais guardava seus produtos, e lá se envenena com arsênico. E depois de algumas horas morre agonizando. Uma parte um tanto longa, para um fim no qual Charles descobre-se traído e morre sem nenhuma explicação.
Nem deveria ter me estendido tanto por um livro um tanto chato. Mais um último comentário, prometo, da minha primeira leitura eu lembro de ter achado um absurdo as pessoas considerarem ela tão devassa, afinal foram só dois amantes. Acho que eu não entendia tanto de monogamia a menos de 5 anos atrás. Sério, hoje parece horrível! Não basta trair com uma pessoa, tem que ser com duas que você ama até a morte mas não pode nem se esforçar um pouquinho pelo tonto do seu marido que te ama tanto?!

Um comentário:

  1. kkkkkk essa é a realidade do mundo, só existe perfeição nas novelas da globo arghhhhh
    Prefiro as mexicanas!!

    Assisti o filme da vida do Gustave Flaubert e foi incrível tb!! o protagonista é o Gerard Depardieu.

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