domingo, 12 de outubro de 2014

A identidade - Milan Kundera

Esses dias teve promoção do Submarino. Promoção de qualquer tipo já me enche os olhos, de livro então, só fica melhor se for um box: presente de dia das crianças adiantado!! Meu pai me deu um box com 5 livros do Milan Kundera. Ficaram alguns dias na prateleira me olhando e implorando pra serem lidos. Não resisti, mas pra não comprometer as outras leituras eu peguei o menor de todos - A identidade.


O livro conta a história de um casal, não tão jovem assim, que passa por uma crise a partir do momento em que a mulher, Chantal, se dá conta de que os homens já não olham mais para ela. Seu parceiro, Jean-Marc - na tentativa de fazê-la se sentir bonita resolve escrever uma carta se passando por um admirador secreto, no entanto ao perceber a reação de Chantal continua lhe escrevendo. Chantal por sua vez, não suspeita de início que seu admirador é Jean-Marc, e mesmo não dando tanto valor ao fato ocorrido, acaba escondendo a carta e seu conteúdo. Mas, ainda assim não consegue deixar de agir de forma a agradar esse desconhecido.
Tudo desanda, quando Chantal descobre que Jean-Marc descobriu a existência das cartas e não falou com ela sobre isso. É então que ela suspeita dele, e deixa a entender que sabe o que ele fez, assim Jean-Marc também começa a criar suas suspeitas, sobre o que seria uma brincadeira inocente se tornar o fim do seu relacionamento perfeito. As suas dúvidas não giram em torno de uma possível traição de Chantal, mas sim um questionamento quanto a sua personalidade. Pois ele a adorava, e achava especial o fato de ela conseguir ter duas caras, uma que ela usa em um emprego que ela apenas suportava por causa do salário, e a outra que era só dele, a verdadeira Chantal. Só que agora ele já não tinha mais tanta certeza qual era a real.
Nesse momento do livro, muitos fatos estranhos já ocorreram, e apesar da sua incongruência, continuamos a ler na espera de um final fantástico. No entanto, com a crise do relacionamento deflagrada esses fatos estranhos ficam ainda mais estranhos e mais recorrentes. Até que eles acordam de um sonho.
Sim!! É isso mesmo era um sonho! Recurso utilizado por adolescentes em aula de redação, criam uma história tão absurda que não sabem como acabar, e então dizem: foi tudo um sonho. Mas é claro que Milan Kundera não faria isso, ou pelo menos não faria de uma maneira tão crua. Ao admitir que foi um sonho ele coloca muitos questionamentos. De quem fora o sonho? A partir de que momento o sonho começou? O único fato que parece ser concreto é que ela realmente um dia constatou que os homens já não olhavam para ela, e comunicou  isso a Jean-Marc.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Se eu ficar - Gayle Forman

Minha mãe voltou de viagem faz um tempo e declarou que queria ir ao cinema. Eu sinceramente sou contra ir ao cinema de final de semana, principalmente domingos. Gosto de ir durante a semana, de preferência à tarde, até mesmo na hora do almoço. A coisa é pegar a sala vazia. Tenho pavor de sala de cinema cheia. Convencendo minha mãe quanto a data e o local, faltava escolher o filme. Cinema é muito caro e passa muita porcaria. Ainda não fomos ao cinema, mas já decidi! Quero assistir Garota Exemplar. De qualquer forma, quando minha mãe sugeriu o cinema, eu queria assistir Se eu ficar. O trailer desse filme passava a cada dois segundos. Eu realmente gosto de um drama, mas desde o dia da estréia nenhum dos cinemas que eu costumo ir o colocaram em cartaz. Foi então que eu descobri que o filme era baseado no livro. Quem não tem cão caça com gato.... e eu sempre amei gatos!

O livro começa com uma cena familiar muito reconfortante. O pai um ex-rebelde, ex-roqueiro agora professor, a mãe uma ex groupie que agora trabalha em uma agência de viagens, um menino fofo de uns oito anos de idade, e a nossa protagonista, uma adolescente, no último ano do colegial, que se candidata para a Julliard, sendo uma excelente violoncelista.  Todos estão na cozinha tomando café da manhã, quando por causa de muita pouca neve é anunciado que as escolas não irão funcionar. Diante desta perspectiva os pais decidem também faltar nos seus empregos e fazerem um passeio em família. No entanto, esse passeio acaba em desastre. Os pais morrem na hora, e os filhos são levados para hospitais diferentes.
Mia, a violoncelista. Depois do acidente acorda, levanta-se e circula em meio a destruição, até encontrar o próprio corpo. Ela não sabe se está morta ou não. Até que a ambulância chega e a leva para um hospital, onde passa por uma série de cirurgias e fica em coma na UTI, enquanto seu eu extra-corpóreo vê tudo, sem saber o que fazer. Até o momento em que seus avós estão com ela e uma enfermeira os informa de que ficar é uma decisão dela.
Em um curto espaço de tempo Mia passeia pelo hospital e pelas suas lembranças do passado, tentando decidir entre ficar e encarar uma vida completamente diferente daquela que ela conhecia até então, ou ir embora, para o desconhecido, com a esperança de se encontrar com a sua família.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

É agora... ou nunca - Marian Keyes

Eu pretendia ler a Ilíada, mas me deu uma vontade louca de comédia romântica na semana passada. Devo ter assistido no mínimo umas quatro, ai na hora de ler o jeito foi parar no segundo canto, e escolher entre a Marian Keyes e o Nicholas Sparks, sou mais ela, os finais tendem a ser feliz, enquanto que ele tem o costume de sempre colocar alguém doente em uma cidade litorânea e fazer todo mundo chorar. E por incrível que pareça não é que É agora... ou nunca tinha um personagem doente também, e eu chorei de qualquer jeito....


O livro gira entorno da vida de três amigos de infância nos seus trinta e poucos anos. Tara, Katherine e Fintan. Os três nasceram em uma cidadezinha no interior da Irlanda, e com vinte anos resolveram se mudar para Londres. Tara fora a menina mais bonita na sua adolescência sempre namorando. O namorado da vez é Thomas um machista chato que fica constantemente ofendendo as pessoas com a sua sinceridade. Katherine é a mocinha toda certinha com um apartamento todo arrumado, roupas sérias e um emprego seguro, e que tem um bloqueio com homens por causa do seu primeiro namorado, história que só é contada no final, mas que dita todo o seu comportamento. Fintan é um homem bonitão, todo estiloso, trabalha com moda, e já encontrou o amor da sua vida um arquiteto italiano chamado Sandro, no entanto descobre que está com câncer e tem que se submeter a quimioterapia, vendo sua vida perfeita desmoronar. Eles ainda tem uma amiga chamada Liv, uma sueca, que por um tempo morou com Tara e Katherine, uma moça um tanto quanto complicada, como ela mesma diz mais para o final do livro ela não nasceu para ser feliz, mesmo naquele momento tendo tudo que poderia querer.
Existem ainda outros personagens que tem o seu papel na história, que no começo parecem meio deslocados, mas que no final se juntam fazendo com que Londres pareça um ovo.
A ação em si do livro começa quando Fintan fica doente e com a perspectiva de morrer jovem começa a perceber que suas melhores amigas estão desperdiçando suas vidas, Tara com um homem grosseiro só porque tinha medo de ficar sozinha, e Katherine sozinha por medo de ser rejeitada. Assim ele faz com que Tara prometa largar o Thomas, ou ao menos pedir para que ele se casar com ela, e que Katherine dê em cima de Joe Roth, um homem de seu trabalho que já a convidara para sair, mas que ela rechaçara para se proteger, mas por quem sentia forte atração. Todos eles estavam no sufoco do Agora ou Nunca. Precisavam dar um rumo para sua vida.
De início as duas se recusam a cumprir o que foi prometido, achando que não havia sentido no que dizia respeito a si mesma, apesar de concordarem quando se tratava da outra. A primeira a fazer algo foi Katherine que logo se viu envolvida em um relacionamento perfeito que no entanto sofre um grande abalo no final, mas tudo fica bem pois é Marian Keyes e não Nicholas Sparks. Tara é mais resistente, e prefere ficar em um relacionamento ruim a ficar sozinha, até que Fintan a liberta de sua promessa, então ao invés de se sentir aliviada ela percebe que terminar é a melhor opção, e apesar de todo o seu sofrimento e o medo terrível de não ter mais tempo de encontrar alguém, ela acaba muito bem sozinha, um tanto inclinada por alguém que você, leitor, torce pra ela ficar desde o começo.

No fim todos têm aquilo que merecem. A felicidade não parece assim tão difícil se você corre atrás dela. Uma leitura fácil, dinâmica e envolvente. Era exatamente do que eu precisava.