Em umas férias nada comum, e bem ociosa, eu mesmo sabendo que teria uma matéria esse semestre que exigiria muita leitura, acabei me deixando levar apenas pelo prazer, sem me dar ao trabalho de começar a ler alguns dos livros obrigatórios, como é o caso de O vermelho e o negro (a imagem, segundo a informação do meu professor é a capa de uma das primeiras edições, o livro foi primeiramente publicado em 1830). Deveria ter começado a ler, me arrependo! Entre os motivos esta que eu com preguiça de ir à biblioteca devolver um livro alugado no início das férias, me esqueci durante o carnaval de renová-lo ficando com uma multa gigante, e infelizmente eu só poderia pegar o livro na segunda, uma semana após o início das aulas... na madrugada de domingo houve um pequeno incêndio, e nós ficamos sem a biblioteca! Para recuperar o tempo perdido enquanto eu esperava o livro chegar (comprei em um sebo pela internet! sempre usem o estante virtual! sério paguei 12 reais e o livro nem sequer fora tirado do plástico e as páginas estavam coladas!!) comecei a ler pela internet, e para a minha surpresa, eu gostei muito!
O livro conta a história de Julien Sorel, um camponês pobre que na França do século XIX quer subir socialmente. Se ele tivesse nascido anos antes a sua ascensão teria um caminho definido: o exército de Napoleão, a farda vermelha. Mas naqueles anos da restauração Julien percebera a influência e o poder da Igreja, e decidira pelo caminho eclesiástico e a batina negra (ai está a explicação mais aceita para o título do romance).
Devido muitas de suas habilidades ele consegue o emprego de preceptor dos filhos do prefeito de sua cidade, que para manter sua posição social quer ter um preceptor que fale latim e tenha decorada toda a Bíblia para ostentar. Aos poucos Julien um jovem bonito e um tanto maquiavélico decide tentar segurar a mão da senhora de Rênal, sua patroa, e seduzi-la. Não que ele a amasse ou sentisse alguma atração. Mas essa aos poucos acaba com todas as resistências e apesar das dúvidas iniciais do nosso jovem herói, que acreditava ser amado como um inferior, e descobre-se dono daquela senhora de alta linhagem, enfim eles acabam se doando para um amor verdadeiro e imprudente. Depois de um tempo o senhor de Rênal recebe uma carta anônima delatando a traição de sua esposa, mas essa junto com o seu amante tramam uma mentira para que nenhum mal maior seja causado.
Porém, Julien se vê forçado a deixar a casa de seu amor, e depois de um tempo forçado a ir para um seminário. Onde não faz nenhum amigo a não ser o padre Pirard, seu confessor, que o toma por protegido, apesar de assim como os demais não ter certeza de sua fé. Depois de algum tempo com a demissão do padre, por causas políticas, Julien consegue através de um favor dele um emprego de secretário para o senhor de La Mole, que residia em Paris. Onde se passa grande parte do segundo livro, em que Julien um jovem padre camponês se vê colocado em meio a alta sociedade parisiense que é caracterizada pelo seu tédio.
Julien aos poucos ganha a confiança de seu novo protetor, e também a admiração de sua filha, que vê nele a diferença com os jovens parisienses de alta linhagem, que apenas apresentam um título e coragem. Não possuem opiniões, nem um caráter digno de ser amado. O amor que Mathilde de La Mole sente por Julien Sorel é de início inconstante e muito cerebral, ela parece decidida a amá-lo, mas não consegue deixar de lado o seu orgulho e nem esquecer a diferença social existente entre eles, e que assim ela jamais poderia ser subjugada por ele. Entre essas inconstâncias, Julien recebe a ordem do senhor de La Mole de ir viajar e levar uma mensagem decorada, de uma possível traição/insurgência (não sei ao certo, é uma parte da narrativa que para mim destoou completamente do resto). Quando sai da mansão ele está totalmente desgostoso, pois apesar de no início não amar Mathilde, quando se vê rejeitado por ela, e ainda mais impossibilitado de tê-la novamente pois assim ela decidiu, ele descobre-se imensamente apaixonado. Na sua viagem, já depois de ter entregado a mensagem e estar esperando por respostas, ele encontra um amigo seu que lhe ensina como recuperar Mathilde. Através de uma aparente indiferença e o cortejo a uma outra mulher, por quem ele fingiria-se apaixonado e trocaria cartas, 53 já escritas.
De fato ele a reconquista, e a partir de então ela é totalmente sua, e completamente imprudente. Ambos vivem um amor que parece bom, até que ela lhe conta que está gravida e que irá contar ao pai, e que assim eles se casariam. O processo é enrolado, pois o orgulho do senhor de La Mole não permite ver sua filha, que um dia ele esperava tornar duquesa, se casar com um simples senhor Sorel, para quem ele acaba conseguindo um título e um novo nome, além de um cargo no exército, e depois de um tempo dá-lhe terras para que também tenham algum rendimento. Mas ainda assim se recusa a permitir o casamento, então decide pesquisar o passado de Julien, e assim recebe uma carta da senhora de Rênal (na verdade sabemos depois que ela fora obrigada pelo seu atual confessor a copiar aquela carta que ele havia redigido), que o faz decidir cometer um crime.
Então ele parte para a sua cidade natal, entra na igreja onde a senhora de Rênal está, durante a missa e dispara dois tiros de pistola, um acerta seu chapéu e o outro de raspão o ombro, e apesar dessa se recuperar, ele havia cometido um crime com muitas testemunhas e foi preso na hora para aguardar julgamento. Mathilde usa de toda a sua força e influência (sem nunca transparecer que ela estava grávida!) para tentar livrar o seu amado, chega a comprar o juri, através da promessa de tornar um padre em bispo, e esse promete ao novo prefeito torná-lo governador, e esse aceita convencer os demais. Contudo o prefeito, Valenod, era um antigo inimigo de Julien, pois ele também amara a senhora de Rênal, mas jamais conseguira nada dela. Assim Julien é declarado culpado e destinado a guilhotina.
A senhora de Rênal, apesar de tudo isso ainda amava muito Julien, e esse após atirar nela descobre que também ainda era apaixonado poe ela. Assim, quando essa descobre o fim do julgamento e a recusa dele em apelar, vai até a prisão e eles voltam aos bons termos. Mas no final de tudo ele é realmente guilhotinado.
Apesar de toda essa ação aparente o livro não é composto das ações em si. Na verdade muitas vezes me via surpreendida pela passagem de tempo de um parágrafo para o outro. O romance é composto pelos pensamentos dos seus personagens, pelos seus conflitos internos. Sem ser de forma alguma distanciado da sua situação histórica e social. Eu, sinceramente, gostei bastante, mesmo tendo achado melodramático demais no final.
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