sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Spider - Patrick McGrath

Fiquei muito tempo sem ler, e nem percebi. Eu percebia os livros se acumulando no canto da mesa, percebia que alguns já estavam até empoeirados. Mas eu não sentia falta. Como? Como isso foi possível? Eu tenho uma explicação razoável! Depois de seis anos, enfim, eu sou uma pessoa formada! Li muito nesses dias, li teoria, li e reli minhas próprias palavras até que elas se esvaziaram de sentido, e tudo aquilo que eu achava interessante era só algo que deveria ficar pronto. Está pronto, não está perfeito, mas está acabado. Que venham as férias e as leituras.
Na verdade esse livro deveria ter sido lido antes do final do semestre, e deveria ter sido usado para fazer um trabalho de uma matéria de literatura fantástica contemporânea, no lugar de O terror, cujo final havia tanto me desgostado. No entanto, esse livro era maior, muito mais complexo e outro já tinha sido lido, já estava todo cheio de marcadores... e no final o fim do livro depois de uma análise bem feita, me pareceu muito melhor, cheio de significados. E Spider ficou em cima da mesa esperando a sua vez.


Spider é o diário de um homem perturbado. Que segundo ele tinha acabado de voltar para Londres depois de ter passado 20 anos no Canadá (isso ficou meio confuso, quando ele voltou de ônibus... veja bem. Mas não é muito possível confiar nele depois de um tempo...), e se instalara em uma pensão, em um quarto no último andar, que ficava abaixo do sótão, onde criaturas faziam barulhos incessantes durante à noite. No seu retorno ele decide escrever o diário onde contaria a história de sua vida, em especial os acontecimentos envolvendo sua mãe e seu pai, quando ele tinha 13 anos.
Na parte inicial do livro Dennis Cleg, cuja mãe o apelidara de Spider, conta sobre sua infância, a relação íntima que tinha com sua mãe, e a distância de um pai inferior intelectualmente, que passava as noites no pub local. Em uma de suas idas ao pub o pai de Dennis conhece a prostituta Hilda Wilkinson, e quando eles vão se encontrar em uma noite, Dennis vê sua mãe saindo de casa para procurá-lo, mas segundo Spider é por ele morta e enterrada. E quando o pai volta para casa traz com ele Hilda que assume o lugar de sua mãe. A partir disso Dennis torna-se mau, ele encontra uma forma de se esconder em seu próprio cérebro da realidade e ainda conviver com a mãe, enquanto planeja uma forma de se livrar do pai, a quem ele acusa de ter matado sua mãe.
Então Spider interrompe a narração de sua infância para narrar os 20 anos que ele passou em uma clínica psiquiátrica, onde ele melhorou seu método de escape, e foi considerado um paciente dócil, até que ele foi mandado de volta para a realidade, e para Londres. Nesse ponto o passado e o presente começam cada vez mais se confundirem, Spider já é um ele, enquanto quem narra é Dennis, que começa a ver todas as pessoas, inclusive ele mesmo, como alguém já morto. Ele tem, por exemplo, a certeza que sua anatomia interna já mudou, que perdeu um pulmão, e que no outro mora um verme, que ele é um ninho de aranhas, e aos poucos ele é colocado de frente com a realidade até que não a suporta mais.

Não dá pra dizer mais sem estragar o livro, que por sinal é muito bom! Recomendo a leitura.