terça-feira, 16 de julho de 2013

Senhor do Anéis - A Sociedade do Anel - J.R.R. Tolkien

"Rileggere non è ripetersi, ma dare una prova sempre
 nuova di un amore instancabile"
Moravia

"Que a segunda vez que você
vê uma coisa é na verdade a primeira vez.
Você precisa saber como a coisa termina
antes de poder apreciar a sua beleza desde o início"
David Gilmour - O clube do filme

"Ninguém desce duas vezes o mesmo rio,
porque as àguas mudam... Cada vez que
lemos um livro, o livro mudou,
a conotação das palavras é diferente"
Jorge Luis Borges

Na verdade eu poderia ficar eternamente aqui dando mil motivos diversos para a releitura. Não só de Senhor dos Anéis, que provavelmente é a minha maior paixão, mas de todo e qualquer livro, primeiramente por ser obrigada a concordar com David Gilmour, e porque cada releitura é um novo detalhe que lhe chama a atenção, e ao mesmo tempo é como rever velhos amigos. Então se tem um conselho que eu dou para as pessoas é: desligue a TV e vá reler um livro! Além de tudo isso ainda faz sentido as pessoas comprarem os livros... sendo assim emprestem livros também, mas jamais Senhor dos Anéis, vai que não te devolvem, que demorem muito para ler, que estraguem... não! ele é um bem precioso.
Como prova de que cada vez que nós relemos um livro algo novo nos surge, só dessa vez, provavelmente a sétima, é que eu percebi que ele tem por titulo o nome do vilão. nunca tinha reparado nisso. Tentei encontrar entre os livros que eu tenho aqui algum outro que fizesse isso, me deparei apenas com O Diabo veste Prada, e veja bem que ai teríamos que inferir que a chefe da mocinha é o diabo, que o diabo em si eu acredito que ande peladão por ai.


Como eu disse Senhor do Anéis é o meu livro favorito. Sou fissurada por literatura fantástica, e simplesmente não me canso da magia e do mundo criado por Tolkien, já li muitos de seus livros, sempre querendo saber mais sobre a Terra Média, talvez procurando algum furo, ou uma maneira de entrar. Quando fizeram os filmes eu fui logo assistir, todos no cinema, lembro que pelo menos um ainda foi em comemoração do meu aniversário... devo dizer que eu odeio os filmes. Não sei se são bons ou ruins (diferente do Hobbit que é uma merda, e visivelmente estão apenas atrás de lucro e foda-se a obra de Tolkien), mas o que me incomoda eu sei perfeitamente, claro que além dos cortes das melhores partes - até hoje não superei a omissão de Tom Bombadil, e é o simples fato de que da primeira vez que eu li Frodo não era Elijah Wood, nem Legolas era Orlando Bloom... as paisagens eram diferentes na minha cabeça, e a minha criatividade parece que ficou limitada pela visão de um diretor, ou de produtores... desejaria nunca tê-los visto, e assim ainda teria a possibilidade de ter os meus hobbits, anões, elfos e magos...
Me sinto meio idiota tentando resumir o livro que eu nunca me canso de ler, o livro que eu acho que precisa de cada palavra, por mais que já tenha entrado em intermináveis sobre o livro ser cansativo em suas descrições. Também não vejo sentido em resumir um livro que todo mundo já assistiu aos filmes, mas vamos tentar....
O livro começa no Condado, onde Bilbo Bolseiro, um hobbit muito diferente, está preparando sua festa conjunta de aniversário de 111 anos, com seu sobrinho e herdeiro Frodo Bolseiro que naquele ano estaria fazendo 33, que pe quando os hobbits se tornam adultos. Bilbo planeja uma festa enorme, convida metade do Condado, e também aparece Gandalf.... Sério não consigo!!
Apenas colocarei algumas correções com relação ao filme, quando Bilbo parte para sua última aventura deixando tudo para Frodo este não sai às pressas com Gandalf logo depois de descobrir que aquele é o Anel, eles têm um plano a longo prazo e se não me engano passam-se dez anos antes de Frodo abandonar o Condado. Ele não encontra por acaso Merry e Pippin na plantação do senhor Magote. Eles estão fingindo uma mudança de Frodo, que depois partiria apenas com Sam para Valfenda caso Gandalf não chegasse antes. Mas seus amigos percebem o seu plano e decidem ir com ele, e por causa da perseguição dos Cavaleiros Negros eles acabam adiantando tudo e indo pelo caminho da Floresta Velha para despistá-los. Então começa a minha parte favorita. A travessia dos quatro hobbits pela Floresta Velha onde as arvores têm vida e vontade própria. A mais poderosa delas é o Velho Salgueiro-homem que encata os hobbits para que eles durmam e depois tenta "engoli-los". É ai que aparece o velho Tom Bombadil, um homem, ou não, tão velho quanto a Terra Média que é senhor da sua terra e lá tudo o obedece, o Anel não tem qualquer efeito sobre ele. É um ser animado que canta e pula o tempo todo, e os abriga em sua casa, para depois indicar o melhor caminho pelas colinas tumulares até chegar em Bri. Mas é claro que não é uma viagem tranquila, e os quatro hobbits são pegos pelas criaturas tumulares e só são salvos por uma força que existe em Frodo que o mantem consciente, e ele canta para que Tom apareça. Mais uma vez salvos eles se dirigem para Bri e a hospedaria do Pônei Saltitante - praticamente toda essa parte do filme está alterada, há uma carta de Gandalf que explica muita coisa, e não faz dos pequenos seres ingênuos que seguem qualquer um em uma estrada perigosa!
Não é a Arwen quem vai ao encontro deles perto do vau do Bruinen. Jamais uma alta senhora elfica protegida pelo papai sairia a cavalo atrás deles. É um alto senhor elfico que sabe lutar. Frodo atravessa sozinho o rio, nada de corte na face branca. A estadia em Valfenda é muito maior do que a do filme, mas isso eu perdoo, quero dizer teria sido melhor uma série, veja o sucesso de Games of Thrones.
A partir disso já não vejo tantos problemas no filme. A não ser que o momento em que eles tentam passar pelo Caradhras não é Saruman quem faz a montanha vir a baixo, a montanha tem vontade própria. E também o tempo passado em Moria é um pouco mais longo, e um pouco menos de luta... Do momento em que eles saem da mina até entrar na cidade de Caras Galadhon em que os elfos de Lothlorien moram acontecem pequenas coisas que não são relatadas, como Gimli e Frodo olhando pelo lago espelho e a musica cantada por Legolas às margens do Nimrodel.
Então já estamos quase no final, a comitiva se despede dos senhores de Lothlorien, recebendo cada qual o seu presente, e rumam para o sul em barcos. Ninguém sabe qual caminho seguir, essa decisão cabe a Frodo, que quando eles precisam decidir, pede uma hora para pensar e lá é abordado por Boromir, que diferente do filme é um tanto mais sensato e tenta convencer Frodo antes de partir para a violência. Todos estão conversando nesse momento pensando no próximo passo, com medo mas dispostos a seguir Frodo até Mordor apesar de preferirem seguir Boromir. Quando este volta atordoado, eles saem a procura de Frodo, e apenas Sam é capaz de prever o que o seu amo vai fazer e volta para os barcos e eles vão embora. O ataque orc fica para o outro livro.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O reverso da medalha - Sidney Sheldon

Quando eu troquei Arquitetura por Estudos Literários acreditei que todas as vezes que eu dissesse o curso que eu estava fazendo as pessoas ficariam impressionadas, perguntariam onde existe esse curso, e principalmente o que eu queria fazer com isso, e os mais sinceros falariam do salário. Não estava em nada enganada, só tive que acrescentar mais dois comentários, que lindo! e nossa como você é inteligente! Não discordo de nenhum dos dois, mas acho que muitos outros cursos são lindos, e pessoas em diferentes cursos podem ser inteligente, e muito provavelmente são.
Mas o comentário que mais me incomoda, é na verdade um pedido: fala alguma coisa ai! O quê??? Sério, nunca ouvi ninguém chegar para um engenheiro e pedir pra ele contar alguma coisa, é claro que o meu curso é mais interessante, por se tratar de cultura, mas eu preciso de um tema. Há cerca de um ano atrás, em um jantar entre amigos, uma amiga me fez esse pedido. Me recusei a responder, até que ela foi mais específica: o que você acha de Sidney Sheldon? Eu não fazia ideia de quem ele era, nunca ouvira falar dele. Me disseram que era parecido com Paulo Coelho, só que americano. Nunca li Paulo Coelho tão pouco, mas do que eu ouvira falar, é muito ruim, piegas, usa sempre o mesmo enredo que vende e não acrescenta nada. Comecei a falar sobre Nicholas Sparks, que eu achei que seria parecido, todos os seus livros viram filmes supertristes, como Um amor para recordar, Querido John, A ultima música, Noites de tormentas, Diário de uma paixão...
Semanas depois fui contar essa história para uma outra amiga, eu estava na kitnet dela, e ao terminar a história ela me entregou um livro "vira-vira" do Sidney Sheldon, e me disse que realmente num me acrescentaria grande coisa mais, que era daqueles livros fáceis de ler, que de cativam que rapidamente eu terminaria de ler. Assumo que demorei para começar a ler, mas demorei ainda mais para terminar. O começo foi interessante, o meio um saco, e o final cheio de erros, mas eu li bem rápido porque já está na hora de eu devolvê-lo, sem ler o outro lado....


O livro conta quatro, senão cinco gerações de uma família. O prólogo narra a última cena do livro, o que acontece meio que simultaneamente ao epílogo, ao terminar o livro tive que reler o início só para dar aquela refrescada e ver tudo o que o prólogo prometia. De fato ele promete muito, é um baile de aniversário de 90 anos da matriarca de uma família muito rica e importante dos Estados Unidos, que é assombrada por seus fantasmas, e mesmo lá no baile há figuras misteriosas.
Então o romance volta muito no tempo para contar a história do pai de Kate Blackwell, Jamie McGregor um jovem irlandês, eu acho, que saiu de casa para tentar a sorte nas minas de diamante da Africa do Sul. Chegando lá ele tem muitas dificuldades, principalmente porque é enganado pelo comerciante local, que manda assassiná-lo. Contudo ele é salvo por Banda, um negro que torna-se o grande chefe da luta contra o racismo. E juntos eles decidem se vingar roubando, uma de suas minas mais valiosas e bem protegidas. É uma aventura muito arriscada, mas os dois não têm nada a perder. E milagrosamente eles conseguem sair de lá com muitas pedras. Jaime quer repartir tudo igual, porém Banda pega quase nada e vai embora, mas eles continuam amigos. Jaime volta para a cidade em que ele fora ludibriado e começa a sua vingança, ele mudara tanto por causa do efeito do deserto que ninguém o reconhece, ele seduz a filha do comerciante, Margaret. Ela engravida e ele a dispensa, o pai entra em desespero e a joga na rua. Ela tem um filho e através dele tenta reconquistar Jaime, que no começo reluta em aceitar, mas acaba por se apaixonar pelo filho. Mas esse é morto, e resta-lhe uma nova filha que ele cria, mas ela não é uma mocinha normal,  muito determinada, e quando ele morre ela assume o controle da enorme empresa que ele criara, a Kruger-Brent (uma das boas sacadas do livro, pois é o nome dos dois guardas que estavam no campo de diamantes que Jaime e Banda invadiram, e no meio de um nevoeiro, em que eles poderia ter morrido ou sido descobertos, tudo o que eles ouviam era os guardas chamando um pelo outro).
O romance inteiro é contado com essa mesma pressa que eu tentei descrever, nenhum momento é descrito e aprofundado, afinal são cerca de cinco gerações de uma família cheia de acontecimentos em apenas 400 e poucas páginas. O meio do livro, que é a parte mais enfadonha, conta a vida de Kate McGregor, que é uma verdadeira controladora, e faz de tudo para conseguir o que quer, como casa com David Blackwell, um homem muito mais velho que trabalhava desde criança para o pai dela, sério, acho que uns 20 anos a mais sem problemas, apesar de ela ser linda maravilhosa e rica, como todos os outros personagens. Depois conta a vida do filho deles, que foi criado só pela mãe, pois David morreu logo depois, Tony é uma criança excepcional, linda inteligente e talentosa, mas que tem medo da mãe, quer ser artista e não se importa com a empresa da família. Mas a mãe controla tudo então ela programa para ele ir para a França estudar arte, conhecer uma modelo, namorá-la, ter uma exposição e ser extremamente criticado para que ele voltasse para Nova York e trabalhasse na empresa, e depois ela também maquina o seu casamento, fazendo ele crer que ela queria que ele se casasse com uma mulher e não com a outra, de quem Kate queria a empresa. Mas Tony descobre tudo, quando sua mulher está em trabalho de parto e falece. Tony surta, vai até a casa da mãe e dá dois tiros nela e começa a rasgar os seus vestidos! Depois disso ele é internado num manicômio e sofre uma lobotomia pois do contrário ele teria que passar o resto de sua vida em uma camisa de força...
Kate então fica com a guarda das netas, nasceram gêmeas idênticas, sem nenhuma pinta para diferenciá-las. As duas são lindas, maravilhosas e de gênios opostos, enquanto a mais velha Eve é esperta e ambiciosa, a mais nova Alexandra é a meiga e dócil. Desde criança Eve sente um ódio inexplicável pela irmã e tenta sucessivamente matá-la. Quando elas entram na adolescência Eve torna-se promíscua e quando a avó descobre a deserda, e muda seus planos e afetos para a neta mais nova.
Eve torna-se ainda mais vingativa, e ao conhecer um psicopata trama um plano para conseguir ficar com a fortuna vó, fazendo com que sua irmã se apaixone pelo sádico e cativante George Mellis. Mas tudo sai diferente do planejado, pois uma noite em que George quase mata Eve, ela vai para um médico que é Deus, insignificante, nem notas boas ele tinha, mas é o melhor cirurgião plástico do mundo, e a reconstrói exatamente como era antes, e ele se apaixona por ela. Enquanto que George é mandado para um psiquiatra, Peter Templeton, que descobre esse lado louco do jovem maravilhoso e cativante, e assim o plano maligno começa a ser desvendado. Mas antes de tudo acontecer Eve e a avó se reconciliam, e para ela não é mais interessante que George mate a irmã e fique ele com metade da fortuna...

Já cansei de todo esse povo muito bonito elegante rico e maldoso. Não vou contar o fim, para o caso de alguém que leu isso ainda tenha vontade de ler.. vai saber, tem gosto para tudo. Mas já digo, o final não é surpreendente!